Há limite para a autopromoção no trabalho?

por Revista do RH   

Em um mundo perfeito, existe uma forte correlação entre o desempenho no trabalho e sucesso na carreira. No nosso, porém, não há.

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Muitas pessoas são bem-sucedidas apesar de terem contribuído muito pouco para suas organizações, e muitas outras pessoas que se destacam em seus trabalhos não são valorizadas.

Como o psicólogo Ben Dattner argumentou certa vez, uma das razões para explicar essa injustiça é que o sucesso individual muitas vezes recai sobre a capacidade das pessoas de levar o crédito pelas realizações de outros, ou culpar terceiros por seus próprios erros.

A aparência importa

A verdade é que existe uma realidade psicológica básica por trás disso tudo: no contexto de muitos grupos, e especialmente no trabalho, o nível de competência percebido pelos outros é tão importante quanto o nível de competência que realmente possuímos.

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Há algumas coisas que podemos fazer para moldar as percepções externas que pouco se relacionam com a nossa verdadeia performance. Por exemplo, as pessoas que se gabam muito são geralmente vistas como frias, egoístas e menos simpáticas, enquanto que pessoas que parecem modestas tendem a ser vistas como mais simpáticas, competentes e gratificantes para se trabalhar.

Assim, além de ser bom no trabalho, o que mais você pode fazer – sem ser um manipulador – para moldar a maneira como é percebido e maximizar as chances de sucesso?

É melhor fazer propaganda de suas realizações para evitar ser esquecido quando surgir uma promoção?

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Ou você corre o risco de ser visto com desprezo pelos outros?

Podemos realmente apenas abaixar nossas cabeças e deixar que o nosso trabalho fale por si só?

A resposta, como sempre na psicologia, é pouco clara. Há prós e contras de ambos os extremos, e amplas razões para apontar para o centro. Como diz o ditado, tudo é melhor com moderação. O que parece claro é que, enquanto a quantidade certa de autopromoção no trabalho pode ser útil, essa é mais uma arte do que uma ciência.

Excesso de confiança é geralmente visto como competência

Muitas pessoas não têm conhecimento sobre suas próprias habilidades, e quando acham que são melhores do que realmente são, outros podem ser rápidos para interpretar o seu excesso de confiança como competência. É por isso que algumas pessoas desfrutam de uma vantagem prática a curto prazo quando se gabam de suas habilidades e realizações, mesmo sem base alguma.

Em alguns casos, a autopromoção pode ajudar a persuadir os outros, mostrando que você é competente ou talentoso, mesmo quando você não é. Mas as vantagens a longo prazo – para sua equipe, organização, e até mesmo, em última análise, para você mesmo – são menos evidentes. Quando as pessoas sem talento são recompensadas com base em percepções exageradas, a incompatibilidade entre a sua confiança e sua competência geralmente se tornam aparentes, e o grupo sofre.

Modéstia pode ser vista como fraqueza

Como o filósofo Arthur Schopenhauer disse certa vez: “Para as pessoas com capacidade apenas modesta, a modéstia é mera honestidade, mas para aqueles que possuem grande talento, é hipocrisia”.

Muitos de nós gostamos de pensar na modéstia e humildade como atributos positivos, mas as empresas tendem a punir as pessoas que exibem esses traços. Em grande parte do tempo, ser modesto só leva ao sucesso quando os outros já o veem como competente. Mas se as pessoas não podem avaliar a sua competência de maneira precisa, em primeiro lugar, elas simplesmente vão achar que sua humildade é um sinal de insegurança e assumir que você é tão pouco talentoso quanto aparenta ser.

Isso ajuda a explicar por que a falsa modéstia é muitas vezes tão eficaz em pessoas obviamente talentosas. Quando a sua competência está fora de questão, isso significa que você é melhor do que permite admitir. Quando duas pessoas são vistas como igualmente competentes, a mais modesta delas geralmente é mais agradável.

Então onde isso nos coloca?

A autopromoção pode fazer os outros conhecerem seus pontos fortes, mas pode também enganar de maneira tão eficaz as pessoas e levá-las a acreditar que você é melhor do que realmente é. Geralmente é melhor encontrar um equilíbrio entre revelar suas fraquezas internas e se vangloriar de seus talentos. Independentemente do quão bom você pensa que é, ou quão bom você realmente é, tente sempre promover seus talentos de uma maneira sutil. Em vez de declarar à queima-roupa sobre o que você faz de bom, fale sobre os seus interesses e suas paixões. Não exalte suas próprias realizações, mas mencione discretamente no contexto de uma conversa, como se você estivesse buscando feedback dos outros.

Fonte: Revista do RH/Hogan Brasil: www.revistadorh.com.br