O que é preciso, de fato, para conquistar alguém?

por Roberto Goldkorn

Recentemente estive no programa do Ronnie Von. O assunto: como conquistar as mulheres, baseado num *livro meu.

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Na verdade a minha preocupação nunca foi a conquista em si, ou a falsa conquista, aquele que lhe dá a sensação de ter conquistado um corpo ou algumas horas de 'prazer'.

Sempre foquei a minha atenção e curiosidade nos mecanismos sutis ou não desse processo. Mais ainda da conquista como arte de manter ao seu lado ao longo do tempo, as pessoas que são amadas e que lhe fazem felizes.

Reconheço que o sexo é um elemento importante e fator preponderante no sucesso ou no fracasso de muitas relações afetivas. Mas ainda assim, mesmo depois de tantos anos de sofisticação e investimento, não existe uma forma, a universal e perfeita, que possa ser oferecida como 'infalível' na arte da conquista e da manutenção dessa conquista.

Quando souberam que eu iria no Ronni Von, um grupo de amigas se desmanchou em elogios a ele. A maioria falou que seria facilmente seduzida por ele, pela educação, pela beleza e charme que perduram ainda, e por uma série de fatores inefáveis que fazem parte da aura do indivíduo.

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Mas de repente duas da moças que ali estavam protestaram, quando alguém disse que ele era o objeto de consumo de toda mulher. Uma das dissidentes disse: "Eu não cairia nos braços dele de jeito nenhum, ele não faz o meu tipo. Ele é muito certinho, muito mauricinho, muito educadinho. Prefiro homens mais rústicos, daqueles que tem cheiro de homem, e que me joguem contra a parede. Prefiro homem que tenha 'pegada' " (seja lá o que isso signifique).

Isso é bem ilustrativo do que eu falo no livro. Nenhuma técnica é perfeita nada é absolutamente aplicável a todos e todas. No programa o Ronnie perguntou se mandar flores ainda era infalível. "Não", respondi, "na verdade nunca foi". Isso só funciona com quem está afim, ou para aquelas que estão vivendo o transe cultural onde mandar flores significa um monte de coisas dentro do contexto amoroso. Mas para algumas pessoas é até contraproducente.

O que é preciso é estabelecer um perímetro, definir o seu 'mercado' e aí usar ou adaptar as ferramentas pessoais às necessidades e idiossincrasias desse 'mercado'. Mesmo os defeitos mais graves num homem podem encontrar admiradoras, e vice-versa. A minha vida toda cresci ouvindo das mulheres que elas odeiam homens que coçam o saco em público. Outro dia ouvi o contrário. Uma linda mulher me confidenciou: "Fico eletrizada por homens que dão aquela coçadinha…"

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Mas se não existe técnica infalível como é que tem tanta gente sozinha? Mas podemos alargar mais ainda o âmbito dessa questão: como é que tem tanta gente infeliz com a atual relação, ou seja, mesmo acompanhado (a) sente-se miserável.

Naturalmente ainda há muitos mistérios na natureza humana e nos mecanismos que regem as relações, mas há algumas pistas.

Não há espaço aqui para falarmos dos fatores espirituais (que são muito influentes). Mas há características que cito em outros livros e gostaria de repetir aqui, que podem compor um quadro explicativo.

As pessoas que sofrem da doença da solidão, e que são 'incompetentes' na arte da conquista, na manutenção da conquista, têm algumas características comuns:

Em primeiro lugar costumam ser 'desrespeitosas'. Nessa categoria entram diversos subprodutos, como o ciúme, a possessividade extrema, a violência contra o outro (vigiar o sigilo do outro invadindo seus e-mails, ou vasculhando a sua bolsa e carteira).

O desrespeito é uma das razões para a solidão ou o fato de estar em má companhia. Outro fator é a falta de generosidade. Pessoas mesquinhas, avaras (não me refiro só aos fatores materiais) que não se sentem bem em dividir, em compartilhar, e estão sempre tentando levar vantagem mesmo no relacionamento, já carimbaram seu passaporte.

A ausência do bom humor resseca a alma e endurece as dobradiças dos relacionamentos, sem humor a solidão mais cruenta é inescapável. O egocentrismo exacerbado, querer que tudo gire em torno de si mesmo, ignorando o outro, as dores e necessidades particulares do outro. Essa face infantil é desastrosa, e pessoas assim ou ficam sozinhas ou atraem outras mais doentes ainda para a sua vida.

Pessoas egocêntricas não conseguem pensar em outra coisa que não seja em si mesmas, em suas satisfações ou seus desejos. São sempre calamitosas sexual e existencialmente falando. Pessoas sem consciência, sem simancol como se dizia antigamente, são as piores, pois tem tudo isso já citado e nem ao mesmo desconfiam que são lesadas. Por isso não conseguem fazer um link causal entre as suas mazelas, suas desesperadoras noites vazias, e o seu comportamento pernicioso. E estão sempre perguntando: Meu Deus o que há de errado comigo? Por que eu não consigo ser feliz? Por que ninguém me ama, ninguém me quer?

Deus manda inúmeras mensagens, avisos de alerta, toques dos sutis aos mais ostensivos, mas helàs, elas não estão nem aí. Quando sou procurado por pessoas com esse perfil, e peço que entrem em contato com o seu interior, que façam uma checagem sincera e corajosa de seus comportamentos, elas me olham com um olhar estranhado. Mas dizem, "Eu não estou entendendo, eu vim aqui para você me ajudar a conquistar fulano, ou para reconquistar sicrano, ou para me tirar da solidão", como diz a música da Ivete.

Continuam sem entender nada, querem um milagre, e mais que isso querem algo que não pode existir pela sua própria natureza.

Mas reconheço que há muitos e muitas que não apresentam esses sintomas fatais, e ainda assim estão sós, ou mal acompanhados. Para esse eu sempre repito, o "tempo de Deus é perfeito", não tente compreender apenas aceite, e aproveite para arrumar a casa, e lustrar os instrumentos da mente, e do coração. Prepare-se para receber no seu devido tempo o visitante ilustre. No momento certo ele ou ela irá aparecer e se não for o original tenha a dignidade de recusar a imitação, para não sentir saudades depois do tempo da solidão.

Peço sempre que a pessoa aceite o fato de que para tudo há uma razão, mesmo que a sua ou a nossa razão não possa atinar. Tudo tem uma origem, e somos agora a soma ou a subtração do que fomos ou deixamos de ser.

Mas se depois de tudo isso você ainda quiser uma receita aí vai:

Ame generosamente a sua vida e, ao se olhar no espelho, seja sincero: não é muito engraçado aquele sujeito ou sujeita ali?

 

O que é preciso, de fato, para conquistar alguém?

por Roberto Goldkorn

Recentemente estive no programa do Ronnie Von. O assunto: como conquistar as mulheres, baseado num *livro meu.

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Na verdade a minha preocupação nunca foi a conquista em si, ou a falsa conquista, aquele que lhe dá a sensação de ter conquistado um corpo ou algumas horas de 'prazer'.

Sempre foquei a minha atenção e curiosidade nos mecanismos sutis ou não desse processo. Mais ainda da conquista como arte de manter ao seu lado ao longo do tempo, as pessoas que são amadas e que lhe fazem felizes.

Reconheço que o sexo é um elemento importante e fator preponderante no sucesso ou no fracasso de muitas relações afetivas. Mas ainda assim, mesmo depois de tantos anos de sofisticação e investimento, não existe uma forma, a universal e perfeita, que possa ser oferecida como 'infalível' na arte da conquista e da manutenção dessa conquista.

Quando souberam que eu iria no Ronni Von, um grupo de amigas se desmanchou em elogios a ele. A maioria falou que seria facilmente seduzida por ele, pela educação, pela beleza e charme que perduram ainda, e por uma série de fatores inefáveis que fazem parte da aura do indivíduo.

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Mas de repente duas da moças que ali estavam protestaram, quando alguém disse que ele era o objeto de consumo de toda mulher. Uma das dissidentes disse: "Eu não cairia nos braços dele de jeito nenhum, ele não faz o meu tipo. Ele é muito certinho, muito mauricinho, muito educadinho. Prefiro homens mais rústicos, daqueles que tem cheiro de homem, e que me joguem contra a parede. Prefiro homem que tenha 'pegada' " (seja lá o que isso signifique).

Isso é bem ilustrativo do que eu falo no livro. Nenhuma técnica é perfeita nada é absolutamente aplicável a todos e todas. No programa o Ronnie perguntou se mandar flores ainda era infalível. "Não", respondi, "na verdade nunca foi". Isso só funciona com quem está afim, ou para aquelas que estão vivendo o transe cultural onde mandar flores significa um monte de coisas dentro do contexto amoroso. Mas para algumas pessoas é até contraproducente.

O que é preciso é estabelecer um perímetro, definir o seu 'mercado' e aí usar ou adaptar as ferramentas pessoais às necessidades e idiossincrasias desse 'mercado'. Mesmo os defeitos mais graves num homem podem encontrar admiradoras, e vice-versa. A minha vida toda cresci ouvindo das mulheres que elas odeiam homens que coçam o saco em público. Outro dia ouvi o contrário. Uma linda mulher me confidenciou: "Fico eletrizada por homens que dão aquela coçadinha…"

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Mas se não existe técnica infalível como é que tem tanta gente sozinha? Mas podemos alargar mais ainda o âmbito dessa questão: como é que tem tanta gente infeliz com a atual relação, ou seja, mesmo acompanhado (a) sente-se miserável.

Naturalmente ainda há muitos mistérios na natureza humana e nos mecanismos que regem as relações, mas há algumas pistas.

Não há espaço aqui para falarmos dos fatores espirituais (que são muito influentes). Mas há características que cito em outros livros e gostaria de repetir aqui, que podem compor um quadro explicativo.

As pessoas que sofrem da doença da solidão, e que são 'incompetentes' na arte da conquista, na manutenção da conquista, têm algumas características comuns:

Em primeiro lugar costumam ser 'desrespeitosas'. Nessa categoria entram diversos subprodutos, como o ciúme, a possessividade extrema, a violência contra o outro (vigiar o sigilo do outro invadindo seus e-mails, ou vasculhando a sua bolsa e carteira).

O desrespeito é uma das razões para a solidão ou o fato de estar em má companhia. Outro fator é a falta de generosidade. Pessoas mesquinhas, avaras (não me refiro só aos fatores materiais) que não se sentem bem em dividir, em compartilhar, e estão sempre tentando levar vantagem mesmo no relacionamento, já carimbaram seu passaporte.

A ausência do bom humor resseca a alma e endurece as dobradiças dos relacionamentos, sem humor a solidão mais cruenta é inescapável. O egocentrismo exacerbado, querer que tudo gire em torno de si mesmo, ignorando o outro, as dores e necessidades particulares do outro. Essa face infantil é desastrosa, e pessoas assim ou ficam sozinhas ou atraem outras mais doentes ainda para a sua vida.

Pessoas egocêntricas não conseguem pensar em outra coisa que não seja em si mesmas, em suas satisfações ou seus desejos. São sempre calamitosas sexual e existencialmente falando. Pessoas sem consciência, sem simancol como se dizia antigamente, são as piores, pois tem tudo isso já citado e nem ao mesmo desconfiam que são lesadas. Por isso não conseguem fazer um link causal entre as suas mazelas, suas desesperadoras noites vazias, e o seu comportamento pernicioso. E estão sempre perguntando: Meu Deus o que há de errado comigo? Por que eu não consigo ser feliz? Por que ninguém me ama, ninguém me quer?

Deus manda inúmeras mensagens, avisos de alerta, toques dos sutis aos mais ostensivos, mas elas não estão nem aí. Quando sou procurado por pessoas com esse perfil, e peço que entrem em contato com o seu interior, que façam uma checagem sincera e corajosa de seus comportamentos, elas me olham com um olhar estranhado. Mas dizem, "Eu não estou entendendo, eu vim aqui para você me ajudar a conquistar fulano, ou para reconquistar sicrano, ou para me tirar da solidão", como diz a música da Ivete.

Continuam sem entender nada, querem um milagre, e mais que isso querem algo que não pode existir pela sua própria natureza.

Mas reconheço que há muitos e muitas que não apresentam esses sintomas fatais, e ainda assim estão sós, ou mal acompanhados. Para esse eu sempre repito, o "tempo de Deus é perfeito", não tente compreender apenas aceite, e aproveite para arrumar a casa, e lustrar os instrumentos da mente, e do coração. Prepare-se para receber no seu devido tempo o visitante ilustre. No momento certo ele ou ela irá aparecer e se não for o original tenha a dignidade de recusar a imitação, para não sentir saudades depois do tempo da solidão.

Peço sempre que a pessoa aceite o fato de que para tudo há uma razão, mesmo que a sua ou a nossa razão não possa atinar. Tudo tem uma origem, e somos agora a soma ou a subtração do que fomos ou deixamos de ser.

Mas se depois de tudo isso você ainda quiser uma receita aí vai:

Ame generosamente a sua vida e, ao se olhar no espelho, seja sincero: não é muito engraçado aquele sujeito ou sujeita ali?

*Cem Dicas de Marketing Sexual (Editora Best Seller)