por Cristina Balieiro
Como é difícil aceitar por um fim naquilo que criamos!
É um processo complicado aceitar que nossa “obra” está pronta e que é tempo de ser “lançada” para o mundo.
Quanto mais importantes ela for para nós, quanto mais energia tivemos depositado ao criá-la, quanto mais nos identificarmos com ela, mais difícil se torna pôr esse FIM e nos desapegarmos.
E quando falo em obra por nós criada estou falando de forma ampla e até simbólica: pode ser uma obra artística – um livro, um quadro, uma música, mas pode ser a criação de um filho, que já adulto não tem mais que ser criado!
E pode também ser a construção de uma casa, uma colcha de retalhos, uma tese de mestrado, a decoração de uma sala, um jardim, etc…
Acho que pôr um fim naquilo em que investimos tanto tempo, trabalho e dedicação, para o nosso coração e nossa alma, é uma tarefa árdua por diferentes e complexos motivos.
Razões que dificultam finalizar longos investimentos
1º) Em primeiro lugar temos que enfrentar nossa pretensão de sermos, nada mais, nada menos, que perfeitos!
2º) Render-se ao fato de que só podemos fazer o que nos é possível é abrir mão da arrogância e aceitar tanto nossos alcances quanto nossos limites.
3º) É muito difícil distinguir se já fizemos tudo o que podíamos ou se ainda podemos consertar ou aprimorar o que estamos fazendo.
4º) É preciso ter uma dose de humildade e de sabedoria.
5º) Terminar algo que preencheu nossa mente, nossa energia e nossa atenção por bastante tempo, dá a sensação de cair em um vazio.
6º) Parece que o término do nosso investimento naquele “algo” abre um buraco na nossa vida e não sabemos como preenchê-lo. É preciso exercer o desapego.
7º) Essa tarefa é muito difícil, pois ao terminar algo, “ele” nasce, não é mais um projeto e temos que lançá-lo no mundo, exposto a críticas e julgamentos, o que dá muito medo.
8º) É preciso ter coragem e fé no que se fez e um certo bom humor para encarar o que vier.
Aprender a finalizar é uma arte, difícil de ser aprendida, mas necessária àquilo tudo que tenhamos criado. O ciclo sempre tem que ser respeitado.
Mesmo porque, só ao deixar ir o que está pronto para ir, é que abrimos espaço para que o NOVO surja.