De A a Z: o significado do perdão e do autoperdão no relacionamento amoroso

Por Anette Lewin

Muitas pessoas, após a separação por traição, têm dificuldade de refazer suas vidas em função de se sentirem “injustiçadas”, principalmente quando o parceiro(a) consegue refazer sua vida de forma satisfatória, casa-se, tem filhos e está, aparentemente, feliz. Além disso, a pessoa traída tende a ficar questionando o tempo todo o que fez de errado.  

Continua após publicidade

Como sair desse círculo?

É sempre difícil lidar com situações consideradas como um fracasso sem ressaltar a questão da culpa.

Em geral, a iniciativa de terminar um relacionamento parte de um dos dois. Dificilmente a separação ocorre de comum acordo.

Quando o término se dá em função da traição, a pessoa traída, em geral, tem que suportar um ônus duplo: a de ser traída e de perder o parceiro(a).

Continua após publicidade

Certamente, embora a raiva, a decepção e a tristeza apareçam com força nesses momentos, é a culpa a causadora dos maiores tormentos para a pessoa traída. O desespero acaba levando a pessoa a rodar obsessivamente em torno da vida do outro como se, através do pensamento em círculo, pudesse descobrir algo diferente do que já sabe: que seu parceiro não quer mais o relacionamento. Além do mais, caso o parceiro refaça sua vida, o sentimento de “injustiça” junta-se ao da culpa alimentando ainda mais esse mar tormentoso de desconforto emocional.

A culpa, em geral, advém de um pensamento mágico que insiste em seduzir as pessoas a acreditarem que têm o poder de perpetuar a parceria amorosa desde que façam tudo direitinho. Esse pensamento é fantasioso porque exclui a vontade do outro. Muitas vezes alguém termina um relacionamento simplesmente porque quer terminar. Não é necessário que o parceiro(a) cometa um enorme erro.

Então, o primeiro passo para parar de sofrer com a separação, é superar a culpa. A pessoa, antes de tudo, precisa se perdoar para poder seguir em frente. A culpa emperra. O autoperdão liberta.

Continua após publicidade

Existem casos em que a pessoa traída joga toda a culpa no parceiro transformando-o em um monstro. Sim, jogar a culpa no outro é uma forma de defesa que pode aliviar em certos casos. Mas, e nos casos em que o outro refez sua vida amorosa e está bem resolvido com a nova parceria? Bem, aí o alívio acaba… pois como um monstro pode refazer sua vida e estar bem? Talvez não seja tão monstro assim. O que fazer nesse caso? Perdoar? Não é fácil. Ninguém perdoa de coração alguém por quem foi traído. Talvez depois de refazer sua vida, reerguer sua autoestima, isso seja possível em parte. Mas de imediato não.

Certamente, o melhor aliado da pessoa traída,  por mais piegas que isso possa parecer,  é dar tempo ao tempo. E parar de bisbilhotar a vida do outro. Todo mundo tem a capacidade de se levantar de um tombo por mais doloroso que ele seja. E para isso a pessoa tem que tomar as rédeas de sua própria vida e se concentrar em ir em busca de seus próprios objetivos. De nada vale desperdiçar energia com os ganhos e perdas do ex-cônjuge.

Finalmente, é importante lembrar que os tombos levados na vida amorosa sempre deixam marcas. Perdoar não é esquecer, e nem deve ser. Perdoar é transformar uma emoção muito perturbadora e enorme em um pedaço pequeno da nossa história.  Assim como é importante lembrarmos de nossos sucessos, é importante lembrarmos de nossos fracassos, sem ressaltar exageradamente uns ou outros. O que deve ser ressaltado é o presente, os novos caminhos que abrimos e o aprendizado que nossas experiências nos trouxeram.