Vou fazer pós no exterior. Devo continuar meu namoro?

por Valéria Meirelles

"Estou num grande dilema, tenho um excelente namoro, mas surgiu uma proposta de fazer uma pós no exterior por dois anos. Acho difícil ficar tão longe, por tanto tempo. Será que valeria a pena investir numa relação à distância ou terminar para não sofrer uma futura desilusão?"

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Resposta: Eis uma situação delicada que me lembra "A escolha de Sofia". Sua angústia é legítima e escolher entre "dois amores" não é fácil, tampouco justo. E particularmente não gosto de situações excludentes. Sempre busco junto aos meus pacientes um caminho ainda não pensado e preferencialmente inclusivo. Portanto, antes de fazer sua escolha, pense: como seria tentar conciliá-los?

Em minhas pesquisas, conheci mulheres de sucesso, casadas, que passaram um bom período fora do país estudando, enquanto seus maridos ficaram aqui no Brasil com os filhos. E pelo que observei, foi muito bom para todos.

Como seria para seu namorado ficar longe de você? Não poderiam se encontrar de tempos em tempos? Companhias aéreas com freqüência realizam promoções, programas de milhagens. Além disto, há a Internet que favorece o contato diário a preços bem acessíveis. E por que não pensar em levar junto seu namorado para fazer também um curso? Seria uma oportunidade e tanto se ele pudesse ir.

Sugiro que conversem muito e olhem para a relação e o futuro. O que pode parecer um grande obstáculo, pode se transformar em uma história muito feliz. No entanto, caso a situação gere crises difíceis de serem administradas, procure a orientação de um terapeuta de casal.

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Já passei dos 30 e não arrumei um namoro por priorizar a carreira
Sempre priorizei minha carreira. Considero-me uma mulher atraente e uma profissional bem-sucedida, mas já passei dos 30 e sinto uma tremenda dificuldade em encontrar um homem interessante.

Resposta: Infelizmente há mais mulheres como você, que se queixam de falta de tempo para vida pessoal, afetiva e, principalmente, da dificuldade para arranjar um namorado que queira um compromisso mais sério, sem brincadeiras e leviandades. Na outra ponta da história, ouvindo os homens, eles reclamam de que as mulheres estão cada dia mais exigentes: querem um homem que lhes abra a porta do carro, seja romântico, bem-sucedido na carreira (mais que ela) e "vai logo impondo suas condições".

Tal situação me faz lembrar Luiz Cuschnir, respeitado psiquiatra paulista que escreveu o seguinte em seu livro, que lhe recomendo: 'A Relação Mulher e Homem: Uma história de seus encontros e diferenças': "É o que Freud escreveu lá atrás: 'Afinal, o que as mulheres querem'? O desejo delas é conciliar o herói, o provedor, o pai, o protetor e o Romeu em um só homem. Já ele quer a mulher impecável, com um corpo de miss, que não fume, não seja estressada, que tenha os dentes perfeitos, que divida as despesas, que saiba cuidar da casa e dos filhos."

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Aí eu me pergunto: com quem está, se é que existe, a razão?

Focando a resposta em você, digo que é importante ter claro na vida que possuir um companheiro, seja marido ou namorado, é uma parte importante de sua história, mas não toda sua história. Até porquê, é colocar muita responsabilidade sobre a relação e as chances de dar certo serão pequenas.

Então é fundamental focar-se mais em si mesma, realizando atividades que lhe dêem muito prazer, como viajar, praticar esportes, atividades culturais, tocar um instrumento, ter uma sólida e bem formada rede de amigos. Inclusive para fazer jantares em casa, sessões de filmes. Tudo isto vai lhe ajudar a administrar a vida e ver que também há muitas possibilidades felizes além dos contornos da relação homem, mulher e família.

Contudo, se lhe é fundamental ter um namorado, repense seus valores: Será que não tem sido muito exigente ao fazer a escolha amorosa?

Recentemente ouvi uma colega, terapeuta de casal conceituada, dizer algo que faz muito sentido: ainda é muito difícil para as mulheres se relacionarem com homens que não estejam no mesmo padrão financeiro e profissional que elas. Ou seja, as mulheres aceitam a assimetria quando os homens são mais sucedidos, mas relutam quando a situação é inversa. Não estou dizendo para que aceite o primeiro homem que surgir à sua frente, mas sim, verificar seus valores, que provavelmente originam-se de sua família, ao escolher seu parceiro amoroso.

Caso continue sentindo-se insegura e insatisfeita, sugiro a ajuda de profissional para buscar uma tranqüilidade interna e mais autoconhecimento. Felicidades!

Trabalho fora e sofro por ter pouco tempo para ficar com meus filhos

Resposta: Recentemente dei uma palestra aqui em São Paulo, no Shopping Ibirapuera, cujo tema era: Mulher e carreira, uma combinação possível. Portanto, não se aflija. Partilho com você dicas importantes que apresentei e espero que possam ajudá-la. Lembre-se de que maternidade não é sinônimo de sofrimento e muitas crianças cujas mães trabalham extra domiciliarmente crescem saudáveis e felizes.

Atitudes que favorecem a relação mãe e filho.
– Abandonar o mito de que a mãe só será suficientemente boa se estiver 24 horas junto ao filho.
– Demonstrar ao filho satisfação pelo que faz (nunca reclamar do trabalho para ele)
– Manter proximidade e intimidade com o filho (abraçar, beijar, acariciar, dizer que ama)
– Ter sempre um horário específico da semana para realizarem algo juntos.
– Telefonar para casa durante o horário do expediente para falar com o filho.
– Criar espaço/condições para que o filho possa falar com você sobre o que sente
– Acompanhar junto aos pequenos as lições da escola.
– Checar com os adolescentes o desempenho escolar.
– Ir às reuniões escolares.
– Fazer juntos pelo menos uma refeição ao dia.
– Levar ou buscar na escola pelo menos um dia na semana.
– Participar de eventos ou esportes junto com seus filhos.
– Procurar levar ou buscar em festas.
– Convidar amigos do filho para irem à sua casa.
– Viajarem juntos pelo menos uma semana das férias.
– Lembrar sempre que "toda criança deseja acreditar que alguém se importa o suficiente para ouvir, concordar, simpatizar, mostrar-se interessado por ela".

Como conciliar o desenvolvimento dos filhos com o desenvolvimento da carreira

– Regras de ouro: dividir as tarefas domésticas e principalmente os cuidados dos filhos com o pai deles e procurar ser eficiente, nunca perfeita( Acabou-se o mito da super mulher).
– Ter se possível, uma boa rede de apoio: empregada, babá, berçário, creches, familiares, escola, clube.
– Contar com a tecnologia moderna para facilitar o trabalho doméstico ( microondas, lavalouças, freezer, máquina de secar, etc).
– Procurar, quando possível, trabalhar próximo de casa.
– Procurar esquemas e modos alternativos de trabalho
– Buscar empresas que favoreçam conciliar família com carreira e que ofereçam horários mais flexíveis.
– Negociar com a chefia férias no mesmo período dos filhos.
– Aproveitar ao máximo finais de semana e feriado para ficar com a família.
– Nunca levar trabalho e problemas para casa.
– Adequar as demandas da carreira às da maternidade.

Atenção!
As respostas desta coluna não substituem uma consulta ou acompanhamento de um profissional de psiquiatria e não se caracterizam como sendo um atendimento.