Uso de tecnologia pode gerar ansiedade

por Mateus Martinez- psicólogo do NPPI

Em algum momento da vida, na contemporaneidade, caracterizada mais do que nunca pelo avanço das tecnologias de comunicações e surgimento de cada vez mais tecnologias e formas de uso da internet, muitos de nós já nos deparamos com situações nas quais nos vimos extremamente ligados, ou melhor, excessivamente conectados a uma rede social, aplicativo, jogo, ou qualquer outra interface tecnológica que requeira a internet ou não. Nesses momentos podemos perceber o tipo de relação estabelecida com a tecnologia no dia a dia, o uso feito de forma extrema, ao passo que passamos a notar os prejuízos em diversas atividades diárias ou por um sentimento de ansiedade recorrente.

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Esse sentimento de ansiedade extremado é caracterizado como um transtorno de ansiedade. Nele, as pessoas vivem angustiadas, tensas, preocupadas e nervosas. Alguns comportamentos ansiosos ligados ao uso da tecnologia são checar constantemente o celular, sentir estresse por lidar com um fluxo intenso de informação, insônia e dificuldade de concentração e foco nas atividades como trabalho, estudo ou tarefas domésticas. Os indivíduos ansiosos passam a realizar as atividades cotidianas pensando constantemente no jogo, na rede social, no whatsapp, nos aplicativos e diversos usos que a tecnologia permite. Então se torna comum a presença constante de angústias, tensões e preocupações com o celular por exemplo. É frequente a presença de insônia, dificuldade em relaxar e de se concentrar nas atividades diárias.

Uso da tecnologia sem consciência

O uso de tecnologia sem consciência e adequado equilíbrio pode desencadear diversos quadros patológicos como depressão, síndrome do pânico, uso compulsivo, bem como os transtornos de ansiedade. Normalmente quando se configura um quadro patológico, no qual há nítidos prejuízos ocupacionais e sociais ao indivíduo, o uso da tecnologia se inicia de forma descontraída e gradativamente, sem que a pessoa perceba, vai adquirindo primazia sobre outras atividades diárias, as quais passam a um segundo plano.

De forma esporádica e menos intensa, os comportamentos e sensações de tensão, ansiedade e preocupação já se faziam presentes na vida das pessoas normalmente, pois desde que o homem é homem estamos expostos a diversos eventos estressores, como as forças da natureza e animais selvagens, até que passamos a intervir na natureza com a finalidade de controlar eventos imprevisíveis e ter uma vida mais estável e confortável. Assim, surgiu a sociedade tecnológica e mais recentemente, como marco desta sociedade, a internet, os smartphones, jogos eletrônicos, redes sociais, aplicativos e mais uma variedade de tecnologias interativas utilizadas por nós.

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A tecnologia se presta a melhorar e facilitar a vida das pessoas, no entanto ela pode ser utilizada de forma patológica e o que definirá os benefícios ou prejuízos proporcionados, será o tipo de uso e como ele é feito pela pessoa. Ou seja, o que é um uso consciente? Possui limites e objetivos claros? O que significa para a pessoa utilizar determinada tecnologia? Qual a finalidade do uso que se faz? Tais questionamentos precisam ser feitos sempre que utilizamos alguma tecnologia, pois passamos a ter mais consciência sobre nossas ações e comportamentos, podendo assim, evitar maiores prejuízos em outras esferas e atividades de nossa vida.

Neste sentido, o sentimento de ansiedade atua como um indicador de que precisamos sinceramente nos perguntar sobre o uso que fazemos da tecnologia e então buscarmos recursos e alternativas (como a ajuda profissional de um psicólogo) para aprendermos a lidar com os sentimentos de ansiedade, o uso patológico da tecnologia e seus desdobramentos na vida cotidiana.