É possível deixar de amar o primeiro amor para amar ainda mais o segundo?

Por Anette Lewin

Resposta: Sua simples pergunta pode levantar a uma série de reflexões bem interessantes sobre o amor. Será que se aprende a amar através da experiência? Será que só existe um verdadeiro amor? Ou cada amor tem um formato diferente?

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Já falamos aqui sobre a dificuldade de definir essa palavra tão misteriosa que é o amor. Vamos continuar essa discussão através da sua pergunta.

É possível deixar de amar o primeiro amor para amar ainda mais o segundo amor?” Sim, é possível. O primeiro amor, assim como qualquer primeira experiência, caracteriza-se pela mistura de uma série de emoções que acontecem simultaneamente: curiosidade, ansiedade, frio na barriga, medo, altas expectativas e por aí vai. Primeiras experiências amorosas são assim muito intensas. E elas passam a sensação de que são únicas e que nunca mais viveremos algo tão forte e mobilizador.

Na verdade, a primeira experiência amorosa está mais ligada às características da paixão do que às do amor propriamente dito. Caso durem mais que um ou dois anos, entram na fase do amor, que é uma sensação mais calma, menos intensa, menos visceral.

Nesse caso, se essa primeira relação terminar e outra começar, essa outra pode dar a impressão de ser mais forte do que a primeira, pois em quase todo novo relacionamento os envolvidos estão apaixonados. Assim, voltando à sua pergunta, em cada novo relacionamento é possível que se tenha a sensação que se ama mais a pessoa atual do que a pessoa anterior. Porque estaremos comparando uma fase mais tranquila da relação que se foi com uma fase mais visceral da relação que começa.

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Independentemente das sensações provocadas pelos relacionamentos, é possível aprender a amar de forma que a relação em si, e não apenas as sensações que ela provoca, se intensifiquem e melhorem através do aprendizado. Certamente quem conseguir entender os acertos e erros de relações amorosas passadas poderá escolher seu par com mais critério e cuidar da relação com mais consciência levando-a a um patamar de qualidade mais elevado.

Por outro lado, quem não conseguir pular do sonho da relação ideal para o chão das relações vividas precisará sempre de um novo início para tentar chegar perto do que espera. E correrá o risco de desenvolver um comportamento compulsivo, ficar “viciado” na busca pelo par perfeito. Ou deprimir-se em virtude daquilo que passa a ser considerado, na sua cabeça, um sequência de fracassos sem fim. Ou por não encontrar a plenitude amorosa na troca constante de par.

Em resumo, aprender a amar de forma mais saudável vai depender do que se faz com o conhecimento que se adquire. Experiências, por si só, não resultam em qualidade. É preciso “digerir” essas experiências: separar o que foi bom do que foi ruim, avaliar o quanto se soube cuidar das necessidades de ambos os envolvidos, entender o que fez a relação perder seus objetivos, enfim, trazer à consciência quais os pontos que intensificam e quais os que enfraquecem um vínculo amoroso.

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É preciso entender que as “sensações do amor” são diferentes em cada fase da relação e não comparar início, meio e fim; e é preciso tomar consciência que o amor não nasce pronto. Ele vai sendo modificado para melhor ou para pior dependendo do cuidado, da sensibilidade e da generosidade que se disponibilize para preservar seu viço.

É preciso estar atenta e disponível para que os bons momentos de uma relação amorosa superem os maus momentos. Porque, certamente, nenhuma relação é feita só de momentos agradáveis. Como diz a rosa do famoso “Pequeno Príncipe”, “é preciso suportar duas ou três larvas se quisermos conhecer as borboletas”.

Atenção!
Este texto não substitui uma consulta ou acompanhamento de um psicólogo e não se caracteriza como sendo um atendimento.