Ainda há mulheres que sentem-se culpadas por apanhar do marido. Por que esse absurdo acontece?

Por Anette Lewin  

Depoimento de uma leitora:  

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“Meu marido quando fica bravo por algum motivo me bate e me humilha. Sei também que não sou fácil e por muitas vezes sou culpada pelas brigas, penso em me separar, porém tenho um bebê de um ano e estou desempregada. Hoje ele me disse que sou um lixo de mulher, porque me esqueci de lavar a camiseta do serviço dele. Não sei o que fazer e não  tenho para onde ir com minha filha…”

Resposta: É importante que você reveja seus conceitos sobre o que é aceitável e o que é inadmissível num relacionamento amoroso.

Pelo seu relato, parece que você se acostumou a ser humilhada e apanhar, e acabou colocando essas atitudes dentro do que é aceitável. Segundo sua própria argumentação, você aceita as atitudes de seu marido “porque você não é fácil e muitas vezes é culpada pelas brigas”.

Sim, é importante reconhecer que brigas e discussões são de responsabilidade de ambos os envolvidos numa relação amorosa; que discutir e argumentar faz parte de qualquer negociação. Mas apanhar e achar “normal” pressupõe, no mínimo, uma autoestima severamente rebaixada. E aceitar ser tratada como uma quase escrava, que merece chibatadas por não lavar direito uma camiseta, é realmente algo que pode e deve mudar.

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Mudar como, você pergunta?

Bem, a primeira coisa que deve ser feita é perguntar-se se você tem certeza que chegou a hora de sair dessa situação. Sim, porque de nada adianta ameaçar sair e voltar correndo na primeira dificuldade que encontrar pela frente.

Você sabe que terá de enfrentar uma série de obstáculos até estabilizar-se num novo tipo de vida. Por esse motivo, ter certeza que não quer mais essa situação é fundamental; acreditar na sua capacidade de batalhar por algo melhor é tão importante quanto; e planejar sua saída de forma racional e organizada é desejável.
Reflita também sobre como a situação chegou a esse ponto. Certamente ela não era assim no começo. Afinal, você não teria se casado com alguém que a tratasse dessa forma, não é?

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Tente entender, já que você percebe que de vez em quando provoca as brigas, por que faz isso; aonde quer chegar com essa provocação.

Avalie também o que você faz pelo casamento, qual a sua contribuição efetiva na relação amorosa. Mesmo se você decidir que não quer mais ficar com seu marido, é importante que tente entender e avaliar quais os erros que ocorreram nesse casamento para que não se repitam num próximo. Principalmente o erro da escolha amorosa, que, no caso, parece ser um dos maiores.

Entenda que dificilmente seu marido mudará. Assim, a única que pode mudar é você. Ficando na relação ou saindo dela. E mudar significa valorizar-se mais através de atitudes mais nobres do que queixar-se ou provocar brigas.

Atitudes construtivas

Tente arranjar um emprego: neste momento da sua vida isso é essencial;

– Assuma a batalha por uma autossuficiência financeira; estude, se puder;

– Invista em você para que possa conquistar a liberdade de escolher a vida que quiser de cabeça erguida.

Certamente esforçar-se por uma vida melhor, mais programada, mais independente e mais consciente não é tarefa fácil,  mas poderá dar a você uma sensação de ser quem você é e viver do jeito que escolher. Com consciência e responsabilidade pelas suas escolhas, é claro.

Talvez você tenha casado sem pensar ou entender o que é um casamento. Até aí, ninguém é obrigado a acertar de primeira. Evite, porém, sair do casamento sem estar mais preparada ou certa do que quer fazer. Mesmo que leve algum tempo, é melhor do que viver sua vida entrando, por desespero, em situações que certamente a levarão de volta ao aprisionamento em que se encontra neste momento.

Em geral, é preciso aprender a enfrentar o inferno para chegar ao paraíso. Nossos erros são nossos melhores professores.

Atenção!
Este texto não substitui uma consulta ou acompanhamento de um psicólogo e não se caracteriza como sendo um atendimento.