O que está errado com a autoajuda e as receitas de felicidade?

Guias de autoajuda, frases motivadoras, pensamentos inspiradores, livros de receita e “correntes”, apresentações e mais textos filosóficos…

Onde estarão as respostas que todos procuramos, principalmente nos dias agitados, competitivos e estressantes do Século XXI? Será que o Bob Dylan é que tem razão: “A resposta, meu amigo, está soprando no vento”? Frase da mais célebre canção do compositor – Blowin’ In The Wind.

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“Você é Insubstituível”, “Como Deve Ser Bom Ser Você”, “O Sentido da Vida”, “Dez Maneiras de Aumentar Sua Autoestima”, “1001 Maneiras de Ser Feliz”. A lista é infindável — títulos e mais títulos dentre os mais vendidos da semana, e ainda assim, Prozac e outros antidepressivos batem recordes de vendas em todo mundo.

Será que a massificação das sugestões e receitas pode atender a individualidade de cada um de nós? Aparentemente, não existe uma resposta tipo “tamanho único” que serve a todos tamanhos e gostos.

Não sugiro que todas essas publicações sejam lançadas na fogueira da inquisição, em nome da intelectualidade arrogante ou do ceticismo desesperado. Também não posso recomendar nenhuma delas como a cura certa e definitiva para os males da autoestima, da desilusão com as pessoas, de sonhos frustrados, de sentimentos de impotência na luta pela sobrevivência no mercado de trabalho. Cada um tem que encontrar a sua resposta.

Autoconhecimento: mãe de todas as receitas 

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No entanto, a tentação de se receitar em artigos sobre esses temas é muito grande. Sucumbindo a esta tentação, sem medo de ser contraditório, queria reforçar a “Mãe de Todas Receitas de autoajuda”: Conhece-te a ti Mesmo.

Não se resolve um problema cuja causa desconhecemos. Podemos usar paliativos para aplacar seus sintomas, podemos aprender a conviver com ele, mas só mirando na causa é que acertaremos o alvo da eliminação do problema.

Por que minha autoestima é baixa? O que é que me deixa insatisfeito com minha maneira de ser, com minha aparência, com minhas competências e relações interpessoais ou com meu currículo profissional? Por quê? O que é que eu ganharia se essas condições fossem alteradas? O prêmio da mudança valeria a pena o esforço para revertê-las? Afinal, nada de realmente importante e valioso se obtém sem esforço.

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A resposta honesta e profunda a estas questões, que se dá a si mesmo, às vezes com a ajuda de um amigo de verdade ou profissional imparcial – Psicoterapeuta, Mentor, Conselheiro Religioso – é o começo da real e efetiva autoajuda; não aquela de almanaques, folhinhas, ou livros bonitinhos, que têm seu valor, porém limitado como drops que se dissolvem e perdem o gosto em pouco tempo.

Formas de autoconhecimento são infinitas

Pode-se dizer que existem tantas formas de autoconhecimento quanto pessoas querendo obtê-lo. Quem não respondeu àqueles testes de revistas que se lê em salas de espera de dentista: “Eu sou tímido?”, “Tenho potencial de crescimento?”, ou quem ainda não procurou saber as características de seu signo zodiacal ou do horóscopo chinês, ou ainda, quem ainda não foi submetido a uma avaliação de competências em sua empresa para avaliar seu talento?

Entretanto, novamente, se há uma receita para esta difícil missão, ela não escapa de olhar-se no espelho, falar sinceramente com seus próprios botões – e de preferência, aqueles que quando apertados ligam algo em você – e refletir profundamente sobre quem é você, o que quer e para onde vai.

Para alguns, colocar no papel é fundamental, para outros, trocar ideias com um confidente é importante, e também não se deve descartar instrumentos psicológicos sérios, aplicados e interpretados por profissionais competentes. De qualquer maneira, parodiando Dylan, a resposta, meu amigo, está soprando dentro de você. É você que faz o balanço de sua conta bancária com o mundo – seus débitos e créditos – para decidir que tipo de cliente do planeta quer ser.

O retrato mais fiel de suas próprias vantagens e limitações e a comparação com a condição almejada, lhe darão a dimensão real de quanto esforço lhe custará e o colocarão na direção de aumentar a autoestima, melhorar seus relacionamentos, falar melhor Inglês, obter uma certificação importante, ou qualquer outro desafio que encontrar pela frente.

Geralmente, sabemos o que temos a fazer para mudar a situação, só não temos a motivação suficiente para fazê-lo e ela está dentro de nós mesmos – só falta conhecer-se para conhecê-la.