Ataques de pânico: você sabe como são?

Por Regina Wielenska

Vi no programa do Sérgio Groisman o corajoso atleta olímpico Diego Hypólito relatar de que modo se processou o transtorno de pânico no caso dele, relacionado à ocorrência de um trauma pelos graves abusos vividos na infância e adolescência durante treinos. Um dos ataques ocorreu num brinquedo num parque em Orlando. Sua vida gradualmente ficou limitada e o sofrimento cresceu. Buscou ajuda profissional. Felizmente está se recuperando. Ter exposto sua história fez parte do processo terapêutico.

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Como é um ataque de pânico? Tem início abrupto, em até uns cinco minutos o corpo entra num estado de ansiedade intensa. Não há correlação causal clara entre o início do ataque e o local ou atividade desempenhada pela pessoa naquela hora.

Entre sintomas frequentes podemos citar taquicardia (coração acelerado), sensação de falta de ar e de nó na garganta (na verdade, a oxigenação está normal), alternância entre suor frio e quente, tontura, parestesia (formigamento) de extremidade e por vezes perioral (ao redor dos lábios) ou de hemiface (metade do rosto), sensação de instabilidade em contato com o solo, forte medo de morrer ou de enlouquecer, vontade de chorar, desespero para buscar ajuda médica (exames médicos não identificam qualquer risco de enfarte, acidente vascular cerebral ou outra condição clínica, além do pânico em si). Alguns indivíduos sentem urgência para urinar, evacuar ou náusea, entre outros sintomas, é frequente sentir vontade de sair do local e de buscar abrigo , seja o hospital, ou o próprio lar, com a presença de alguém protetor em quem a pessoa em pânico confie.

O ataque em si dura até meia hora, geralmente menos, embora pareça eterno, e a pessoa se sente detonada, num desgaste intenso, sem saber bem o que se passa. Se os ataques se repetem, a pessoa passa a temer os contextos nos quais os ataques tiveram início. Passa a evitar locais cheios, filas, o trabalho, a escola, locais dos quais seja difícil sair, como teatros, cinemas, shows, transportes coletivos, túneis, elevadores, estradas, aviões etc. Esta é a condição comportamental que denominamos agorafobia.

Trata-se de um medo intenso de passar mal em locais onde julgue que possa não ter como receber atendimento ou ajuda. Teme-se o julgamento dos outros, passar vergonha, ser considerado fraco ou desequilibrado.

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Com o estreitamento dos horizontes surgem as limitações laborais, acadêmicas, sociais e não raro pode-se reconhecer sintomas depressivos, que serão tratados junto com os sintomas agudos de ansiedade.

Falarei sobre outros aspectos do transtorno do pânico em colunas futuras. Promessa feita!