O que pode dar errado na cirurgia de plástica?

Da Redação

A retirada de grandes quantidades de gordura e o envolvimento de partes delicadas do corpo, como o tronco, fazem da lipoaspiração uma cirurgia que só deve ser praticada por cirurgiões plásticos que possuem o título da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. "Nas grandes lipoaspirações, assim como nas abdominoplastias, por conta da compressão abdominal podem ocorrer flebite, embolia gordurosa e principalmente o TEP (trombo embolismo pulmonar)", afirma o médico João de Moraes Prado Neto, presidente da SBCP-SP.

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De acordo com Prado Neto, a idéia de que a lipoaspiração é uma cirurgia simples, está complementamente equivocada. Os exames pré-operatórios devem ser realizados e o hospital escolhido deve obedecer normas rígidas, como possuir equipamentos de anestesia atualizados e monitores multiparamétricos.

Além disso, a equipe anestésica deve ser habilitada, pois como em qualquer outra cirurgia há riscos do paciente apresentar complicações como, por exemplo, alergia ao anestésico, etc.

O que pode dar errado na cirurgia de plástica?

Finalmente chega o dia marcado para a tão sonhada cirurgia plástica. Todos os exames de rotina foram realizados, como eletrocardiograma, hemograma, coagulograma, urina e glicemia, conforme solicitação do médico. O que pode acontecer de errado? "Há sempre um risco calculado para toda e qualquer atividade realizada e a função de um bom médico é reduzir esses riscos", explica Prado Neto.

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Uma simples vitamina E ou uma substância para dar mais pique como o ginseng pode interferir no sucesso de uma cirurgia. Botox® , preenchimentos e linhas de sustentação podem afetar de forma negativa o resultado e precisam ser eliminados por completo do organismo antes da intervenção cirúrgica.

Medicamentos que interferem na coagulação do sangue e podem causar sangramentos excessivos

É de extrema importância relatar ao médico cirurgião quais os medicamentos que o paciente está tomando antes de se submeter a qualquer procedimento cirúrgico, afirma o cirurgião. Aos olhos dos leigos, esses medicamentos não fazem mal ou não apresentam riscos para um bom resultado na cirurgia.

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Já eram conhecidas as contra-indicações do ácido acetilsalicílico, de antiinflamatórios e também de alguns antidepressivos – incompatíveis com algumas drogas anestésicas – no pré-operatório. Mais recentemente, descobriu-se que o ginseng, a gincobiloba, e a vitamina E, também podem interferir na coagulação do sangue, causando hemorragias

"O uso desses medicamentos deve ser suspenso 15 dias antes da realização da cirurgia, para que o corpo metabolize totalmente a droga, principalmente no caso do ginseng que demora para ser eliminado no organismo", explica o cirurgião plástico Cecin Daoub Yacoub.

Pacientes considerados de risco

Os fumantes são considerados pacientes de risco para a realização de qualquer tipo de intervenção cirúrgica, bem como os obesos, os pacientes que apresentam grande quantidade de varizes e mulheres que fazem uso de hormônios para reposição na fase da menopausa. "Esses pacientes apresentam grande chance de desenvolverem uma embolia durante a realização de cirurgias consideradas de grande porte", explica Prado Neto.

Fumantes que usam anticoncepcional

No caso das fumantes, que utilizam anticoncepcionais, o risco de formação de coágulos é ainda maior. O médico é enfático ao afirmar que não realiza cirurgia de abdome e lifting facial neste grupo. "Por exemplo, na plástica de abdome há muitas artérias seccionadas tanto verticalmente quanto horizontalmente, por isso há a necessidade do paciente possuir boas artérias que nutram o local. No caso dos fumantes, as artérias se fecham reduzindo em 50% o fluxo de oxigênio", afirma o presidente da entidade.

Pacientes que necessitam de atenção especial e a presença de médicos de outra especialidade

Alguns pacientes necessitam de atenção especial antes e durante a cirurgia, e devem sim ser assistidos por outro médico, como no caso de pacientes que apresentam problemas cardíacos e devem ser acompanhados por um médico cardiologista durante a cirurgia. Como também no caso de pacientes diabéticos graves, onde é importante a presença de um médico endocrinologista na cirurgia, além de acompanhar de perto o pós-operatório.

"Não há nada que impeça esses pacientes de se submeterem a uma cirurgia plástica, mas, usualmente, solicito que consultem também um especialista para que ele peça mais exames", afirma Yacoub.

Cuidados específicos para alguns tipos de cirurgia

Para um paciente que irá se submeter a uma plástica de pálpebra (blefaroplastia), pode haver a necessidade, por exemplo, de solicitar exames para verificar a existência de catarata, glaucoma, entre outras enfermidades.

No caso da cirurgia de nariz, o cirurgião plástico deve fazer uma análise do órgão do ponto de vista funcional, além de solicitar se necessário, exames mais aprofundados ao otorrinolaringologista.

Pacientes "inoperáveis"

Há casos em que é praticamente impossível operar alguns pacientes. Segundo a Sociedade Americana de Anestesiologia, os pacientes são divididos em cinco classes de acordo com o risco que apresentam ao se submetrem a uma cirurgia. Essa classificação vai de ASA 1 a ASA 5, e os classificados acima de ASA 3 apresentam um alto risco para a realização de intervenções por apresentarem um histórico extenso de doenças. Ocorrências como enfarte, angioplastia, cateterismo, diabetes, hispertensão e até idade avançada compõem um histórico de risco.

"Houve um caso bem incomum em que o paciente realizou todos os exames de rotina solicitados por mim e nada foi identificado. No momento exato do primeiro corte, em função de minha experiência, percebi um sangramento em excesso e não operei. Mais tarde, após solicitar um exame mais abrangente, foi identificada nessa paciente uma disfunção rara de coagulação no sangue. Cabe também ao médico ter bom senso e decidir quando deve parar", complemente Prado Neto.

De cada 100 pacientes, em média, que procuram um médico cirurgião plástico para realizar alguma intervenção, apenas 2% deles são vetados.

Botox® e preenchimentos

Nos casos de pacientes que estão sob efeito de Botox® e preenchimentos é necessário aguardar passar o efeito das substâncias. No caso do Botox®, é necessário esperar 6 meses para que o medicamento deixe de agir sob a face. É a partir dos contornos reais do rosto do paciente que o cirurgião plástico pode atuar com mais segurança de resultados positivos.

Nos casos em que o paciente possui fios de sustentação no rosto, a cirurgia é ainda mais delicada. "Quando descolamos a pele da face, encontramos uma trama de fios o que limita muito o médico na realização da cirurgia de lifting", explica o médico.