Estudo da USP: exercício é mais efetivo que dieta contra osteoporose na menopausa

Por Redação

Alguns minutos diários na esteira podem fazer diferença na qualidade dos ossos de mulheres na menopausa. Fase da vida feminina marcada por diversas modificações orgânicas, a falta dos hormônios reprodutivos chama a atenção também pelas sequelas futuras: a perda de massa óssea que leva à osteoporose.

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Estudos realizados no Laboratório de Bioengenharia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP mostram que dietas balanceadas são importantes, mas a prática de atividade física é essencial para a manutenção óssea após a menopausa.

Em pesquisas recentes sobre a prevenção da osteoporose, os pesquisadores desse laboratório da USP já haviam confirmado a ação do exercício físico na melhora da quantidade de minerais presentes nos ossos e a microarquitetura do osso trabecular (estrutura de aspecto esponjoso encontrada no interior dos ossos e responsável por cerca de 20% do esqueleto humano).

Ana Paula Macedo, responsável pelo atual estudo, conta que avaliou vários parâmetros – massa corporal, densidade mineral e resistência óssea ao impacto – em animais sedentários e aqueles submetidos à prática de corridas em esteiras. Alguns desses animais receberam ainda dietas ricas em gordura. Mas, como resultado final, o exercício físico foi a condição que mais impactou na manutenção da saúde dos ossos.

Apesar das dietas ricas em gorduras diminuírem o conteúdo mineral ósseo, a influência da dieta não foi tão significativa sobre a desmineralização dos ossos, diferentemente do treinamento físico, que melhorou todas as variáveis estudadas por Ana Paula. “Acreditamos que essa diferença esteja relacionada ao tempo de dieta assim como o tempo total de duração do experimento.”

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Mesmo assim, os animais que receberam alimentação rica em gordura apresentaram, ao final do estudo, maior porcentual de gordura global e redução do conteúdo mineral do osso da tíbia quando comparados aos animais treinados nas esteiras.

Esses resultados são experimentais. O trabalho usou ratas ovariectomizadas (ovários retirados cirurgicamente) para simular a falta de hormônios da menopausa. Mas, tomando por base os últimos estudos sobre o tema, a pesquisadora garante que “dietas balanceadas são importantes e a prática de atividade física é essencial para a manutenção óssea após a menopausa”.

Alimentação rica em gordura e prejuízos aos ossos

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A ciência já comprovou que a obesidade, muitas vezes resultante de dietas desequilibradas, está associada ao aumento da incidência de fraturas por baixo impacto na população feminina pós-menopausa. Muitas pesquisas mostram como uma nutrição adequada desempenha papel na acumulação e manutenção da massa óssea, inclusive como ferramenta importante para a prevenção de fraturas em pessoas com osteoporose.

Como forma de prevenção e tratamento desses problemas advindos da menopausa, a medicina oferece ainda terapias de reposição hormonal, mas com muitos prejuízos relatados em efeitos adversos para várias pessoas.

Orientados pelo professor Antonio Carlos Shimano, os pesquisadores do Laboratório de Bioengenharia da FMRP continuam tentando entender melhor os mecanismos envolvidos na interação da nutrição e atividades físicas para prevenção de deficiências ósseas pós-menopausa. Mas Ana Paula adverte sobre os efeitos negativos de dietas ricas em gordura na microarquitetura óssea e a interferência de concentrações de lipídeos acima dos níveis recomendados na remodelação dos ossos.

Mas, se o presente estudo não obteve informação contundente quanto aos efeitos das alimentações ricas em gorduras sobre a osteoporose, o mesmo não ocorreu com as corridas na esteira. Mesmo assim, a pesquisadora afirma que “o treinamento físico melhora a microarquitetura óssea e dieta rica em gordura aumenta a gordura corporal e prejudica a mineralização óssea”.

Os principais achados deste estudo estão publicados na edição de fevereiro do ano passado da revista Scandinavian Journal of Medicine & Science in Sports.

Mais informações: e-mail anapaula@forp.usp.br

Fonte: Agência USP