Endometriose traz prejuízos físicos e psíquicos à mulher

Por Karina Simões

Esta semana ministrei uma palestra para mulheres mostrando a importância de elas conhecerem a si mesmas e se cuidarem cada vez mais. Falamos sobre o diagnóstico de endometriose e de suas consequências clínicas e psicossociais, que elas sofrem diante de um diagnóstico que demora, muitas vezes, até sete anos para ser concluído.
 
A endometriose é um quadro clínico ginecológico caracterizado pela presença de tecido endometrial (que reveste a parede do útero) fora da cavidade uterina. Cólicas intensas, aderências entre os órgãos e interferência na fertilidade e qualidade de vida da mulher, dentre outros sintomas, estão no meio dos prejuízos que a mulher sente com o tal diagnóstico. É um quadro crônico que sempre exigirá acompanhamento, porém existem tratamentos clínicos e cirúrgicos.

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Endometriose limitações e prejuízos

A mulher com endometriose vive algumas limitações e prejuízos em sua vida. Aqui cito alguns:

– Limitações devido ao quadro de dor: existindo uma diminuição da vida social, uma menor produtividade no trabalho seguido de ausências, muitas vezes, bem como falta de disposição no dia a dia.

– Sensação de impotência frente aos sintomas: ou seja, a mulher sente-se incapaz de enfrentar esse difícil diagnóstico por medo e desconhecimento. Apresenta também maior risco para quadros depressivos.

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– Aumento de estresse e de ansiedade.
– Prejuízos na vida sexual e afetiva: pode surgir dor durante a relação, e isso pode levar a um quadro de  dispareunia que se caracteriza por  muita dor no ato sexual.

– Comprometimento da fertilidade: muitos casos hoje de infertilidade feminina estão relacionados ao diagnóstico de endometriose. Um dos campeões de procura em meu consultório se refere a essa queixa, a infertilidade.

É de extrema importância compreender a influência da ansiedade e do estresse nos diagnósticos de dor crônica. Pois, pessoas ansiosas e com alto nível de estresse enxergam o mundo, aos outros e a si mesmo, de forma muito mais negativa e, assim, alteram a percepção e a sensibilidade da dor.  

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A prevalência de depressão em pessoas com doenças crônicas é altíssima, tendo sido também constatada nas mulheres portadoras de endometriose, acometendo principalmente as que referem dor crônica e constante de aproximadamente 80%. Uma pessoa com depressão tende a focalizar os aspectos negativos de sua vida e, com isso, tende a limitar sua vida social. A imagem que tem de si fica distorcida e os relacionamentos afetivos e sociais muitas vezes se desgastam. A ansiedade e o estresse alteram o funcionamento do cérebro interferindo na ovulação, o que também afeta a fertilidade.

Na clínica, faço sempre orientação à família (especialmente ao parceiro), indico grupos de apoio, estimulo a prática de atividade física e de relaxamento e controle da dor, pois são algumas opções de estratégias para lidar com os sintomas bem como buscar maior qualidade de vida dessa mulher.
A endometriose é considerada uma doença do mundo moderno, e ela tem como a depressão e o estresse os fatores mais importantes no seu desenvolvimento e tratamento.

A cobrança que a mulher vive hoje na sociedade, e por ela mesma, resulta numa sobrecarga de conflitos emocionais. Assim, reconhecer a influência das emoções no enfrentamento da endometriose certamente fará com que essas mulheres se sintam mais seguras para superar as dificuldades naturais do tratamento.

Atenção!
Este texto não substitui uma consulta ou acompanhamento de um médico e não se caracteriza como sendo um atendimento.