Meu filho experimentou maconha. Ele deve ser encaminhado a um psiquiatra ou psicólogo?

por Danilo Baltieri

"Meu filho tem 16 anos. Em uma conversa, ele confessou que experimentou a droga umas quatro vezes. Afirma não ser viciado. Ao tomar conhecimento, não aceitei. Apresentei vários artigos informando sobre as consequências do consumo de maconha para o organismo e pedi que me prometesse não fumar mais. Então ele disse que não iria prometer. Gostaria que o senhor me orientasse como proceder. Qual o profissional que poderia me ajudar: um psiquiatra ou psicólogo?"

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Resposta: Nesta faixa etária, os jovens pouco se preocupam com o que os seus pais pensam sobre o assunto “drogas”.

Eles são bastante influenciados pela pressão do grupo de amigos/pares, bem como argumentos, mesmo que inadequadamente embasados, em prol do uso da droga, além da própria necessidade de afirmação diante do grupo.

De qualquer forma, não tenha medo de conversar com o seu filho sobre o consumo de drogas e de bebidas alcoólicas, de forma clara e franca. Mesmo que ele seja fisicamente maior do que você, a sua opinião deve ter valor.

Sempre durante a conversa, certifique-se de que tanto você quanto o seu filho estão sendo ouvidos e têm a chance de externar opiniões. Converse com ele sobre as conseqüências do consumo de drogas na escola, no trabalho, enquanto pratica esportes ou desempenha outras atividades.

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Mantenha o vínculo com o seu filho, respeitando a liberdade dele para que ele não ache que você está tentando controlá-lo ou reprimi-lo. Quanto mais próxima do seu filho, menos ele cederá às pressões do grupo.

Você deverá ter alguns fatores ao seu favor, tais como: o bom e adequado relacionamento com o seu filho e confiáveis informações sobre o consumo de drogas nessa faixa etária. O conhecimento de boa qualidade associado com a adequada vinculação com o seu filho contribuirão para um melhor desenlace do fato.

É importante saber como está o desempenho do seu filho: na escola, trabalho e demais atividades. Além disso, quais estão sendo os modelos seguidos pelo jovem, quais estão sendo as suas principais dificuldades (relacionamentos, amigos, desempenhos), como estão sendo desenvolvidas as suas expectativas, como o seu pensamento/ideia está sendo organizado.

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Existem fatores protetores e de risco para o abuso de substâncias psicoativas. Dentre os fatores protetores estão: o estreito e adequado vínculo com os pais, os próprios hábitos saudáveis dos genitores, o bom desempenho acadêmico do jovem bem como habilidades acadêmicas e sociais adequadas. Dentre os fatores de risco estão: falta de suporte familiar, pobre desempenho acadêmico e falta de expectativas realistas, precoce comportamento impulsivo/agressivo, facilidade no acesso às drogas na própria comunidade ou entre os pares.

Tenha em mente os seguintes aspectos:

a) o uso maconha pode ser um problema relacionado com muitos outros pelos quais o usuário está passando;

b) se as provas do consumo inadequado forem evidentes, o familiar deve propor ao jovem a procura de um especialista, baseando-se nesses fatos. Esse especialista deve ser um profissional da área da saúde devidamente especializado na matéria; podendo ser um psiquiatra ou um psicólogo.

c) mostrar o quanto determinados comportamentos assumidos pelo usuário estão lhe provocando prejuízos, sem necessariamente relacioná-los ao consumo da maconha, pode melhor motivar o jovem a procurar ajuda especializada. Por exemplo, você poderia dizer ao seu filho que ele tem estado mais desanimado (por exemplo, por não querer mais estudar) e que isso pode estar relacionado com algum problema de saúde, sem atribuir este “desânimo” ao consumo da droga;

d) se os familiares fingirem que tudo está bem, fornecerem dinheiro para o usuário ou pedirem para que ele use a droga em casa, devem estar cientes de que estas condutas reforçarão a manutenção e piora do padrão de consumo.

SERVIÇO: Informe sobre dependência química em jovens no link http://nacoa.com.br