Sofro de distimia e quero largar a cocaína. O que faço?

Por Danilo Baltieri   

Depoimento de uma leitora:

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"Parabéns pela iniciativa desta coluna que responde aos e-mails dos leitores; é difícil encontrar apoio. Tenho distimia desde os 17 anos. Fumei maconha dos 16 aos 25. Com 30 comecei a usar cocaína esporadicamente. Há 3 anos uso regularmente, 3 vezes na semana até à exaustão. Apago e passo 3 dias sem conseguir me levantar. Quero socorro. Tenho filhos e não posso me internar. Não sei por onde começar. Meu psiquiatra não é de confiança pois atende toda a família. Estou cada dia pior. Perdi cabelos, era uma mulher bela, minha pele está manchada. Estou com baixa autoestima que não me deixa sair de casa. Tenho duas formações, pós, mestrado e afastada por "depressão". Ninguém sabe ou imagina. Penso em suicídio. Preciso de uma luz no fim do túnel."

Resposta: O consumo de cocaína tem sido bastante amplo, ultrapassando quaisquer barreiras socioeconômicas e culturais. Estima-se que 1 em cada seis adultos nos Estados Unidos da América já tenha feito uso dessa substância e que cerca de 3% da população adulta demonstre quadro de síndrome de dependência.

O abuso e síndrome de dependência de cocaína estão associados a vários prejuízos individuais, sociais, laborais, educacionais e à saúde dos usuários. É muito importante notar que indivíduos que padecem de quadros de abuso e síndrome de dependência de cocaína frequentemente sofrem de outros tipos de transtornos psiquiátricos, tais como: transtorno depressivo, transtornos ansiosos, transtornos de personalidade, dentre vários outros.

A presença de comorbidades entre dependentes dessa substância, como, por exemplo, dos transtornos de personalidade e depressivos, contribui significativamente para uma mais pobre resposta ao tratamento, especialmente se tais condições coexistentes não são adequadamente manejadas pela equipe de saúde especializada.

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Infelizmente, até o momento, como tenho já enfatizado em respostas prévias, não existem medicações aprovadas para o tratamento da síndrome de dependência de cocaína; entretanto, existem várias formas de tratamento que variam de acordo com a gravidade do problema.

Outrossim, é importante reiterar que o tratamento das síndromes de dependência de substâncias é uma via de mão dupla, ou seja, não basta a existência de uma equipe especializada e disponível para auxiliar. É fundamental que o paciente colabore ativamente para a plena recuperação.

Converse com seu médico. Conte a ele sobre o seu desconforto. Seguramente, ele entenderá e responderá a contento.

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Atenção!

Este texto não substitui uma consulta ou acompanhamento de um médico psiquiatra e não se caracteriza como sendo um atendimento.