O medo é o principal elemento para a traição

por Edson Toledo

A traição pode acontecer entre inumeras relações:

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1. Deus e o homem – O primeiro caso conhecido é o de Adão e Eva; e também ao longo da história, de Israel contra Deus; da humanidade contra Deus; de Judas contra Jesus.

2. Casais – A quebra do compromisso que fizeram um com o outro, perante familiares, amigos.

3. Governos – Quando os líderes governamentais quebram os acordos que fazem, podendo acarretar muitos problemas para o país.

4. Sociedade – Quando uma das partes quebra a aliança que fizeram, levando ao prejuízo ou à ruína de uma delas ou de ambas.

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Outra forma aparece na lei militar, onde a traição é o crime de deslealdade de um cidadão à sua pátria. Em termos jurídicos, é tornar óbvio e evidente o que se queria ocultar; ser infiel ou descumprir com o compromisso assumido. Como podemos ver muitos são os exemplos de traição.

Para a psicóloga Olga Inês Tessari, vários fatores levam à traição:

– Questões culturais;

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– Carências, insatisfação em relação a desejos e expectativas com o(a) parceiro(a);

– Vingança;

– A busca pelo novo;

– O estímulo provocado pela sensação de perigo ou mesmo de poder.

"A ideia de posse existe em quase todas as relações estáveis e as cobranças de fidelidade são normais e aceitas pela sociedade", diz Tessari.

Segundo a especialista, a traição funciona como válvula de escape, pois quem trai é por que possui um motivo muito forte. Na maioria dos casos, traição é mais comum em relacionamentos amorosos, e cada dia que passa é mais comum, pois hoje em nossa sociedade moderna, porém ao mesmo tempo moralista, a pressão psicológica é muito grande. Por isso, segundo estudos, algumas pessoas que ficam reprimidas com suas fantasias e anseios acabam cometendo o "erro" de trair alguém. Isso só faz com que esse indivíduo use uma espécie de "máscara" para esconder quem realmente é ou gostaria de ser. O medo é o principal elemento para a traição. Isso se deve ao fato de que, embora vivamos em uma sociedade moderna e plural em costumes, o medo acaba sendo uma forma reativa para levar a traição; lembre-se também que o medo é uma emoção muito primitiva nos humanos e, em grande medida, tem não só a função de proteção, mas também a de ceder aos impulsos da conquista de novos parceiros, por exemplo.

Uma das formas de traição muito discutida nos dias atuais é a traição via internet, pois ela oferece a possibilidade de darmos passos bem pequenos, muito mais fáceis de serem trilhados. Antes da internet, a pessoa teria que dar passos muito grandes, talvez frequentar lugares novos, conhecer pessoas, ou mesmo conhecendo uma nova pessoa em atividades sociais, havia um grande risco em iniciar algo. Mas com a internet, os pequenos passinhos como por exemplo, começar a conversar com desconhecidos que estão em lugares bem longe de sua casa, dão maior segurança para iniciar algo que pouco a pouco vai caminhando para algo muito maior que talvez nem fosse imaginado no inicio.

O que as pessoas não imaginam é que é impossível ser totalmente anônimo na internet, o que esconderia uma traição totalmente. A internet deixa rastros que podem ser identificados, mas essa sensação de anonimato oferece a "segurança" de que nunca será pego.

Os motivos mais comuns que levam uma pessoa a trair virtualmente são os mesmos que levam uma pessoa a trair não virtualmente. A diferença é que a internet oferece caminhos práticos que podem ser trilhados dentro de sua própria casa, no cômodo ao lado da pessoa que está sendo traída.

A pergunta que podemos fazer é: se a traição pode ser divertida – então por que não fazemos isso mais vezes?

Uma das respostas pode vir dos estudos do comportamento: pessoas comuns que se comportam e agem com falta de ética vão sentir-se culpadas mais tarde. Em recente estudo publicado no Journal of Personality and Social Psychology apontou que os participantes previram que eles se sentiriam maus depois de *cheating em um teste, o oposto acabou por ser verdade – aqueles que enganaram experimentaram uma alta emoção ao trapacear, os autores especulam que tal fato é atribuido a possibilidade de terem se safado.

Se trair faz com que as pessoas se sintam bem, por que achar que elas vão se sentir culpadas?

A maioria de nós precisa acreditar que somos por natureza morais, explica Celia Moore da London Business School, uma das coautoras do estudo. Prever que desfrutaremos da trapaça, não se encaixa com esta visão ideal de nós mesmos. As pessoas podem pensar: "Eu não sou o tipo de pessoa que iria enganar. Mas no momento, quando há uma tentação, nós somos conduzidos pelos bons sentimentos de obter o cookie do pote de biscoitos," diz Moore.

A autora relata uma lembrança de uma recente viagem a um pier cheio de "máquinas caça-níqueis" que descarregavam ingressos, que poderiam ser trocados por prêmios. Ela observa que "percebeu que era realmente mais excitante tentar encontrar bilhetes que as pessoas tinham deixado nas máquinas" do que ganhá-los honestamente. Moore diz ter admitido a alegria em tal comportamento, que em certa medida, pode apontar o caminho em direção a melhores estratégias para limitar as suas manifestações mais prejudiciais.

"Quando há uma vítima, a maioria das pessoas se sente culpada, quando age e se comporta com falta de ética", diz Katthleen Vohs, uma psicóloga social da Universidade de Minnesota. É mais difícil manter um autoconceito positivo, quando machucamos alguém, essa é a diferença, diz Vohs, entre trapacear em um jogo amigável de cartas e trair seu parceiro ou parceira.

*Cheater é um termo em inglês que se tornou gíria entre jogadores de jogos eletrônicos e é usado para designar jogadores que se utilizam de cheats, códigos usados para burlar o sistema de jogo e assim adquirir algum privilégio. Cheat significa trapaça, logo, cheater quer dizer trapaceiro. Este termo foi alcunhado por jogadores de jogos online, onde o uso de cheats acaba por ajudar somente a quem o usa, tornando um personagem mais forte, mais rico ou dando a ele inúmeros itens especiais, por exemplo.