Musculação melhora declínio cognitivo em idosos, indica estudo

por Ricardo Arida

Estudos têm mostrado uma relação entre o aumento da expectativa de vida – bem como sua qualidade – e consequentemente aumento exponencial do número de pessoas idosas.

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Existe uma associação inversa entre idade e desempenho cognitivo. Em texto anterior (veja aqui), foi comentado o impacto do exercício físico na cognição ao longo da vida, isto é, os efeitos do exercício físico na infância e no envelhecimento.

O exercício físico é uma estratégia promissora para combater o declínio cognitivo. Entretanto, o exercício físico mais adequado para esses efeitos precisa ser melhor elucidado. Tanto o exercício físico aeróbio como o exercício resistido (musculação) melhoram o desempenho cognitivo em indivíduos saudáveis, idosos e com desempenho cognitivo diminuído.

Para melhor esclarecimento, esses exercícios caracterizam-se por contrações de músculos específicos contra uma resistência externa e são chamados na área da atividade física de exercícios de musculação. O exercício resistido bem orientado (evitando a apneia: suspensão voluntária ou involuntária da respiração) pode ser benéfico para pessoas em idades mais avançadas. Para isso, é importante utilizar cargas adequadas à força do praticante, permitindo várias repetições antes da fadiga muscular, com amplitude dos movimentos, intervalos de descanso, número de séries e frequência das sessões adequadas à condição física da pessoa.

Os movimentos são relativamente lentos e cadenciados, sem acelerações ou desacelerações violentas. Nesse sentido, os estudos na literatura científica não comparam a eficácia de ambos tipos de exercício (aeróbio e resitido) na função cognitiva e plasticidade cerebral funcional em idosos com transtorno cognitivo leve. O melhor conhecimento desse assunto é importante na aplicação do exercício físico adequado para reduzir de declínio cognitivo em idosos.

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Um grupo de pesquisadores da University of British Columbia in Vancouver, Canadá, publicaram recentemente um artigo na Revista Arch Intern Med (1) abordadno esse tópico. Eles recrutaram mulheres idosas (70-80 anos) para participar de um programa de exercício aeróbio e resistido, duas vezes por semana durante seis meses. Após o período de treinamento físico, o desempenho cognitivo foi analisado por uma técnica de neuroimagem (ressonância magnética funcional). Os resultados desse estudo mostraram que os dois tipos de exercícos melhoraram o desempenho cognitivo dessas mulheres idosas.

Apesar de estudos prévios na literatura terem demonstrado que o exercício resistido por doze meses provoca melhora no desempenho cognitivo em mulheres saúdaveis (65-75 anos), o presente estudo encontrou uma melhora apenas após seis meses de treinamento físico em mulheres de 70 a 80 anos de idade com déficit cognitivo leve.

Esse estudo fornece uma nova evidência que o treinamento resistido induz benefícios na cognição em mulheres. Os autores alertam que apesar de observarem que duas vezes por semana de exercícios resistidos pode ser uma estratégia para alterar a trajetória do declínio cognitivo em idosos com transtorno cognitivo leve, esses dados não podem ser generalizados para homens e mulheres de diferentes idades. Portanto, mais estudos devem ser realizados para confirmar esses promissores achados.

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1 – Nagamatsu LS, Handy TC, Hsu CL, Voss M, Liu-Ambrose T. Resistance training promotes cognitive and functional brain plasticity in seniors with probable mild cognitive impairment. Arch Intern Med. 2012 Apr 23;172(8):666-8.