Crianças e jovens brasileiros ainda praticam pouco esporte

por Renato Miranda

Quando uma cidade promove os Jogos Olímpicos há uma grande expectativa em torno da promoção do exercício físico e do desenvolvimento do aprendizado esportivo principalmente entre os jovens do país da cidade-sede.

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Muito embora haja pesquisas conflitantes em relação ao aumento do número e praticantes de esportes e exercícios após os Jogos Olímpicos, é notável a expectativa a respeito de tudo aquilo que envolve o esporte e o exercício físico.

Seja no investimento em estruturas esportivas, principalmente em escolas, seja na formação de profissionais ou no surgimento de uma nova cultura esportiva.

Em textos anteriores escritos nesta coluna publicados em meu livro – Reflexões do esporte para o desenvolvimento humano (Editora CRV) – já abordei alguns assuntos relacionados sobre o impacto, ou possíveis impactos, dos Jogos Olímpicos na prática esportiva de uma maneira geral. No entanto, se considerarmos apenas o incremento da ampla possibilidade do aprendizado em esportes entre crianças e jovens já podemos considerar uma grandiosa conquista.

Em uma especulação advinda de 35 anos de vivência esportiva, posso considerar de uma forma geral, que crianças e jovens brasileiros ainda praticam pouco esporte. Numa rápida observação, constatei em um grupo de 50 crianças de 10 a 14 anos, de ambos os sexos, de duas escolas da rede privada de ensino, apenas quatro crianças praticavam esportes em um sistema formal de iniciação esportiva (vinculados a alguma instituição esportiva).

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Resumo da causa dessa suposta realidade de baixo índice de praticantes esportivos: precárias condições de estrutura esportiva e formação profissional deficitária para o desenvolvimento do esporte em escolas e instituições de um modo geral.

Nesse sentido a expectativa é que surja uma nova consciência (cultura) sobre o significado do esporte (leia-se também exercício físico). Em poucas palavras: reconhecimento do esporte como atividade fundamental para as crianças e jovens, reconhecimento da importância da profissão como algo importante socialmente.

Atualmente no Brasil, os baixos salários, por exemplo, para aqueles que trabalham com crianças esportivamente ativas, afastam as pessoas com talento para serem professores ou técnicos dos cursos de educação física e esportes e em muitas situações, mesmo nas universidades, os estudos, projetos e pesquisas em esportes são considerados de pouca valia.

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Portanto, a expectativa é que com os Jogos Olímpicos, haja um despertar ou uma guinada na cultura, no investimento e na tradição do esporte brasileiro. Não é uma expectativa no sentido de incentivar o esporte para formar campeões. É isso também, mas o significado mais relevante é a promoção da saúde física e psíquica para as pessoas.

Nossa tradição é avaliar que a preocupação desde cedo com a saúde e o aprendizado esportivo é algo associado à despreocupação com a intelectualidade, como se isso fosse possível. Pensar assim é absurdamente ridículo.

Pessoas esportivamente ativas, independentemente da idade, têm ânimo e energia (motivação) para enfrentar desafios e aprendizagens. Dormem mais rápido e profundamente e com isso protegem melhor o cérebro das demandas do estresse – o que é fundamental para as atividades intelectuais – concentram-se com maior facilidade, sofrem menos com doenças causadas pelo sedentarismo e tantos outros benefícios que qualquer discurso socialmente desejável contém.

Todavia é preciso agir! E a principal ação é promover o esporte como investimento de transformação pessoal e social do país!