Você consegue dizer “não”?

Por Ana Lúcia Paiga

Aprendemos desde o berço, que se agradarmos nossos pais seremos recompensados com um brinquedo novo,  um elogio, ou até com uma guloseima. As famosas Carícias condicionais de que falamos no texto anterior – veja aqui.

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Condicionar “afeto” a comportamentos “adequados” é a maneira mais usual de educar. Assim vamos nos tornando adultos incapazes de dizer “Não” a qualquer pedido, porque tememos que não nos aprovem.

Esquecemos que ao dizer sempre “Sim” às solicitações externas, estamos dizendo “Não” às necessidades internas. A fantasia é  que “depois de agradar, serei reconhecido e receberei minha recompensa”. Como nem sempre isso acontece, vamos colecionando a raiva de ter que fazer algo que não queríamos e não recebermos nada em troca depois.

É essa raiva que vamos acumulando dentro de nós, que nos faz explodir impulsivamente diante de situações corriqueiras, deixando todos à nossa volta, incrédulos com nossa reação descontrolada. Isso acontece porque a reação vem carregada com a raiva de todas as outras vezes em que desconsiderei a minha verdade, para atender as expectativas de outrem. Perdemos a razão, porque não há contexto que ofereça suporte para tanta intensidade. A raiva é uma energia muito poderosa!

Já viu a força física que ela é capaz de produzir?…

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Por outro lado, há os que não ousam mostrá-la jamais, por acharem que é um sentimento “feio”. Sequer admitem senti-lo.

Neste caso o dano pode ser ainda maior, pois se não explode, implode! Transforma-se em sintomas físicos como úlceras, insônias, enxaquecas, inflamações de todos os tipos e até tumores.
 
Nosso Rogério, inseguro, sempre tinha que dizer e fazer o que os outros queriam. Incapaz de tomar decisões, dependia da aprovação externa, a ponto de muitas vezes, não saber sequer avaliar o que gostaria de fazer. É como se fosse se afastando de sua essência e vestindo máscaras para continuar existindo. Um pseudossuicídio.

Aqui está o grande paradoxo: “tudo isso, fazemos para garantir nossa sobrevivência!”…
 
Você pode ser gentil, mas não se esqueça de suas necessidades. É você  quem tem que se aprovar.

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