Resveratrol: benefícios à saúde

Por Tamara Mazaracki

Resveratrol, o polifenol do vinho tinto, provavelmente é o mais conhecido do grande público e também um dos mais pesquisados. Ele se concentra na casca da uva roxa e está presente em outros frutinhos roxo-vermelhos (berries), amendoim, pistache, cacau. Resveratrol possui benefícios comprovados pela ciência, incluindo atividade contra glicação (danos causados às proteínas por excesso de açúcar circulante), oxidação, inflamação, neurodegeneração, vários tipos de câncer, doenças cardiovasculares, diabetes, síndrome metabólica, obesidade. Uma enorme quantidade de novos estudos tem elucidado a eficácia do resveratrol em muitas frentes.

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Novas ações

Resveratrol imita a ação antienvelhecimento da restrição calórica, melhora o desempenho na atividade física, aumenta o gasto de energia e a sensibilidade à insulina, inibe a adipogênese (produção de gordura) e estimula a mobilização de lipídios no tecido adiposo, atua no Alzheimer e outras demências, combate superbactérias. São inúmeros efeitos positivos na saúde humana.

Prevenção de demências     
 
De acordo com Alzheimer's Disease International, 50 milhões de pessoas no mundo apresentam algum tipo de demência, e este número deverá triplicar até 2050. Apesar de anos de investigação neste domínio, as causas e os mecanismos responsáveis pela doença de Alzheimer (a demência mais comum) ainda permanecem obscuros. Até agora, nenhum dos medicamentos farmacêuticos para Alzheimer passou com sucesso na fase III de análise clínica, ou seja, nenhum comprovou eficácia. Atualmente há intensa pesquisa sobre a ação de ‘moléculas verdes’: ativos naturais polifenólicos. Os mais promissores são curcumina, epigalocatequina (chá verde) e resveratrol.

Neurônios protegidos

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Polifenóis são reconhecidos por suas propriedades neuroprotetoras: exercem efeito anti-inflamatório, antioxidante e antiamiloide. A formação de placa amiloide no cérebro (neurônios embolados e disfuncionais) é associada com Alzheimer. Resveratrol e seu derivado pterostilbeno são capazes de atravessar a barreira hematoencefálica (mecanismo que age como um poderoso filtro e limita o que pode entrar no cérebro), e influenciam positivamente a atividade cerebral, com ação protetora contra síndromes de demência, como Alzheimer, demência vascular e outras.

Mitocôndrias

À medida que envelhecemos nossas mitocôndrias se degradam e perdem a função. Disfunção mitocondrial é a principal causa do declínio mental relacionado com a idade. Células cerebrais consomem muito oxigênio, o que causa elevada oxidação (por metabólitos reativos de oxigênio) levando à neuroinflamação e morte acelerada de neurônios. Resveratrol modula a função mitocondrial, reduzindo os processos oxidativos e estimulando a biogênese mitocondrial (produção de novas mitocôndrias), ajudando a preservar as células cerebrais e a saúde mental.

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Superbactérias  

Este é um dos maiores desafios da saúde pública atual: a cada ano nos EUA pelo menos dois milhões de pessoas têm uma infecção resistente ao tratamento, segundo o CDC americano (Centro de Controle de Doenças). Staphylococcus aureus faz parte da lista das 12 bactérias mais mortais por ter crescente resistência aos antibióticos, segundo a Organização Mundial da Saúde.

Resistência a antibióticos

Pesquisas revelam a atividade antimicrobiana do resveratrol contra uma ampla gama de espécies bacterianas, virais e fúngicas, como agente único ou associado com antibióticos. Em tempos de superbactérias resistentes aos medicamentos disponíveis, é bom saber que o resveratrol ajuda no combate contra o perigoso S. aureus e outros micróbios.

Ação antimicrobiana

Estudos recentes evidenciam o potencial do resveratrol para melhorar a eficácia antimicrobiana de determinadas classes de antibióticos. Mesmo em concentrações baixas, o resveratrol pode alterar a expressão bacteriana e características de virulência, reduzindo a produção de toxinas e neutralizando mecanismos de defesa de micróbios invasores. A administração conjunta de resveratrol aumentou a atividade de antibióticos do tipo aminoglicosídeos em até 32 vezes contra S. aureus. O desenvolvimento de novos antibióticos é dispendioso e demorado, e ampliar assim a eficácia de ‘velhos’ antibióticos convencionais é extremamente desejável.

Biodisponibilidade

O resveratrol (e outros polifenóis) têm baixa biodisponibilidade: isto significa que é pouco absorvido, e assim a maior parte fica no lúmen intestinal em contato direto com a microbiota. Os micróbios residentes do intestino grosso metabolizam o resveratrol produzindo outros compostos ativos, um fator chave para mediar as funções fisiológicas dos polifenóis e seus subprodutos. Por sua vez, o resveratrol melhora a composição da *microbiota intestinal, aumentando a concentração de Bacteroidetes e reduzindo Firmicutes, o que contribui para uma menor absorção de calorias desnecessárias e manutenção do peso corporal sadio.

* Microbiota intestinal: é população de bactérias, vírus e fungos que habita o intestino. 

Referências:

*Nutrients 2019. Resveratrol and Its Human Metabolites – Effects on Metabolic Health & Obesity.
*Acta Biochim Pol 2019. Health benefits of resveratrol administration.
*Current Alzheimer Research 2019. Mitigating Alzheimer's Disease by Natural Polyphenols: A Review.
*Biofactors 2018. Resveratrol, pterostilbene & dementia.
*Molecular Neurobiology 2018. Resveratrol & Brain Mitochondria: a Review.
*Int J Antimicrobial Agents 2019. Antibacterial and Antifungal Properties of Resveratrol.
*Int J Antimicrobial Agents 2018. Resveratrol enhances the efficacy of aminoglycosides against Staphylococcus aureus.
*Molecules 2019. Role of intestinal microbiota in bioavailability & physiological functions of dietary polyphenols.