Arrumar um namorado: escolher ou ser escolhida?

Por Anette Lewin

Depoimento de uma leitora:  

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“Olá, boa noite! Geralmente quando a pessoa começa a gostar de mim eu crio certa expectativa, mas depois de um tempo começo a enjoar dela. Exemplo: João gosta de mim e eu começo a criar expectativas e a pensar nele, mas depois eu vejo Thiago que é mais bonito, legal e todos gostam; depois eu começo a enjoar do João e penso no Thiago. Não consigo focar naquele sabe? Pode parecer que eu esteja procurando apenas "aparência", mas não é isso – na verdade é também, mas tento procurar alguém que eu goste de verdade ou sei lá. O que eu posso fazer pra mudar isso em mim? Ficarei muito grata se puder me ajudar. Obrigada!”

Resposta: Você parece realmente interessada em entrar em contato com suas necessidades, seus desejos e suas emoções; questiona-se de forma aberta esforçando-se para descobrir-se e se entender melhor. Muito bem! É assim que se faz. O autoconhecimento não é tarefa fácil e exige coragem para ver o que nem sempre se quer ver, e persistência para que não se desista frente às primeiras dificuldades.

Vamos então tentar embarcar nessa sua viagem de autoconhecimento refletindo sobre o ponto que gera dúvidas: sua inconstância no interesse amoroso.

Você diz que “enjoa do João que está interessado em você porque o Thiago é mais bonito, legal, e todas gostam dele”. Bem, o que pode estar acontecendo é uma dúvida entre optar por ficar com quem está interessado em você ou batalhar por alguém que é popular e já foi “validado”  pelas suas amigas. Explicando melhor: você pode escolher um par amoroso ou ser escolhida por ele. Nas duas situações os riscos e as vantagens são muito diferentes. Quando você já foi escolhida tem mais garantias de não ser rejeitada. Por outro lado, escolher e lutar pela escolha mobiliza mais, e se você consegue o seu intento, a sensação de vitória é mais intensa. Por outro lado, do que vale a vitória pela vitória? E se você consegue conquistar o Thiago e descobre que o Thiago não dá muita atenção a você porque um monte de meninas fica em volta dele o tempo todo? Sim, você já explicou. Nesse caso volta a se “interessar” pelo João. Mas e se o João fica te olhando o tempo todo com aquela cara de apaixonado que te irrita? Não fala muito, não mobiliza todo mundo, não te faz sentir desafiada a dar o seu melhor para tentar conquistá-lo? Aí você volta a pensar no Thiago…

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Bem, escolha amorosa é assim mesmo. O ser perfeito não existe. Então, num primeiro momento, você tem que decidir, dentre as opções que tem, o que é mais importante para você: o conforto de se sentir amada ou a mobilização para conquistar alguém que parece interessante. Isso, claro, no momento em que se sentir preparada para encarar um relacionamento sério, formar família etc.

Antes disso, porém, valem as experiências de conhecer e conviver com João, Thiago, José, Marcelo etc para tentar entender o que cada um pode te oferecer. Observe que tipo de atenção os “Thiagos” dão às mulheres que escolhem para se relacionar. Depois da conquista, é claro. Você ficaria satisfeita com esse tipo de atenção? Não se incomodaria de o Thiago ser gentil com todas as suas amigas? E o João? Como ele trata quem ele conquista? Bem, talvez o João quando conhece alguma menina que o atrai, desaparece com ela, vai viver a vida a dois com sua amada e some do grupo. Será que você gostaria de ter um namorado que prefira ficar com você, e só com você, em programas românticos?

Sim, todas essas reflexões são importantes para que você possa fazer uma escolha sensata.

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Outro ponto importante na reflexão sobre sua inconstância amorosa é o medo, comum a quase todos, de se entregar a alguém e se decepcionar. Enquanto você fica flanando entre Thiago e João está livre para mudar de opinião quantas vezes quiser;  para olhar para quem quiser, para sonhar com quem quiser. Na sua cabeça, na hora em que fizer essa escolha, acaba perdendo sua liberdade, sua autonomia. E ainda correndo o risco de ter feito a escolha errada. Mas será que o relacionamento implica realmente na perda de algum grau de liberdade? Depende. Tudo depende do “contrato” amoroso que for feito entre os envolvidos. Na verdade, a escolha amorosa é só o início de um processo. O que vai determinar, em grande parte, a qualidade do relacionamento é o que vem depois. Assim, depois das primeiras reflexões sugeridas acima, escolha quem lhe parecer intuitivamente mais adequado e dedique-se a investir no relacionamento respeitando os preceitos básicos de qualquer vínculo: respeito ao outro, paciência, dedicação, reavaliações constantes do que está satisfatório e do que não está e, sobretudo, diálogo. Mas atenção: não aquelas DRs que ninguém suporta! Diálogos objetivos falando e ouvindo o que o outro tem a dizer.

E continue olhando para você e tentando se entender melhor. Sempre. Certamente, quem se conhece melhor acaba fazendo escolhas mais sensatas e aprende a dedicar ao outro a mesma atenção que dedica a si mesmo. Simples assim. Mas não tão fácil. A vida a dois requer saber quando está na hora de pedir e quando está na hora de ceder. É isso nenhum manual ensina.

Atenção!
Este texto não substitui uma consulta ou acompanhamento de um psicólogo e não se caracteriza como sendo um atendimento.