Psicologia do esporte

Por Renato Miranda

É incontestável a importância do preparo psicológico dos atletas nas diferentes possibilidades de atuação dos mesmos. Sejam atletas amadores, ainda em formação esportiva, sejam atletas amadores avançados e atletas profissionais os aspectos psicológicos que influenciam significativamente o desempenho dos atletas quanto mais treinados e aperfeiçoados possibilitam mais chances de sucesso.

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Do mesmo modo que habilidades físicas tais como, força especial, velocidade, resistência orgânica, agilidade, coordenação e outras, são fundamentais para o desempenho ótimo; as habilidades psicológicas de concentração, controle do estresse, ansiedade e emoção, motivação, fluxo, e outras, devem ser consideradas também importantes na atuação esportiva.

Ademais, sempre é bom lembrar que as habilidades físicas impactam nas habilidades psicológicas da mesma forma que as habilidades psicológicas interferem nas habilidades físicas, visto que na organização sistêmica do ser humano a simultaneidade corpo-mente está presente em todas as manifestações.

Portanto, em exemplo, quando um atleta está forte fisicamente aumenta consideravelmente seu nível de motivação e possibilidades de se concentrar melhor. Ou ainda, quando um atleta controla suas emoções regula melhor seu dispêndio de energia que influencia seus níveis de estresse.

Quando me perguntam sobre como especificar uma diretriz para a reflexão do treinamento psicológico e o desempenho atlético eu promovo as seguintes orientações:

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1) É fundamental considerar que o esporte é uma atividade avaliada de uma maneira sumariamente pública e, portanto, é preciso preparar os atletas (amadores e profissionais) para viver nesse ambiente naturalmente recheado de diversas pressões já que o desempenho atlético será avaliado por todos aqueles envolvidos (torcida, mídia, especialistas etc), de maneira sumária. Costumo dizer que o atleta que reclama das pressões naturais do esporte é um atleta mal preparado;
 
2) A psicologia do esporte tem sua matriz de conhecimento próprio, com seus estudos, pesquisas e metodologias específicas de atuação e vivências. Em consequência, o conhecimento sobre o assunto está a alcance de todos aqueles que estão envolvidos com o esporte e é possível saber como atuar para a melhoria das habilidades psicológicas;

3) Não há mistério: o papel da psicologia do esporte é fundamentalmente treinar os atletas para a resolução de problemas (desafios) no lócus de atuação do atleta. Ou seja, como desenvolver habilidades psicológicas para melhorar o desempenho esportivo. Em exemplo, ensinar e treinar o atleta a se concentrar do início ao fim das competições e treinamentos, principalmente nos momentos decisivos, como regular os níveis de ansiedade e estresse antes, durante e depois das atividades competitivas, como se manter motivado mesmo quando as coisas parecem não estar dando certo, como equacionar as emoções nas mais diferentes situações, principalmente nas competições e outros tantos desafios;

4) Entender o treinamento psicológico como mais um elemento da preparação do atleta e não como uma panaceia ou algo exótico no esporte. De sorte que o treinamento psicológico está associado aos demais elementos do treinamento (técnico, físico e tático), e por isso, deve ser um trabalho multidisciplinar e interdisciplinar. Em outras palavras o especialista precisa conhecer ao menos em linhas gerais, conceitos e treinamentos das outras especialidades (temas do treinamento esportivo) a fim de criar um ambiente de diálogo e criatividade. Com isso, a ideia da expressão sistema de treinamento é validada e o conhecimento é reverberado à todos os profissionais de uma determinada equipe ou instituição.

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No próximo texto continuaremos a identificar o resumo de como o treinamento psicológico pode auxiliar na preparação dos atletas.