Como atravessar o processo de divórcio sem deixar a ansiedade prejudicar meu dia a dia?

por Anette Lewin

"Estou num processo de divórcio e muito ansiosa pela demora dos resultados. Tenho palpitações durante a noite, insônia, tosse e dor de garganta. Fico pensando e me perco noutras atividades que tenho que executar; como no trabalho por exemplo. Dê-me uma orientação, por favor!"

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Resposta: Num processo de separação algum grau de ansiedade é normal. Afinal, quando alguém se casa não imagina, em geral, que vai acabar se separando. E não se prepara para isso. Dessa forma, o processo de separação acaba caindo como um balde de água fria que assusta, confunde, desorganiza e desanima qualquer um.

Nesse momento você tem que tomar uma série de decisões e ainda por cima esperar pela decisão da Justiça que, em geral, demora. E que pode não trazer exatamente o resultado que você espera, principalmente no que se refere à divisão de bens ou filhos, quando existem.

Bem, frente a essa realidade, de nada adianta ficar se torturando e focando num processo que não depende apenas de você. Você mesma percebe que dessa forma acaba prejudicando seu trabalho, esse sim, dependente única e exclusivamente de você e de seu empenho. Assim, pela lógica, redirecionar suas energias para o que ainda é seu, como seu trabalho, parece ser uma ideia melhor do que gastá-la com aquilo que já acabou, como seu casamento, não é? Talvez essa reflexão possa ajudá-la a livrar-se de pensamentos obsessivos que apenas atrapalham e são inúteis.

Se você sente que existem aspectos da separação que ainda não estão claros, procure refletir sobre eles. Lembre-se, porém, que lamentar-se, culpar-se, e ficar com raiva do parceiro são atitudes que pouco ajudam no processo. Casamentos podem acabar, mas a vida continua. Assim, aceitar o fim de um processo com dignidade e consciência é uma atitude que pode ajudá-la a preparar-se para novos relacionamentos que certamente virão.

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Aproveite esse momento para tentar entender como você se comporta em momentos difíceis. Palpitações, insônias, dor de garganta são, provavelmente, somatizaçôes da ansiedade que você sente. Em outras palavras, quando a cabeça não consegue resolver os problemas, o corpo sinaliza que existe algo errado no campo das emoções. Esse é um momento em que a ajuda terapêutica é bem-vinda. Tente cuidar do seu lado emocional para que seu corpo não acabe dando sinais cada vez mais fortes, incômodos e doloridos.

Por fim, lembre-se que a vida não espera um evento terminar para iniciar outro. Tudo ocorre simultaneamente e sair-se bem nesse jogo depende de nossa capacidade de dedicar-se a várias coisas ao mesmo tempo da melhor forma que conseguirmos. Assim, evite esperar a resolução do divórcio para voltar a viver. Você está viva e enquanto o processo de separação não termina, pode iniciar novas atividades que farão com que se sinta preenchida, motivada e esperançosa. Saber esperar é uma arte que envolve ações direcionadas e não apenas passividade focada em um processo agonizante.