Exercício físico pode ser usado como tratamento complementar de epilepsia

por Ricardo Arida

A epilepsia é uma doença neurológica crónica que induz a um estilo de vida sedentário e consequentemente a uma baixa aptidão física.

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Ela pode ser associada a várias outras doenças e comorbidades psiquiátricas. Distúrbios do humor, depressão e ansiedade, são comorbidades com alta incidência em pessoas com epilepsy (1,2). Vários efeitos benéficos do exercício para pessoas com epilepsia têm sido relatados, como redução da suscetibilidade às crises, melhoria da qualidade de vida e redução da depressão.

Tradicionalmente, a terapia farmacológica tem sido o tratamento mais utilizado para os distúrbios de humor. Entretanto, os tratamentos não farmacológicos, como o exercício físico regular, têm sido utilizados para reduzir os disturbios do humor. Ainda, a atividade física regular pode proporcionar benefícios para a saúde em geral como redução do risco de doenças cardiovasculares e endócrinas, melhora do sistema osteomuscular e prevenção de distúrbios psicológicos e emocionais.

Arida e colaboradores, pesquisadores da UNIFESP, publicaram recentemente um artigo de revisão em revista da área de epilepsia colocando uma proposta da contribuição do exercício físico para melhorar esse cenário (3). Nesse sentido, a relação entre os níveis de atividade física e transtornos de humor pode ser mediada em parte por alterações fisiológicas, tais como níveis mais baixos de acapacidade aeróbia. Portanto, um estudo recente publicado na revista Arquivos de Neuropsiquiatria do mesmo grupo, verificou a possível associação entre a aptidão cardiorrespiratória, nível de atividade física habitual, e variáveis de estado de humor em indivíduos com epilepsia do lobo temporal (4).

Os dados deste estudo mostraram que as pessoas com epilepsia apresentaram menores níveis de aptidão cardiorrespiratória em relação aos indivíduos saudáveis. Além disso, quando comparados com indivíduos saudáveis, os indivíduos com epilepsia apresentaram maiores níveis de distúrbios de humor (tensão/ansiedade) e níveis mais baixos de vigor/disposição. Ainda foi observado uma significativa correlação entre os níveis de tensão/ansiedade e consumo máximo de oxigênio, ou seja, quanto menores os níveis de aptidão cardiorrespiratória, maiores os níveis de tensão/ansiedade.

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Considerando a contribuição positiva da atividade física na epilepsia, é importante salientar que o exercício físico pode ser usado como tratamento complementar da epilepsia. Uma vez que o exercício físico pode exercer um impacto positivo no estado psicológico e controle das crises, é cabivel que os profissionais de saúde possam recomendar e incentivar programas de exercícios físicos para pessoas com epilepsia.

1. Gaitatzis A, Trimble, MR, Sander JW. The psychiatric comorbidity of epilepsy. Acta Neurol 2004;11:207-220.
2. Thapar A, Kerr M, Harold G. Stress, anxiety, depression, and epilepsy: investigating the relationship between psychological factors and seizures. Epilepsy Behav 2009;14:134-140.
3. Arida RM, Cavalheiro EA, Scorza FA. From depressive symptoms to depression in people with epilepsy: contribution of physical exercise to improve this picture. Epilepsy Res. 2012;99(1-2):1-13.
4. Vancini RL, de Lira CA, Andrade Mdos S, de Lima C, Arida RM. Low levels of maximal aerobic power impair the profile of mood state in individuals with temporal lobe epilepsy. Arq Neuropsiquiatr. 2015 Jan;73(1):7-11.