Barriga grande não é só questão de estética

Por Tamara Mazaracki

Uma barriga proeminente não é nada atraente, além de ser muito perigosa para a saúde. Cintura fora do limite (102 cm para homens e 88 cm para mulheres) é um marcador de excesso de peso, e aumenta a chance de doença cardiovascular e diabetes. Gordura abdominal é sinônimo de gordura visceral, aquela que se acumula nos órgãos internos, e gera enormes quantidades de citocinas inflamatórias. Estas causam danos graves para os vasos sanguíneos, coração, cérebro e outros tecidos através do corpo.

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Citocinas produzidas pelos adipócitos (células de gordura), especialmente os localizados na gordura abdominal, contribuem para a disfunção endotelial (alteração das células que revestem os vasos sanguíneos), resultando em redução do fluxo sanguíneo e aumento da pressão arterial. Esta disfunção é um achado precoce na aterosclerose (depósito de placas de gordura e endurecimento dos vasos), levando a ataques cardíacos, derrames e outros desastres biológicos. Além disso, os vasos sanguíneos de indivíduos com excesso de gordura no abdômen têm menos óxido nítrico, uma molécula que relaxa as artérias (vasodilatação), melhorando o fluxo de sangue e reduzindo a pressão arterial.

Um estudo randomizado de 2010 mostrou que mesmo um ganho modesto de gordura visceral provoca disfunção endotelial em humanos saudáveis. Uma pesquisa de 2019 revela que isso ocorre desde a infância, em crianças com sobrepeso. A boa notícia é que a disfunção pode ser revertida quando se perde o excesso de peso e se reduz a cintura abdominal.
 

*Obesity Res Clin Pract 2018. Adverse effects of long-term weight gain on microvascular endothelial function.
*J Am Coll Cardiology 2010. Modest visceral fat gain causes endothelial dysfunction in healthy humans.
*Diabetes Metab Syndr 2019. Increased waist circumference is associated with subclinical atherosclerosis in schoolchildren.

 

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