Quais são os caminhos de tratamento para as depressões moderada e crônica?

por Dr. Joel Rennó Jr.

Resposta: A síndrome depressiva engloba alterações de humor (tristeza, irritabilidade, perda da capacidade de sentir prazer e apatia), além de outras manifestações psicológicas e comportamentais como alterações cognitivas (dificuldades de atenção/concentração), psicomotoras (retardo ou agitação psicomotora) e vegetativas (alterações do sono/apetite). Não se deve confundir o conceito de depressão com o de tristeza e luto. O luto em geral é um sentimento normal e absolutamente compreensível que faz parte da vida psíquica de todos nós decorrente das perdas ao longo de nossas vidas.

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Os estudos apontam maior risco de depressão para as mulheres havendo entre 1,6 e 2,6 mulheres deprimidas para cada homem. Há estimativas que 121 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem seus efeitos. Para muitos pacientes, a depressão tem um curso crônico e recorrente. Em estudos de seguimento, até 30% deles permanecem deprimidos após um ano; 18%, após dois anos; e 12%, após cinco anos. Muitos dos pacientes tratados para um episódio depressivo apresentam sintomas residuais e leves, que resultam em risco de recaída e até suicídio. Tais pessoas, por não terem apresentado completa remissão dos sintomas, têm um funcionamento psicossocial empobrecido, além de mortalidade elevada devido a outras doenças médicas. Por exemplo, hoje a depressão já é considerada por cardiologistas um fator de risco para infarto. Estudos recentes apontam que 45% dos infartados têm antecedentes de depressão. E tal fato independe de outros fatores de risco associados.

A Organização Mundial de Saúde (OMS), em um estudo de 1990 comparando todas as doenças médicas, relata que a depressão foi a quarta causa de incapacidade relacionada à saúde e estima que em 2020 alcançará a segunda colocação, perdendo apenas para os problemas cardíacos. Pessoas com depressão apresentam quatro vezes mais probabilidade de faltar ao trabalho do que pessoas não deprimidas.

O diagnóstico e o tratamento precoce da depressão devem ser prioridades dos sistemas de saúde. Tais programas sistemáticos ainda são muito precários no SUS (Sistema Único de Saúde), com raras exceções. Além disso, somente metade dos pacientes procura médicos, e apenas metade deles é diagnosticada como depressão. Infelizmente, alguns médicos ainda apresentam resistência em lidar com doenças mentais ou são técnicamente despreparados para o manejo correto da depressão. O ideal é que o tratamento da depressão crônica seja realizado por um psiquiatra. Isso envolve a quebra social de alguns preconceitos e estigmas envolvendo a psiquiatria em si e a própria doença mental.

O tratamento do transtorno depressivo crônico tem como base os enfoques farmacoterápico (uso de antidepressivos de forma contínua, com rigorosa monitorização dos efeitos colaterais, sintomas e benefícios) e psicoterápico. O índice de resposta aos antidepressivos varia de 50% a 65%.

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Nas depressões leves, a própria psicoterapia isolada pode ser benéfica, ao contrário das depressões moderadas e graves que requerem o uso concomitante de medicamentos.

Uma vez introduzida a medicação antidepressiva, a resposta ocorre entre duas e quatro semanas, embora alguns pacientes respondam em seis semanas. Tais informações importantes devem ser do conhecimento dos médicos e pacientes. Muitos acham que o tratamento não está funcionando por este motivo. Quanto à psicoterapia, os estudos controlados mostraram que tanto a psicoterapia cognitiva quanto a interpessoal são efetivas.

Quando a depressão é grave e não responde aos medicamentos antidepressivos, há alternativas como a eletroconvulsoterapia, conhecida como ECT (estímulos elétricos), e a própria estimulação magnética transcraniana (estímulos magnéticos). Tais métodos já foram abordados, anteriormente, em outros artigos meus.

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