O ciumento tem muito amor-próprio ou falta dele?

Por Eduardo Yabusaki

Temos vivenciado tempos de relações afetivas amorosas complexas, interessantes e conflituosas. Dentre tantos conflitos, um dos que se destaca, é o ciúme. Mas o que faz uma pessoa ser ciumenta em um relacionamento que, em princípio, deve ter por base a confiança e a boa convivência?

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Inúmeras podem ser as características que podem levar uma pessoa a ser ciumenta, desde dificuldades em confiar, até mesmo estruturas de personalidade não devidamente ajustadas a uma vida equilibrada.

O que é amor-próprio?

Aqui destaco o amor-próprio, ou seja, o quanto o ser humano se reconhece em seus valores e sentimentos e como ele nutre positivamente essa visão. O amor-próprio em excesso pode ser gerador de ciúme, bem como a sua falta também pode ser. Portanto, a condição ideal do amor-próprio é que ele esteja alinhado com a nossa realidade emocional e afetiva, bem como a racional. Enfim, precisamos nos ver e nos valorizar dentro de critérios realísticos e positivos em relação à nossa convivência social. Simplifico, precisamos nos reconhecer como somos verdadeiramente e nos valorizarmos por isso.

Amor-próprio em excesso

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Se ele estiver excessivo pode gerar uma percepção distorcida e trazer uma visão de superioridade, não permitindo ao outro se manifestar com destaque, gerando sentimentos de rivalidade e, por consequência, gerar ciúme e conflito na relação.

Exemplo:

A esposa passa a ter um destaque por uma promoção na empresa e, no grupo familiar ou de amigos, passa a ser o centro das atenções. Ele que sempre ocupava essa posição pela imponente capacidade empreendedora, perde, mesmo que temporariamente, seu posto atrativo socialmente. Isso gera nele um ciúme em relação à esposa, tanto pelo assédio como pela atenção que ela recebe. Ele sente-se desprestigiado e com sentimentos de inferioridade, que aliás são irreais, pois nem é inferior e nem está sendo desprestigiado. Simplesmente, a sua esposa está vivendo um bom momento e merece ser reconhecida por isso.

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Falta de amor-próprio

Já sua falta pode tornar a pessoa insegura e com sua autoestima rebaixada, fazendo-a sentir-se não merecedora, aquém das expectativas e inferiorizada. Desta feita, qualquer exposição pública do seu par, pode se transformar num motivo gerador de ciúme. Afinal, a possibilidade de ser assediado existe, porém, estamos sujeitos a esta exposição o tempo todo.

O que define o que vai acontecer é corresponder ou não a esse assédio. Portanto, confiar é um elemento basal em qualquer relacionamento, porém quem está com seu amor-próprio rebaixado, tem sua autoestima abalada e sem força para acreditar ser merecedor do outro e, por consequência, acredita que o outro também o vê da mesma forma e tendendo a ceder ao assédio, mesmo que isso seja irreal.

Sentir ciúme é natural  

Podemos dizer que o ciúme é um sentimento inerente ao ser humano e aos relacionamentos, entretanto, o que vai torná-lo destrutivo, é como ele será encarado dentro do relacionamento. Assim sendo, não é preciso temer o ciúme, mas sim, reconhecê-lo para poderem juntos criar estruturas saudáveis para enfrentamento do mesmo e reforço do amor-próprio de ambos.

Finalizando sobre o amor-próprio: ele é fundamental, pois determina como me sinto comigo mesmo e como vou me apresentar frente ao mundo. Amor-próprio ajustado pode ser sinônimo de bem-estar, tranquilidade, segurança, confiança, motivação e, por consequência, boa convivência, interação social e bom relacionamento afetivo-amoroso.

Cuide do seu amor-próprio. Isso não é piegas e ninguém pode fazer isso por você, a não ser você mesmo. Viva seu amor-próprio de forma equilibrada e verá que, por mais difícil algo possa lhe parecer, com serenidade e equilíbrio, tudo se resolverá. Viva, ame e seja feliz sempre!