Internet ajudou a intensificar timidez nas pessoas?

por Nádia Rodrigues – psicóloga componente do NPPI

Passei um bom tempo pensando sobre o que falar a respeito da relação entre humanos e tecnologia, mesmo sendo este nosso assunto constante no cotidiano do NPPI. Após muito pensar, resolvi escrever sobre minha experiência pessoal com as novas tecnologias.

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No inicio do terceiro ano de faculdade todos os alunos começaram a ter algumas aulas chamadas ‘disciplinas eletivas’. Nelas, era possível começarmos a buscar nossas áreas de interesse.

Ao analisar a lista de opções, me deparei com uma matéria lecionada pela professora Rosa Farah um tanto quanto inovadora, que me chamou muito a atenção. O título era: “Psicoinfo: um estudo sobre a relação entre os seres humanos e as máquinas”. Fiquei um tanto quanto curiosa, pois desde pequena tive muita afinidade com o computador e adorava fazer os trabalhos da escola no mesmo, ao invés da tradicional folha de papel almaço. Quando foi instalada a internet em meu computador, eu instalei o famoso ICQ e passava horas utilizando esse programa para conversar com amigos e o Napster, para fazer download de músicas em mp3.

Ao ingressar na faculdade de psicologia, tinha como maior objetivo estudar e compreender o comportamento das pessoas e ao ver a possibilidade de unir a psicologia e a informática me percebi um tanto quanto deslumbrada e curiosa. Afinal, que mudanças a tecnologia teria gerado na vida das pessoas? Foram muitos os temas abordados em nossas aulas de Psicoinfo, e boa parte deles abordaram temas tratados nos artigos publicados aqui mesmo, no Vya Estelar.

Fakes

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Mas o tema dos “fakes” em sites de relacionamentos é algo que ainda me chama muito a atenção. Lembro que durante uma aula fizemos a seguinte experiência: a sala inteira teria que entrar em um chat de bate-papo com um nickname masculino para ver o que iria acontecer. Para nossa surpresa, poucas pessoas nos procuraram. Em seguida, mudamos para um nome "neutro" e entramos em outra sala de chat. Dessa vez tivemos um pouco mais pessoas falando conosco.

Por último, todos nós adotamos nomes femininos e a procura foi intensa. Essa experiência serviu para constatarmos que nesses ambientes há muito mais homens presentes do que mulheres e entender por que isso ocorre se tornou um desafio.

Ao transpormos essa constatação para a "vida real" (presencial!) verificamos que geralmente são os homens que costumam procurar as mulheres; ou porque eles têm maior liberdade para tanto, ou porque são mais incentivados a paquerar. Ou seja, apesar da propalada revolução sexual já ter ocorrido há algum tempo, ainda hoje vemos que homens e mulheres têm muito a evoluir nessa área da sexualidade. Essa linha de observação é somente uma, dentre diversas outras que poderíamos questionar e refletir, sobre as manifestações da sexualidade na WEB.

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Dois anos se passaram e eu já formada resolvi fazer um curso de aprimoramento na própria PUC. Mais uma vez decidi por estudar a relação entre os humanos e a tecnologia, e para isso ingressei no NPPI. Percebi que muita coisa mudou durante esses dois anos e que para nos mantermos atualizados, é preciso estar sempre plugado na rede, observando, estudando e refletindo.

Agora já se falava em Facebook, Twitter, Myspace, etc. O Orkut tornara-se obsoleto e já se falava em "orkutcídio" (saída das pessoas do Orkut). Para entender como funcionam esses sites entrei em todos eles. Todos eram muito parecidos e tinham o mesmo objetivo: retomar antigos amigos ou manter contato com os atuais.

Porém, um novo tipo de site me chamou a atenção: “Par perfeito”, “Amores possíveis”, “B2”, etc… Todos eles sites de relacionamento que prometem ajudar o internauta a encontrar o amor da sua vida. Não vamos discutir qual o grau de eficácia, nem a probabilidade desse tipo de site funcionar ou não, mas sim por que as pessoas precisam desse tipo de ferramenta.

Será que a internet ajudou intensificar a timidez nas pessoas? Ou será que ela somente as ajuda a enfrentar um problema  já existente? Essa discussão é bem parecida com aquela: "Quem nasceu primeiro? O ovo, ou a galinha?” Mas, acredito que como tudo na vida, não possamos generalizar, e o resultado dessa busca vai depender de como cada um irá fazer uso dessas novas ferramentas dedicadas às buscas amorosas.

Outro exemplo de mudança em nossa vida: alguém consegue se imaginar vivendo sem o uso do celular? Atualmente o uso e as funções do celular vão muito além de simplesmente telefonar: serve para verificar emails, entrar na internet, no Facebook, no Twitter etc. Usamos essas ferramentas para nos informarmos sobre o que nosso amigo está fazendo neste momento; postamos fotos em tempo real, do lugar onde estamos; utilizamos o GPS para nos localizarmos, ou trabalhamos “o tempo todo”, ao verificar o e-mail que nosso chefe enviou há 5 minutos.

Estas são apenas algumas das minhas constatações, mas são suficientes para me fazer perceber que essa busca por entender a relação homem-tecnologia apenas começou. Seguir nessa direção será uma longa trajetória, movida pela constante busca de atualizações e estudos contínuos. Pois, para que possamos opinar com propriedade sobre os temas em pauta nesta nova área da Psicologia será necessário acompanhar o ritmo incessante das suas próprias inovações.

Internet ajudou a intensificar timidez nas pessoas?

por Nádia Rodrigues – psicóloga do NPPI

Passei um bom tempo pensando sobre o que falar a respeito da relação entre humanos e tecnologia, mesmo sendo este nosso assunto constante no cotidiano do NPPI. Após muito pensar, resolvi escrever sobre minha experiência pessoal com as novas tecnologias.

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No inicio do terceiro ano de faculdade todos os alunos começaram a ter algumas aulas chamadas ‘disciplinas eletivas’. Nelas, era possível começarmos a buscar nossas áreas de interesse.

Ao analisar a lista de opções, me deparei com uma matéria lecionada pela professora Rosa Farah um tanto quanto inovadora, que me chamou muito a atenção. O título era: “Psicoinfo: um estudo sobre a relação entre os seres humanos e as máquinas”. Fiquei um tanto quanto curiosa, pois desde pequena tive muita afinidade com o computador e adorava fazer os trabalhos da escola no mesmo, ao invés da tradicional folha de papel almaço. Quando foi instalada a internet em meu computador, eu instalei o famoso ICQ e passava horas utilizando esse programa para conversar com amigos e o Napster, para fazer download de músicas em mp3.

Ao ingressar na faculdade de psicologia, tinha como maior objetivo estudar e compreender o comportamento das pessoas e ao ver a possibilidade de unir a psicologia e a informática me percebi um tanto quanto deslumbrada e curiosa. Afinal, que mudanças a tecnologia teria gerado na vida das pessoas? Foram muitos os temas abordados em nossas aulas de Psicoinfo, e boa parte deles abordaram temas tratados nos artigos publicados aqui mesmo, no Vya Estelar.

Fakes

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Mas o tema dos “fakes” em sites de relacionamentos é algo que ainda me chama muito a atenção. Lembro que durante uma aula fizemos a seguinte experiência: a sala inteira teria que entrar em um chat de bate-papo com um nickname masculino para ver o que iria acontecer. Para nossa surpresa, poucas pessoas nos procuraram. Em seguida, mudamos para um nome "neutro" e entramos em outra sala de chat. Dessa vez tivemos um pouco mais pessoas falando conosco.

Por último, todos nós adotamos nomes femininos e a procura foi intensa. Essa experiência serviu para constatarmos que nesses ambientes há muito mais homens presentes do que mulheres e entender por que isso ocorre se tornou um desafio.

Ao transpormos essa constatação para a "vida real" (presencial!) verificamos que geralmente são os homens que costumam procurar as mulheres; ou porque eles têm maior liberdade para tanto, ou porque são mais incentivados a paquerar. Ou seja, apesar da propalada revolução sexual já ter ocorrido há algum tempo, ainda hoje vemos que homens e mulheres têm muito a evoluir nessa área da sexualidade. Essa linha de observação é somente uma, dentre diversas outras que poderíamos questionar e refletir, sobre as manifestações da sexualidade na WEB.

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Agora já se falava em Facebook, Twitter, Myspace, etc. O Orkut tornara-se obsoleto e já se falava em "orkutcídio" (saída das pessoas do Orkut). Para entender como funcionam esses sites entrei em todos eles. Todos eram muito parecidos e tinham o mesmo objetivo: retomar antigos amigos ou manter contato com os atuais.

Porém, um novo tipo de site me chamou a atenção: “Par perfeito”, “Amores possíveis”, “B2”, etc… Todos eles sites de relacionamento que prometem ajudar o internauta a encontrar o amor da sua vida. Não vamos discutir qual o grau de eficácia, nem a probabilidade desse tipo de site funcionar ou não, mas sim por que as pessoas precisam desse tipo de ferramenta.

Será que a internet ajudou intensificar a timidez nas pessoas? Ou será que ela somente as ajuda a enfrentar um problema pré-existente? Essa discussão é bem parecida com aquela: "Quem nasceu primeiro? O ovo, ou a galinha?” Mas, acredito que como tudo na vida, não possamos generalizar, e o resultado dessa busca vai depender de como cada um irá fazer uso dessas novas ferramentas dedicadas às buscas amorosas.

Outro exemplo de mudança em nossa vida: alguém consegue se imaginar vivendo sem o uso do celular? Atualmente o uso e as funções do celular vão muito além de simplesmente telefonar: serve para verificar emails, entrar na internet, no Facebook, no Twitter, etc. Usamos essas ferramentas para nos informarmos sobre o que nosso amigo está fazendo neste momento; postamos fotos em tempo real, do lugar onde estamos; utilizamos o GPS para nos localizarmos, ou trabalhamos “o tempo todo”, ao verificar o e-mail que nosso chefe enviou há 5 minutos.

Estas são apenas algumas das minhas constatações, mas são suficientes para me fazer perceber que essa busca por entender a relação homem-tecnologia apenas começou. Seguir nessa direção será uma longa trajetória, movida pela constante busca de atualizações e estudos contínuos. Pois, para que possamos opinar com propriedade sobre os temas em pauta nesta nova área da Psicologia será necessário acompanhar o ritmo incessante das suas próprias inovações.