Tratamento naturopático para amebíase – Parte II

por Gilberto Coutinho

Inicio a segunda parte deste texto sobre amebíase falandosobre seus sintomas. Para ler a primeira parte – clique aqui.

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Sintomatologia

Em geral, as manifestações clínicas da disenteria amebiana (amebíase) incluem: evacuações constantes e/ou diarreias intensas, contendo muco e sangue; dores abdominais do tipo cólicas; distensão abdominal com formação de gases intestinais e tenesmo (necessidade urgente e contínua de evacuar).

Caso a amebíase não seja combatida e/ou tratada adequadamente, pode tornar-se crônica, apresentando períodos de exarcebação, e evoluir para lesões hepáticas com manifestação mais ou menos aguda: dores hepáticas, aumento do volume do fígado (hepatomegalia) e subicterícia.

Diagnóstico

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Na fase aguda, a amebíase, em geral, pode ser confundida com a disenteria bacilar, salmoneloses (infecções causadas por micro-organismos do gênero Salmonella), síndrome do cólon irritado e esquistossomose. A retossimoidoscopia com o exame imediato do material coletado apresenta bons resultados e pode esclarecer cerca de 85% dos casos. Outros exames complementares, como radiografias, tomografias, ultrassonografias e ressonância magnética constituem métodos de diagnósticos auxiliares que podem ajudar na identificação e na localização, o número e o tamanho dos abscessos, como também distingui-los de outras doenças. Recomenda-se a *punção hepática apenas nos casos em que não há regressão da doença, após tratamento adequado da amebíase.

O diagnóstico laboratorial é realizado com a coleta e análise microscópica das fezes (sendo que o resultado correto depende muito da competência do microscopista, é o mais usado, tem por objetivo identificar trofozoítos ou cistos), soros e exsudatos (substâncias resultantes de um processo inflamatório). A coleta e o condicionamento adequados das fezes são muito importantes. Essas devem ser coletadas sem urina, sem contaminação da água do vaso sanitário e de outros materiais, nunca após o contato com o solo, pode contaminar as fezes com amebas de vida livre. Vários testes sorológicos podem também ser utilizados, incluindo a aglutinação em látex e testes com anticorpo fluorescente, úteis quando o intestino não é afetado e o paciente não elimina amebas nas fezes.

Epidemiologia

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A amebíase é endêmica (ocorre frequentemente em certas regiões e/ou populações) e, geralmente, não causa epidemias. As pessoas mais atingidas são aquelas que trabalham diretamente com rede de esgoto, coletas e reciclagem de lixo, manicômios (com pacientes portadores de doença mental), banheiros públicos, escolas, albergues, presídios, ambientes hospitalares e locais onde os hábitos de higiene pessoal e saneamento básico são precários.

Coelhos, gatos, cães, suínos, primatas e roedores são animais sensíveis à Entamoeba histolytica. Os “portadores assintomáticos” de amebíase são os principais responsáveis pela contaminação de alimentos e disseminação dos cistos. Tais cistos podem viver cerca de 20 dias ao abrigo da luz solar e em condições de umidade.

Terapêutica

O tratamento medicamentoso deve ser específico para os três tipos de amebíase: amebicidas que atuam diretamente no interior (luz) intestinal; amebicidas tissulares (que atuam nos tecidos); e amebicidas que atuam tanto na luz intestinal quanto nos tecidos.

Profilaxia

As parasitoses intestinais são amplamente difundidas em crianças e adultos de todas as classes sociais. A prevenção da amebíase deve compreender: programa de educação sanitária (escolar e familiar), implementação de uma adequada engenharia sanitária (saneamento básico adequado, ou seja, rede de esgoto, impedindo-se a deposição de fezes e urina na terra ou em cursos de água) e tratamento da água. Além disso, medidas de higiene pessoal, tais como: consumo apenas de água filtrada, ou esfriada após fervura, hábitos regulares de lavar bem as mãos antes de comer e após defecar, higienização das frutas e verduras antes de seu consumo e tratamento adequado dos doentes infectados, evitando-se assim a disseminação da doença.

Seria muito oportuno submeter pessoas e profissionais que manipulam alimentos a exames clínicos regulares com o intuito de prevenção e detecção de algum possível “portador assintomático” de amebíase que pudesse estar atuando como fonte de disseminação.

Combater moscas, baratas e roedores, que frequentam lixos, dejetos humanos, alimentos dentro de casa, mercados e restaurantes. É possível evitar a ingestão de cistos ao lavar e higienizar bem todos os alimentos crus. Verduras e frutas devem ser higienizadas, ou seja, mergulhadas por 15 minutos numa solução de 0,3 g de permanganato de potássio para cada 10 litros de água ou três gotas de iodo por litro de água. Ou ainda, utilizar uma solução de hipoclorito de sódio para eliminar larvas e bactérias: para cada litro de água, adicionar uma colher das de sopa de água sanitária e misturar bem; mergulhar nessa solução legumes, hortaliças e frutas e deixar por 15 minutos. Logo em seguida, lavar os alimentos com água filtrada ou potável. Para retirar completamente o cheiro de cloro dos alimentos, mergulhá-los numa solução com vinagre: duas colheres das de sopa de vinagre para cada litro de água, por alguns minutos, e enxaguar bem com água tratada. Com essa medida de higienização, os cistos morrem. Logo em seguida, devem-se lavar bem as verduras e frutas com água corrente tratada ou filtrada.

Medidas para se evitarem as parasitoses:

a) Manter limpas e higienizadas as instalações sanitárias, lavar as mãos após utilizá-las, antes de comer e após defecar;

b) Comer de preferência alimentos cozidos;

c) Beber somente água filtrada ou esfriada após fervura;

d) Manter as unhas cortadas e limpas;

e) Conservar os alimentos longe de insetos e poeiras; por tal razão, deve-se manter as panelas contendo alimentos tampadas;

f) Comer de preferência verduras frescas, higienizadas e lavadas em água corrente tratada ou filtrada e cozinhar bem os alimentos;

g) Evitar andar descalço e não pisar nem nadar em águas paradas;

h) Manter os alimentos e depósitos de água cobertos;

i) Combater os insetos e roedores;

j) Lavar os utensílios domésticos;

l) Ferver ou lavar bem roupas íntimas e de cama. Colocando-se em prática essas recomendações, pode-se evitar o contágio dessas parasitoses intestinais.

Evite a automedicação

A automedicação é um hábito muito perigoso. Segundo a “Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA)”, estima-se que no Brasil, essa prática seja responsável por cerca de 30% dos casos de intoxicação. Além desse problema, utilizar medicamentos por conta própria pode causar dependência, efeitos colaterais graves, reações alérgicas e até morte. Por isso, é preciso combater a automedicação e somente fazer uso de remédios e medicamentos sob a orientação e a prescrição de um profissional da área de saúde, após uma minuciosa avaliação clínica.

*Punção: Intervenção com instrumento pontiagudo em órgão ou tecido, com o fim de lhe extrair líquido ou matéria purulenta. Fonte iDicionário Aulete