O que é preciso para chegar na velhice com uma cabeça ótima?

Por Elisandra Villela Gasparetto Sé

A qualidade de vida na velhice inclui as dimensões do bem-estar físico, funcional, psicológico e bem-estar emocional.

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Foi na década de 40 que o assunto qualidade de vida no processo de envelhecimento ganhou interesse por parte dos cientistas.

Nos anos 60, a atenção voltou-se para as pesquisas dos efeitos da participação em atividades sobre o bem-estar dos idosos e sobre o conceito de bem-estar psicológico e sua correlação com uma série de fenômenos na velhice. De acordo com as pesquisas na área, a satisfação, o senso de controle, a autoeficácia, os mecanismos de autorregulação do self e a resiliência.

A velhice não deve ser associada a doenças, mas quando agregada a uma qualidade de vida desfavorável, a pessoa pode ficar predisposta a um conjunto de fatores que colocam o idoso em risco, seja na saúde física ou psicológica.

As doenças psiquiátricas também fazem parte do espectro de enfermidades que são discutidas no campo da Gerontologia, tais como as demências, os sintomas comportamentais, depressão e ansiedade. São doenças que aumentam o risco de desenvolvimento de outras doenças clínicas gerais e até mesmo mortalidade.

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Mesmo em condições de vida favoráveis, o idoso pode estar exposto a eventos estressantes derivados das perdas ao longo da vida, aos sentimentos de frustração, solidão, eventos nos domínios da saúde, da funcionalidade física, do funcionamento intelectual, das mudanças de papéis desempenhados ao longo da vida e das relações sociais.

Pesquisas indicam que na velhice, quanto mais as perdas forem avaliadas como adversas e de difícil controle e superação, mais difícil será a adaptação, podendo surgir os sintomas depressivos, a infelicidade e o isolamento.

Além disso, na velhice, os idosos estão também expostos a demandas intrapsíquicas específicas dessa fase da vida, tais como medo da morte, preocupação pelo bem-estar dos filhos e parentes próximos, preocupação em relação à dependência, solidão, mágoas e tristeza perante os anseios da vida. A depressão também pode conduzir ao comprometimento das funções cognitivas.

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Portanto, o cuidado com a saúde mental é fundamental para o alcance de uma longevidade saudável e feliz. Saber lidar com os eventos estressantes, com as perdas, com as mudanças inesperadas ao longo da vida, requer também mecanismos adaptativos.

As metas de vida e o senso de propósito desempenham um papel motivacional e orientador sobre o desenvolvimento; e estão relacionadas com a perspectiva de futuro e ajudam os idosos a se manterem ativos e engajados, com valores e expectativas pessoais e sociais.

O senso de autoeficácia é de especial importância para o bem-estar do idoso, porque atua como um fator compensatório em relação às perdas. Esse senso ajuda o idoso a se moldar em novas condições e contextos; o ajuda a criar novas crenças sobre suas capacidades, a se sentir útil e aprender a ter expectativas de acordo com suas crenças. Assim, incentivar o desenvolvimento de crença de autoeficácia é de especial importância para a manutenção da saúde psicológica.

E as estratégias de enfrentamento adotadas pelos idosos para lidar com as pressões, o estresse, atuam diretamente nos problemas que surgem, atuam sobre o ambiente, visando uma solução e uma forma de agir adaptativamente aos eventos.

Outra estratégia de enfrentamento é o foco na emoção ou na cognição para mudar ou controlar um desgaste emocional. O enfrentamento aos eventos estressantes baseado na religiosidade ajuda o idoso a restabelecer o senso de significado de vida.

Outra forma que contribui para a manutenção da saúde emocional é a capacidade de o indivíduo selecionar os domínios em que tem boa funcionalidade, otimizando os ganhos e compensando as perdas. Este processo de seleção do que é significativo ajuda o idoso a se ajustar às expectativas conduzindo a uma melhor satisfação na vida.

Relações positivas e autoaceitação

Ter relações positivas com os outros também ajuda na saúde emocional e no bem-estar na velhice, manter relacionamentos duradouros e felizes, interações satisfatórias. E ter atitudes positivas sobre si mesmo e sobre a própria vida presente e passada, este é o conceito de autoaceitação.

Existem muitos outros fatores estudados pelo campo da psicologia do envelhecimento que contribuem para o envelhecimento pleno e saudável.

Os profissionais de saúde também se beneficiam dessas pesquisas e do conhecimento sobre esses fatores que ajudam a manter os idosos com bom nível de bem-estar e satisfação na vida.

É essencial conhecer melhor os contextos e realidades que os idosos se encontram e envelhecem, como desenvolvem a capacidade de resiliência e sabedoria, obtendo mais senso crítico e sensibilidade e, ao mesmo tempo, olhar o processo de envelhecimento e velhice sem estereótipos e estigmas.

Cuidar da saúde mental é cuidar da vida.