Sucesso pessoal ou profissional?

Por Thaís Petroff

A maior parte de nós foi criada por nossos pais, familiares, professores etc, prestando muito mais atenção ao que não fazemos bem, no que precisamos melhorar em vez daquilo que já temos facilidade; com o foco em nossos pontos fracos e não em nossos pontos fortes. Isso além de minar a autoestima e construir uma eterna sensação de insatisfação, também muitas vezes leva à ansiedade frequente.

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A maior parte de nós teve a melhor educação que nossos pais ou quem nos criou poderia nos dar. A melhor, obviamente do ponto de vista deles e com as informações que eles tinham. Nós aprendemos com nossos antecessores, assim como eles com que os antecederam, que precisamos nos aprimorar dia a dia. Sim, isso é uma bela verdade, mas o erro é onde é colocado o foco.

Vivemos em uma sociedade que reforça a competitividade entre as pessoas, em que os critérios para você ter sucesso, tanto na sua vida pessoal quanto profissional, só crescem e se tornam cada vez mais específicos. Todos os dias vemos inúmeras pessoas demonstrando suas vidas maravilhosas nas redes sociais etc. Você então olha para os lados e percebe que é cada vez mais difícil ser feliz com todo esse cenário. E com isso, sua autoaceitação só tende a cair e sintomas como depressão e ansiedade só tendem a crescer.

O problema: foco na metade do copo vazio em vez da metade do copo cheio

Não fomos estimulados, ou pouco o fomos, a percebermos o que naturalmente fazemos de bom. O que gostamos e o que temos facilidade. Somos estimulados a deixarmos o que é bom em nós de lado (já que o fazemos bem) e buscar minimizar nossos déficits e dificuldades. Gastamos muito tempo e energia melhorando as competências e habilidades que não nos são tão fluidas. Agora eu te pergunto, qual você acha que seria o resultado se desde criança você fosse estimulado(a) a olhar mais para aquilo que você já faz bem? Aquilo que te dá prazer em fazer e que você tem mais facilidade? Seja falar em público, cantar, cozinhar, ver a beleza das coisas, expor suas ideias com clareza, fazer novos amigos, contar histórias, animar alguém que está triste etc? Como você acha que se sentiria se em seu atual trabalho, você pudesse focar nas suas características que te são mais fáceis de exprimir?

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Percebe o quanto essa cobrança externa e interna por estar sempre tendo que melhorar ou aprimorar aquelas características nas quais você não se sai tão bem te faz sentir-se mal consigo mesmo ou em dívida quase o tempo todo? O quanto te faz pensar que ainda não é bom ou boa o suficiente e está sempre perseguindo algo que nunca chega? (assim como seu estivesse sempre correndo atrás da linha do horizonte). O quanto esse modo de pensar mantém a insatisfação e faz com que a ansiedade se mantenha presente, uma vez que parece que sempre temos algum ponto fraco que precisa ser melhorado?

Como sair desse circulo vicioso e viver com mais tranquilidade, mas sem que isso signifique se acomodar ou abrir mão do seu desenvolvimento pessoal e/ou do seu sucesso profissional?

Solução: foco na metade do copo cheio em vez da metade do copo vazio

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Todos nós temos talentos, ou seja, aptidões ou qualidades em determinadas áreas ou funções que fazemos bem e com facilidade. Elas são inatas a nós e assim já as temos desde muito novos. Se em vez de colocarmos nosso foco e energia em melhorar aquilo que não temos tanta facilidade e fluidez e o fizermos nestas características nas quais já dominamos espontaneamente mais, o resultado é o melhor possível.

Pegue alguém que não é bom e não domina uma determinada habilidade. Treine essa pessoa repetidamente nesse comportamento. Ela ficará boa nisso, pois a prática, sim, leva à perfeição. Mas, pegue agora uma pessoa que já tem esse talento, esse dom e a faça praticá-lo. O que você imagina como resultado? Sim! Alguém realmente excelente naquilo e, mais do que tudo; feliz, satisfeito e realizado, pois essa habilidade já faz parte de sua personalidade e essa pessoa só a está reforçando e dando vazão a algo que ela já é. Onde fica a insatisfação? Onde fica a baixa autoestima? Onde fica a ansiedade ou a depressão? Elas não tem espaço, pois essa pessoa está em seu pleno desenvolvimento e fazendo o melhor que ela pode fazer com o que já tem.

E quanto às características que a pessoa não domina?

Você já ouviu falar sobre a capacidade de plasticidade do cérebro? Cada parte do cérebro é responsável por algo que fazemos; desde respirar e piscar os olhos, até nossa memória, fala, andar ou equilíbrio. Quando uma parte do cérebro é removida pela retirada de um tumor ou algum acidente, a pessoa fica sem a função pela qual aquela área do cérebro era incumbida. Mas, o que muitas vezes acontece é, sendo a pessoa continuamente estimulada a retomar aquela atividade que foi perdida, pouco a pouco ela consegue fazê-lo. Outras áreas do cérebro que não eram responsáveis por essa função, vão tomando conta dela e preenchem esse vazio.

Com as nossas características pode acontecer algo semelhante. Se você foca em praticar e desenvolver ainda mais os seus talentos, estes podem encobrir "gaps" (pontos fracos) que você tenha, te permitindo alcançar ótimos resultados por caminhos que você mesmo vai criar. Não quer dizer que necessariamente você não terá mais esses déficits, mas se destacará tanto, tornando seus talentos pontos fortes mantendo esses em evidência e os outros pouco serão vistos ou terão importância. Afinal, ninguém precisa (ou consegue) ser bom em tudo e é justamente por isso que você se focando em seus talentos e seu próximo nos dele, podem permitir não só a realização e satisfação de cada um, mas uma excelente harmonia de encaixes nas amizades, relacionamentos amorosos e em trabalhos em equipe na parte profissional.
 

Fonte: www.thaispetroff.com.br