Amor: os opostos realmente se atraem?

por Grupo de Aprimoramento Junguiano sobre Questões Amorosas – Clínica Psicológica PUC/SP

Muitas das diferenças entre o comportamento masculino e feminino são determinadas pela genética. As mulheres, por exemplo, conseguem integrar melhor as informações vindas das duas metades do cérebro. Assim, elas são capazes de processar várias informações ao mesmo tempo e por isso conseguem decifrar sinais visuais e verbais com muita eficiência.

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É isso que explica aquele "sexto sentido" da mulher em perceber que algo está sendo escondido, mesmo que o homem diga que não há nada de errado acontecendo. Ela também é capaz de captar melhor todos os detalhes, o que faz com que até um simples corte de cabelo não passe despercebido, enquanto os homens parecem não notar nada de novo.

Além de outras diferenças biológicas, existem também as diferenças culturais. Dentro de cada cultura existem os papéis esperados para cada sexo, o que pode e o que não se deve fazer, quem deve tomar a iniciativa, a quem é permitido se envolver mais e demonstrar sentimentos. A divisão entre os papéis do homem e da mulher já foi muito mais rígida. Hoje estamos vivendo um movimento para se igualarem.

O que está acontecendo agora é que exatamente por isso estamos vivendo uma crise de papéis, já que tudo está mudando, mas ainda não sabemos como será. Os homens não sabem mais como se comportar perante uma mulher, e estas também ainda não sabem até onde ir.

O que temos que entender é que na verdade essa crise está aproximando homens e mulheres, pois enfatizar as diferenças é o que atrapalha os relacionamentos. Existem diferenças sim, mas também aspectos similares, como a busca pelo outro, comum a todo ser humano.

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Também não podemos confundir os princípios feminino e masculino, com a mulher e o homem respectivamente, visto que ambos os aspectos coexistem em todos nós e podem ser desenvolvidos em maior ou menor graus. Assim uma mulher de muita iniciativa e ação, desenvolveu tais aspectos masculinos em sua personalidade, o que é perfeitamente possível.

Portanto no relacionamento amoroso não deve ser enfatizada a diferença, mas sim o que os une, como o desejo de ficar junto enquanto o sentimento existir, respeitando a alteridade, já que o outro não está aí para nos servir e nem para satisfazer os nossos desejos.

O princípio Masculino, presente em homens e mulheres, se caracteriza pela capacidade de separar os elementos, e está ligado à busca de diferenciação pessoal e à afirmação da individualidade. Expressa o princípio do Logos. Como os homens apresentam maior afinidade com este princípio, é neles que se nota mais fortemente a necessidade de espaço para o exercício da individualidade, como quando eles não abrem mão de seus interesses, por exemplo, de sair com os amigos para ficar com a namorada.

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Já o princípio Feminino, chamado Eros, se caracteriza pela ênfase nos relacionamentos.

Numa relação, as duas necessidades aparecem: o desejo de intimidade e o de individualidade, Eros e Logos. Quando um dos dois expressa um dos princípios de forma muito exagerada, o outro tende a expressar o oposto. Por conta das condições culturais, geralmente é a mulher que cobra mais intimidade, encontros constantes, mais telefonemas, enquanto se queixa de pouco envolvimento do homem, por não colocar a relação no centro de sua vida.

O equilibrio entre as duas necessidades garantiria a ambos os parceiros a possibilidade de usufruir a intimidade sem perderem a autonomia e a liberdade pessoal, tão necessária para o desenvolvimento individual. O amor só floresce na liberdade.

Autores e integrantes do Grupo de Aprimoramento Junguianao PUC-SP : Carla Regino, Fernanda Menin, Helena Girardo de Brito, João Paiva, Lilian Loureiro, Luiz André Martins, Mariana Leite, Marina Winkler, Priscila Parro e Thiago Pimenta – sob a coordenação da profa. Dra. Noely Montes Moraes