Como ser mais produtivo(a) e aumentar seu tempo livre

Produtividade é basicamente disciplina. Não é um bicho com tantas facetas, como fazem parecer certos experts em desenvolvimento humano. As palavras “foco”, “prioridade”, “metas” e “execução” são só palavras se você não for disciplinada ou disciplinado. Enquanto atitudes, elas estão intimamente relacionadas e a falta de disciplina as faz degringolar, em efeito dominó.

O foco não se mantém em uma mente indisciplinada. Assim, as prioridades, que dependem justamente de foco por ordem de importância, tornam-se apenas itens de uma lista. A execução desordenada das prioridades atrasa o cumprimento das metas. O que é para ser produtividade vira mera ocupação. É por isso que estar o tempo todo “ocupado” não necessariamente faz de você alguém produtivo. Lembrando que ser mais produtivo é, por sua vez, um desejo comum de quem quer ter mais tempo livre.

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Arma antitédio: atenção plena 

Como ter mais disciplina é a chave da questão. A dificuldade passa pelo nosso temor em tornar nossa vida algo tedioso e vazio, já que uma das estratégias para termos mais disciplina é transformarmos certas ações em hábitos e rotinas e estas, em nosso imaginário, serem sempre executadas no automático, sem grandes emoções.

Nosso cotidiano não precisa, no entanto, ser robotizado. Pode haver rotina, mas cada tarefa pode ser executada com maior atenção, de forma que não percamos de vista os benefícios que ela traz, que os objetivos daquela atividade fiquem claros e que ela faça sentido. A atenção plena, ou atenção ao momento presente pode ser essencial para tanto. Retira da ação a ansiedade pelo que não produzimos e o mal-estar pelo que está por vir. O foco são o presente e o que aquele momento significa.

Atenção plena como hábito


Ter mais atenção ao momento presente é um comportamento que pode ser treinado, por meio de uma técnica de meditação chamada Mindfulness, criada pelo médico e professor da Universidade de Massachusetts, EUA, Jon Kabat-Zinn. Tem como base a respiração, a atenção ao ambiente e a consciência corporal, e permite sua realização em movimento e em um curto intervalo de tempo.

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O “andar atento” pode ser um começo – o exercício é recomendado no livro “Viver Agora: Um revolucionário programa de combate ao estresse” (editora Alaúde, 2011), de Sarah Silverton, pesquisadora clínica da Universidade de Bankor (Reino Unido), discípula de Zinn. Ele nos faz caminhar sob atenção plena, relaxando mente e corpo.

De pé, devemos nos concentrar nos movimentos ao caminhar, lentamente, observando como o corpo desloca seu peso de um pé para o outro, expandindo a percepção em relação aos pés para outras partes do corpo. É preciso explorar todas as sensações, portanto, é melhor que fiquemos descalços. Esse ciclo deve ser repetido, bem devagar, enquanto caminhamos em círculos em um ambiente que não seja propício a acidentes, caso haja perda de equilíbrio (normal no caminhar lento e suave).

A mente não pode vagar nesse processo, devemos pensar estritamente naquilo que cada movimento nos proporciona, no que acontece no ambiente e em nosso corpo, deixando a respiração marcar o tempo dos passos, alternando a velocidade da caminhada.

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Não é à toa que a atenção plena é recurso utilizado no combate à ansiedade e à depressão – reduz em 44% as recaídas entre os depressivos e apresenta eficácia comparada à psicoterapia e ao uso de medicamentos. Em nossa busca pela produtividade evita que cheguemos a extremos como a síndrome de burnout, que define um estado de esgotamento físico e mental oriundo, entre outras razões, de um dia a dia extremamente atribulado e não necessariamente com resultados condizentes à nossa ocupação e esforço.