Vamos falar de assédio moral?

Por Lilian Graziano

Na edição 10 da revista Make it Positive, do Instituto de Psicologia Positiva e Comportamento,  ainda “no prelo”, o assédio moral é pauta com destaque, entre diversos outros temas interessantes.

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Trata-se de um assunto de extrema relevância, conforme pôde apurar a jornalista Juliana Tavares a respeito: um problema que atinge diretamente corporações de diversos países, configurando-se em uma das principais causas de estresse no ambiente de trabalho segundo a Organização Mundial de Saúde.

Já no Brasil, um levantamento realizado pelo site vagas.com, que envolveu quase 5 mil profissionais de todas as regiões do País, em 2015, mostrou que 52% destes disseram ter sido vítimas de assédio sexual ou moral, praticados, em maioria (84%), por chefes diretos ou outros colaboradores com cargo mais alto dentro da hierarquia das empresas.

O fato é que o problema contribui para a criação de diversos desafios a serem vencidos pelas companhias: rotatividade de profissionais, absenteísmo, formação de liderança e retenção de talentos. Para os indivíduos, sérias consequências, como depressão e burnout (síndrome do esgotamento profissional), impedem uma melhor qualidade de vida e podem gerar desemprego.

Encontrando espaço nas pesquisas brasileiras sobre o tema, vide a apuração da jornalista (confira a matéria na íntegra a partir de março), a Psicologia Positiva (PP) teria muito a colaborar nesse contexto, auxiliando pessoas e organizações a desenvolver estratégias positivas de enfrentamento do problema, cujas causas são multifacetadas e complexas, combinando características pessoais das vítimas e dos assediadores a uma cultura organizacional orientada à rivalidade e à competição, entre outros arranjos possíveis e que culminam no assédio moral.

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Assim como na vida pessoal o suporte social é capaz de contribuir para um maior bem-estar e qualidade de vida, segundo estudos no âmbito da Psicologia Positiva, a regra se aplica ao ambiente corporativo: melhores relações = menos assédio. Isso implica um ambiente mais colaborativo (e a reunião de profissionais  com tal perfil em todos os níveis hierárquicos).

O reconhecimento de potencialidades dos indivíduos por meio de um trabalho específico em PP também ajuda a combater o problema. O líder que reconhece suas forças pessoais e as do colega ou subordinado é capaz de estabelecer uma maior cooperatividade, buscando na equipe a mescla ideal de características positivas capaz de gerar um bom clima e maior assertividade e produtividade. Isso em lugar das cobranças baseadas em gaps e da exposição contundente das fraquezas dos colaboradores,

Não obstante a tais possibilidades, é preciso observar que uma instituição mais positiva, de valores alinhados com os dos colaboradores, tem melhores resultados que aquelas tradicionais, de ambiente competitivo e lideranças conservadoras.Também produz, obviamente, menos sofrimento nos profissionais.

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Como é a sua empresa, caro leitor, cara leitora? Com base no que leu, como irá proceder em meio aos colegas e às lideranças? Na escolha de um bom lugar para se trabalhar? Irá contribuir para a construção de uma organização mais positiva? Conhecendo ou não as possibilidades de enfrentamento baseadas na PP, o assédio deve ser comunicado ao setor de recursos humanos, bem como talvez seja necessário consultar advogados a respeito. Isso para que, a partir daí, mostrando-se menor tolerância e intimidação e total consciência do problema, seja possível construir uma corporação mais amigável segundo os preceitos aqui expostos.