Liderança é inata ou aprendida?

por Roberto Santos

Resposta: Esta talvez seja uma das perguntas mais antigas sobre o tema de liderança. Nascemos líderes ou aprendemos a ser líderes?

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Talvez a pergunta ainda mais importante é o que vem a ser um bom e verdadeiro líder, não um chefe, pois se alguém recebe um cargo com responsabilidade sobre outras pessoas, ele de cara se transforma em chefe, mas não necessariamente um líder.

E quantos chefes-mala existem por aí, arrasando com a vida de pessoas e a saúde dos negócios que chefiam…

Para haver um líder devem haver liderados ou seguidores, não por falta de alternativa, mas por que querem ser comandados, inspirados e motivados por um verdadeiro líder. Líderes precisam produzir resultados, portanto para ser líder não resolve apenas ser o chefe bonzinho que agrada a toda a equipe. Esse tipo de líder pode até ser apreciado pelos membros da equipe, mas quando menos esperam, perdem o líder e/ou emprego, pois sem resultados nenhum negócio se sustenta. Para gerar resultados, o líder precisa cercar-se dos melhores talentos. Para conseguir isso, ele/a precisará ser capaz de atrair e reter essas pessoas capazes de alta performance.

Aí voltamos à sua pergunta: as pessoas nascem sabendo como fazer isso, atrair e reter os melhores talentos e inspirá-los e motivá-los a produzir resultados competitivos que garantirão seu lugar no mercado numa posição de destaque? Claro que não nascemos com conhecimentos sobre gestão de pessoas ou conhecendo ferramentas para dar conta daquele desafio.

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Entretanto, existem certas características de personalidade que se desenvolvem desde nossa primeira infância que facilitam as condições para uma pessoa se tornar um líder no futuro — são necessárias, mas não suficientes.

E quais são essas características de personalidade que devemos buscar em líderes?

– Um equilíbrio emocional que lhes conceda um tratamento uniforme a seu pessoal, mesmo sob estresse, e que sua avaliação de seus liderados não varie com a direção do vento;

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– São pessoas que querem estar à frente dos projetos e tomam iniciativas com determinação para realizar o que precisa ser feito;

– Essas pessoas falam o que pensam mas, mais importante, escutam o que os outros têm a dizer e o fazem com sensibilidade e empatia;

– São modelos de responsabilidade e atenção às regras;

– Têm uma visão sobre o futuro e buscam inspirar seus liderados/as naquela direção;

– Finalmente, focalizam seu autodesenvolvimento e aquele de sua equipe, em aspectos técnicos e dos negócios.

Todos nascemos com este DNA de liderança? Com certeza não. Os que nascem são líderes natos? Não necessariamente, pois podem não ser motivados para buscar posições de liderança e precisam ainda cumprir outros requisitos para tal. E aqueles que querem muito ser líderes e não possuem essas características de personalidade poderão aprender a ser líderes? Creio que sim. Dependendo de quais dessas características, a dificuldade pode ser maior, mas podemos aprender a demonstrar comportamentos diferentes daqueles que nossas preferências básicas de personalidade indicam.

Infelizmente, o perfil que se vê com uma frequência maior do que a desejada nos chefes-mala presentes em milhares de cargos de níveis bem altos, é bem diferente da descrição acima. Esses chefes são temperamentais, tratores que deixam rastros de sangue em sua ambiciosa determinação desregrada, que pouco se interessam por seus liderados (suas ideias, seus problemas, expectativas, etc), que se arrogam o direito a regras e precedentes especiais e, finalmente, pouco investem no desenvolvimento de seu pessoal, ainda que não deixem de criticar seus subordinados por seus próprios erros.

Portanto, caro leitor, o maior dilema não é saber se um chefe tem liderança nata ou aprendida, mas como evitar que as empresas conduzam "chefes-mala" a posições de liderança e que lá sejam mantidos enquanto provocam tantos estragos.