Empatia é diferente de simpatia

por Edson Toledo

Podemos dizer que a empatia é importante para que possamos saber como melhor expor o que pensamos aos outros?

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Por exemplo, em momentos que exigem conversas sobre assuntos delicados ou difíceis, que podem ser acompanhadas de um nível de tensão, precisamos estar atentos àqueles sinais que o nosso interlocutor envia sobre a sua escuta e abertura ou não para o tema. Deste modo, podemos detectar qual é a melhor abordagem a ser feita e quem sabe, até adiar a conversa por um tempo.

É fato que os indivíduos empáticos comportam-se de tal maneira que tornam as relações mais agradáveis, reduzindo o conflito e o rompimento. As habilidades de "ler" e valorizar os pensamentos e os sentimentos das outras pessoas são o que provavelmente tornam esses indivíduos mais bem-sucedidos em suas relações pessoais e profissionais.

No campo da psicoterapia, a obra mais relevante sobre empatia foi a do psicólogo americano Carl Rogers, segundo o qual o termo "empatia" significa perceber o interior de outra pessoa com precisão e com os componentes emocionais que lhe pertencem, como se fosse essa pessoa, porém sem nunca perder a condição de "como se fosse o outro". Roger ainda apresentou as três etapas do processo empático:

1 – Captar o mundo perceptual da outra pessoa e familiarizar-se com ele, sem julgá-la;

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2 – Comunicar ao outro a própria percepção sobre o mundo dele, observando elementos que o outro teme;

3 – Verificar com o outro a correção de tais percepções e deixar-se guiar por suas resposta.

Estudos recentes sugerem que a empatia engloba elementos cognitivos e afetivos. O componente cognitivo é caracterizado pela adoção de perspectiva, que corresponde a uma disposição para se colocar no lugar da outra pessoa e de modificar o próprio comportamento como consequência.

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O componente da empatia caracteriza-se por uma tendência a experimentar sentimentos de simpatia, de compaixão e de preocupação com o bem-estar da outra pessoa.

Porem, a visão de que a empatia envolve tanto elementos cognitivos como afetivos favorece uma melhor compreensão sobre o comportamento empático.

Assim num modelo cognitivo-afetivo seria integrativo no qual a empatia é postulada como uma função de três fatores:

1 – Uma habilidade cognitiva para discriminar wp_posts afetivas nos outros;

2 – Uma habilidade cognitiva mais madura, que envolve assumir o papel da outra pessoa;

3 – Uma disposição para responder emocionalmente ou uma habilidade afetiva de experienciar emoções.

Resumindo, o comportamento empático pode ser entendido de acordo com o modelo cognitivo, em que o componente cognitivo está relacionado ao processamento da informação, o que inclui atenção, memória, motivação etc. O componente afetivo é identificado pelas emoções e pelos afetos decorrentes das interpretações; o componente comportamental refere-se às expressões verbais e não verbais de entendimento empático.

A habilidade empática ocorre em duas etapas. Na primeira etapa, o individuo que empatiza está envolvido em compreender os sentimentos e as perspectivas da outra pessoa e, de algum modo, experienciar o que está acontecendo com ela naquele momento. A segunda etapa consiste em comunicar esse entendimento de forma sensível.

Seis comportamentos que demonstram empatia:

1 – Fitar diretamente a outra pessoa, adotando uma postura que indique envolvimento e evitando ficar muito afastado. A orientação corporal deve sugerir envolvimento, estar com o outro. Caso a atitude de fitar provoque algum tipo de constrangimento, o ideal é posicionar-se em ângulo.

2 – Adotar uma postura aberta, pois braços e pernas cruzadas podem sinalizar menos envolvimento e disponibilidade.

3 – Inclinar-se em direção ao outro com a parte superior do corpo (inclinar-se demais pode intimidar). A inclinação dá um sentido de flexibilidade ou responsividade corporal que aumenta a comunicação com o outro.

4 – Manter contato visual, evitando desviar o olhar com frequência, o que não significa olhar fixamente. O bom contato visual sugere interesse em ouvir o que o outro tem a dizer. Desviar o olhar com frequência sugere relutância ou desconforto em estar com a pessoa.

5 – Adotar uma postura relaxada, o que significa não ficar inquieto ou se engajar em expressões faciais distraídas. Isso pode levar o outro a supor que o ouvinte está pouco interessado.

6 – Estar atento às próprias reações corporais e emocionais provocadas pelo comportamento da outra pessoa – observar sentimentos de raiva, ansiedade etc. – e os efeitos desses sentimentos no próprio corpo, procurando controlar essas manifestações externas para, se der tempo, refletir.

Mensagens não verbais

Além de demonstrar atenção, o empatizador deve procurar identificar as mensagens não verbais da outra pessoa que expressa as emoções.

As mensagens não verbais englobam:

– comportamento corporal (postura, movimentos corporais);

– expressões faciais (sorrisos, cenho franzido, sobrancelhas arqueadas, lábios contraídos,);

– relação entre a voz e o comportamento (tom de voz, intensidade, inflexão, espaço entre as palavras, ênfases, pausas, silêncios e fluência);

– respostas autonômicas observáveis (respiração acelerada, rubor, palidez, dilatação da pupila).

Comportamentos envolvidos no ouvir sensível:

a – Deixar de lado, por alguns instantes, as próprias perspectivas, desejos e sentimentos e voltar-se inteiramente para as perspectivas, os desejos e os sentimentos da outra pessoa;

b – Observar e ler os comportamentos não verbais que a outra pessoa está manifestando enquanto fala (tom de voz, olhar, postura, gestos, etc), através dos quais sejam identificas as emoções;

c – Colocar-se no lugar da outra pessoa, buscando identificação com os sentimentos, as percepções e os desejos dela;

d – Elaborar mentalmente uma relação existente entre o sentimento da outra pessoa, o contexto e o significado desse contexto para ela.

A função da verbalização empática é fazer com que a outra pessoa sinta-se compreendida, além de ajudar a explorar as suas preocupações de forma mais completa. Embora as etapas anteriores possam sinalizar compreensão, aceitação e acolhimento, através da comunicação não verbal, a verbalização empática é a maneira mais eficiente de demonstrar compreensão.

Empatia é diferente de simpatia

Para que você leitor não faça confusão gostaria de esclarecer que a empatia é diferente da simpatia, porque a simpatia é maioritariamente uma resposta intelectual, enquanto a empatia é uma fusão emotiva. Enquanto a simpatia indica uma vontade de estar na presença de outra pessoa e de agradá-la, a empatia faz brotar uma vontade de compreender e conhecer outra pessoa.