De A a Z: o significado do efeito iôiô no relacionamento amoroso

Verbete explicado a partir do e-mail enviado por uma leitora:

“Tenho um companheiro, nós moramos juntos há dois anos e meio. No entanto, nesse meio tempo, já terminamos umas 15 vezes. Já cheguei a ficar dois meses sem ele, mas depois bate uma carência, uma tristeza, solidão… Começo a pensar que sou a culpada, que poderia ter feito diferente, que deveria valorizar as qualidades dele… Aí acabo voltando. Só que minha felicidade sempre dura muito pouco. Ele é uma pessoa que me deixa confusa, pois ao mesmo tempo que ele é carinhoso, cuida de mim, do meu filho (de outra relação), ajuda nas tarefas domésticas, ele também é muito bravo, sem paciência, egoísta, machista. Algumas vezes, ele já ficou bem nervoso durante as discussões. Ele diz que estou querendo ‘bater boca com homem’, que sou muito "galudinha". Já levei uns empurrões dele na hora da raiva, e hoje discutimos, pois ele ficou muito nervoso quando disse que o bumbum do ator do filme era bonito. Durante a discussão, pedi que ele amadurecesse e ele me deu um tapa no meu braço. Fiquei calada imediatamente e fui dormir. Não quis piorar as coisas. Estou frustrada, cansada, angustiada. Tenho muito medo de estar exigindo demais, de ficar sozinha, de não dar conta de ficar sozinha novamente. Eu não dependo dele financeiramente, eu é quem sustento a casa. Ele não tem formação, não tem emprego; o dinheiro que às vezes consegue, vem da venda de algum bem dos pais. Por favor, me responda. Obrigada.”

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Por Anette Lewin

Essas idas e vindas no seu relacionamento amoroso podem  sinalizar que as vantagens e desvantagens dessa relação estão relativamente equilibradas. Você diz que ele é carinhoso, cuida de você, cuida de seu filho e ajuda nas tarefas domésticas. Essas são as vantagens. Por outro lado, ele é agressivo nas discussões a ponto de agredi-la fisicamente. Ele e não trabalha. Essas são as desvantagens.

Não dá para saber, porém, como vai a relação homem-mulher entre vocês. E parece que o problema maior está aí. Quando você o provoca dizendo que “o bumbum do ator do filme é bonito”, sabendo qual vai ser a reação dele, parece que você está querendo “arrancar” dele uma reação visceral que você gostaria que ele tivesse com relação a você. Explicando: você o descreve como amoroso, mas não como um homem mobilizador, que provoca em você um certo frio na barriga. Talvez esse seja o parceiro dos seus sonhos, mas o marido que você tem não é o de bumbum bonito, famoso, que provoca suspiros. É um parceiro cuja autoestima fica abalada quando você o compara com outros homens. Afinal, você o sustenta, já teve outro relacionamento com filho, enfim, talvez ele a agrida porque se sente pequeno frente a você. E apela para o machismo para se sentir um pouco melhor.

O que você realmente espera de um casamento?

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Então, a primeira coisa a ser revista é o que você realmente espera de um casamento a essa altura da sua vida. Você trabalha, se sustenta e já teve filho. Casamento para você,  então,  tem que ter um sentido além da maternidade e sustento. Mas não pode se basear apenas no medo de ficar sozinha ou na sensação, repetição do fracasso que teve na relação anterior. Se você quer alguém que a mobilize, talvez não seja ele a pessoa. Se você continuar provocando, o máximo que vai conseguir tirar dele, serão agressões defensivas. Que não fazem bem a você.

Então, talvez seja hora de você realmente tentar valorizar as qualidades dele ao invés de ficar sonhando com um homem que só existe na sua imaginação: o “homem do bumbum bonito” que, na sua cabeça, te levaria às nuvens. Esse homem não sobrevive ao cotidiano. Ele pode até existir no começo de uma relação onde tudo é cor-de-rosa, mas depois se transforma num homem real que tem pontos bons e pontos ruins. Talvez valha a pena incentivá-lo a arranjar um emprego ou realizar um trabalho autônomo para que ele e você se sintam melhor, para que a relação fique mais equilibrada e a autoestima dele se eleve. Nesse novo tipo de equilíbrio ele, talvez, não precise apelar para o “ machismo “ como forma de defesa. Sim, quando , ele a chama de “galudinha” está se queixando que você assume o papel que, na cabeça dele deveria ser do homem. E, talvez, esteja sugerindo que falta na relação comportamentos associados ao feminino como carinho, meiguice, doçura.

É claro que você não precisa se encaixar totalmente no “estereótipo feminino”, mas um pouco de delicadeza sempre cabe em qualquer relação. E você pode ser a provedora desse tipo de afeto no relacionamento. Pense nisso.

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Finalmente, com relação a idas e vindas no relacionamento, não se culpe por isso. É preferível que você adquira a certeza  que realmente quer largar o relacionamento antes de se precipitar e arrepender-se depois. O tempo que cada um leva para chegar a uma conclusão varia de pessoa para pessoa. Tente novos comportamentos, como foi sugerido acima, para ver se a relação melhora. Uma hora a balança penderá mais para um dos lados e você tomará sua decisão com mais convicção.

Atenção!
Este texto não substitui uma consulta ou acompanhamento de um psicólogo e não se caracteriza como sendo um atendimento.