O amor é uma pergunta sem resposta?

Por Anette Lewin

Muito se fala sobre o amor, mas pouco se sabe sobre ele.

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O amor é um sentimento? Provavelmente sim, mas certamente um sentimento menos definível do que a raiva; o amor é eterno? Não, mas provavelmente não tão efêmero quanto a paixão; o amor é um sentimento que pode ser experimentado  por todas as pessoas? Não, mas não tão raro quanto o sentimento patológico de paranoia.

Então, afinal, o que é o amor?

Uma palavra coringa que engloba todos os bons sentimentos em relação a alguém com quem se convive? Provavelmente. Mas uma palavra coringa acaba causando uma enorme confusão na cabeça das pessoas.  Muitos dos que amam acham que não amam porque alguém comentou que amar era algo “bem diferente”… e muitos dos que procuram o amor não conseguem encontrá-lo pelo simples motivo que não sabem o que ele é. E assim caminha a humanidade na busca eterna de um sentimento tão abrangente que pode ser… quase qualquer coisa boa entre as pessoas.

Bem, pelo menos temos um ponto de partida. O amor é identificado com um sentimento bom.
Bons sentimentos, porém, são insuficientes para definir o amor. Afinal, ninguém diz “eu te amo “só por que a pessoa lhe é simpática; ninguém diz “eu te amo” a uma pessoa que acabou de conhecer. O amor então, pressupõe um sentimento que nasce do convívio entre pessoas. Não de um convívio breve, mas de um convívio que lhe dê a oportunidade de sobreviver a todas as “provas” que lhe forem imputadas. Em outras palavras, o amor tem um tempo de gestação onde suas características devem amadurecer.  

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Que características são essas? Bem, aí já entramos numa floresta com maiores possibilidades. Existe o amor entre pais e filhos, entre irmãos, entre namorados, entre parceiros.

Vamos refletir sobre o amor entre casais, por exemplo.

Nessa reflexão a questão mais óbvia sempre tende a ser: qual a diferença entre amor e paixão? Já discutimos isso tantas vezes… mas vamos a mais uma. A paixão é um sentimento provocado pelo que “achamos” que o outro é. É um sentimento avassalador que inebria e estimula atitudes extremas, muitas vezes até arriscadas pela pessoa desejada; um sentimento baseado em projeções que começa a desaquecer na medida em que o outro se revela como realmente é. O amor, por sua vez, é um sentimento baseado no que a pessoa realmente é; um sentimento que vai sendo construído aos poucos, no convívio, na busca por objetivos em comum, nas alegrias e tristezas compartilhadas. É a sensação de admiração, respeito e carinho por quem se torna parte da nossa vida e nos entende sem que precisemos abrir a boca; a sensação de uma simbiose tão profunda que nos faz sentir eternamente amparados por um complemento que nos tira a sensação de solidão.

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Cada pessoa, porém, sente de uma forma diferente. Uns se deixam levar pelos sentimentos e se entregam totalmente a eles; outros são mais racionais e transitam pelo que sentem com reserva, sempre tentando substituir o que sentem pelo que pensam. Assim, o amor pode ter inúmeras formas de expressão dependendo do casal envolvido.

E assim vai… quanto mais se tenta definir o amor, mais abrangente essa definição se torna; saímos de algumas possibilidades, e quando olhamos, parece que cada uma dessas possibilidades gerou filhotes. Talvez isso seja o amor: uma busca incessante que nos ajuda a caminhar para algum lugar e nos dá a sensação que não estamos sozinhos nessa caminhada.

Será?