De A a Z o significado do que ocorre quando amamos: brigas de casal

Verbete explicado a partir do e-mail enviado por esta leitora:  

“Olá, gostaria de fazer algumas perguntas. Eu e meu marido estamos casados há 11 anos. Sempre tivemos muitas brigas, mas quando estávamos bem, nos relacionávamos muito bem em todos os aspectos. Agora faz quase 20 dias que tivemos uma briga, ele me ofendeu, me insultou de muitas coisas e foi por algo bem banal. Mas resultou num silêncio total. Até que estes dias ele veio até mim e disse que daqui uns dias irá procurar um lugar pra ficar. Tentei conversar, lembrei a ele tudo o que já passamos, todas as coisas e perguntei se não valia a pena tentar, ele disse que se for pra continuar brigando, ele não quer mais. Como posso reverter esta situação? Ele não fala comigo, só quando é para fazer perguntas sobre algo. Temos um filhinho de 6 anos. Não quero me separar.”

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Por Anette Lewin

Não é incomum casais que vivem brigando e que se acostumam a essa dinâmica por longos anos. As brigas e voltas podem até sinalizar que a relação, de um certo modo, está estabilizada. Mas relacionamentos podem perder seu equilíbrio em algum momento. Não necessariamente por causa das brigas. Mas porque um dos dois resolve que o ciclo se esgotou e necessita de novas experiências.

Parece ser esse o caso de seu marido.

Provavelmente não foi o tema da última briga que provocou nele a vontade de ir embora. Você mesma diz que a briga se deu por um motivo banal. Parece que ele está precisando de uma trégua por motivos pessoais dele. Assim, evite sentir-se culpada e desesperar-se por algo que tem mais s ver com sentimentos dele do que com seu comportamento.

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É claro que sempre vale a pena uma conversa para esclarecer se a decisão dele está tomada, se ele tem dúvidas, e se existe espaço para uma nova tentativa. E vale também você expor seus pontos de vista, sua opinião sobre a viabilidade do relacionamento e suas propostas para que as coisas melhorem. Porque, pelo que você relata, o casal briga muito mas conversa pouco. E briga não é sinônimo de conversa. Numa briga as posturas são mais defensivas ou ofensivas do que esclarecedoras. Vale então tentar o diferente, uma conversa racional, com argumentos e sem os nervos à flor da pele.

Se brigas acontecem em quase todos os relacionamentos e são normais, a frequência e intensidade delas não pode ocupar todo o espaço relacional. Construir junto, fazer planos, divertir-se, associar-se na direção de um objetivo comum devem superar os momentos de divergência. E para que isso aconteça os envolvidos têm que abrir mão das necessidades do “eu “pelas  necessidades do “nós “. Não sempre, mas com bastante frequência. Não é possível viver uma vida de casado nos moldes de uma vida de solteiro. E é aí que a maioria das brigas nasce da falta de entendimento sobre o que é optar por dividir a vida com alguém.

Você pergunta como pode reverter a situação em que se encontra. Baseando-se no que foi dito, você não pode fazer nada sozinha; não poderá reverter uma decisão tomada por seu marido só porque você quer. Pode tentar conversar, mas  as vontades e necessidades individuais só são realizáveis no campo da vida pessoal. Na vida a dois, quando um não quer , ou não quer mais, dois não podem. Ou não podem mais.

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Caso vocês continuem juntos, entenda que mudanças devem ser feitas para que o relacionamento adquira um novo significado. Se se separarem, entenda que não é o fim do mundo. Evite ficar se culpando ou se martirizando. Cuide de seu filho e toque sua vida da melhor forma que puder. Se brigar com o marido é ruim, brigar com você mesma é péssimo. Aceite-se e acolha-se da melhor forma que puder. Principalmente num momento tão delicado quanto esse.

Atenção!
Este texto não substitui uma consulta ou acompanhamento de um psicólogo e não se caracteriza como sendo um atendimento.