A relação entre os números e os mitos gregos

por Johann Heyss

Dando prosseguimento ao nosso estudo das correlações entre os símbolos numéricos e diversos sistemas ocultos, metafísicos ou esotéricos, abordaremos hoje a correlação entre os números e alguns dos mitos mais conhecidos da mitologia grega. O objetivo desta série de correlações é um maior conhecimento dos arquétipos numéricos e seu funcionamento. Não significa que possamos calcular um "mito" equivalente à nossa pessoa – para calcular os números que regem sua personalidade clique aqui -, mas sim perceber como o mesmo princípio que anima o arquétipo de um número cumpre o mesmo papel na astrologia e no tarô, nos cristais e nas cores, como vimos nesta coluna, e também nos mitos.

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Os mitos são criações humanas para explicar e nomear princípios da natureza, assim como os próprios números são representações de princípios naturais.

Número 0 – Caos

O espaço aberto, o vazio, o vácuo de onde surgiram Gaia (a Terra), Érebo (as Terras Infernais ou Escuridão Primordial) e Nyx (a Noite) – ainda que alguns digam que esta última tenha se originado em Eros. O Caos não possui forma, é rústico e primitivo, um estado anterior à existência, a matéria que deve ser organizada. O Caos é uma associação óbvia ao número 0, por seu caráter de origem de todos os outros números – em outras palavras, é a origem do mundo como o conhecemos.

Número 1 – Hélio

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Hélio, filho de Teia e Híperon, é a personificação do Sol. Tão logo raia a Aurora, ele sai guiando seu carro ígneo pela abóbada celeste até mergulhá-lo no oceano à noite. De seus olhos saem raios que iluminam o dia.

Número 2 – Selene

Na mitologia Greco-Romana, Selene, irmã de Hélio, é a personificação da própria lua. Dona de uma libido voraz e insaciável, ela viaja numa carruagem de prata puxada por dois cavalos.

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Número 3 – Íris

Mensageira de Zeus e Hera, Íris viaja na velocidade do vento, e sua função de comunicadora evidencia a ligação com o número três. Além disto, é a deusa do arco-íris, o qual se forma após o encontro do sol (fogo) com a chuva (água) – ou seja, o arco-íris é filho de polaridades extremas e distintas.

Número 4 – Deméter

Esta é a própria deusa da terra, elemento do número 4. Deméter regula as estações: quando está alegre vivifica todos os plantios, as águas correm em torrentes, o sol brilha e a natureza sorri. Contudo, Deméter se entristece tremendamente quando é obrigada a separar-se da amada filha Perséfone. Esta separação, que dura quatro meses ao ano, vem a ser o inverno.

Número 5 – Eros

Deturpado como um bebê-cupido pela cultura romana, Eros é na verdade representado como um rapaz bonito, alado, que provoca nas pessoas o florescer do desejo e da atração sexual. Um ser altamente instintivo, um dos deuses mais antigos, surgido diretamente do caos.

Número 6 – Hera

Hera, mulher e irmã de Zeus, é uma deusa extremamente passional, ciumenta, possessiva, e também conhecida pela capacidade maternal e geradora. Era uma deusa muito cultuada, e dizia-se que sua virgindade retornava a cada ano, ao se banhar no poço Canatus. Protetora do casamento e das mulheres casadas, bem à moda do número 6, que preza acima de tudo a base familiar.

Número 7 – Zeus

Embora não seja o deus mais velho, é certamente um dos mais respeitados e poderosos. Zeus liga-se a 7 no que tange à reverência, ao culto, e à suprema inteligência de um regulador de costumes e mesmo de leis – até porque, se 8 executa e defende as leis, estas são formuladas na verdade pelo número 7.

Número 8 – Plutus

Personifica tanto o aspecto da riqueza e prosperidade do número 8, quanto a justiça que é cega: Plutus foi cegado por Zeus, então, apesar de ser muito rico, não vê o valor material das coisas.

Número 9 – Dioniso

O deus do êxtase, do prazer, do vinho e dos extremos, Dioniso representa a alegria e os excessos que se encontram também no arquétipo do número 9. Dioniso é também um deus cíclico, que morre a cada inverno e renasce na primavera. É reverenciado através de orgias e embriaguez. Em Dioniso se encontram também as raízes do drama grego.

Número 11 – Urano

Deus do firmamento, avô de Zeus e pai de Crono, Urano nunca foi muito adorado pelos gregos antigos, apesar de ser um mito de enorme importância e influência – mais ou menos como ocorre com o número 11, muito pouco reconhecido devido à própria natureza vanguardista de suas descobertas e idéias. As proles de Urano costumavam ser monstruosas, o que às vezes vem no número 11 como a interpretação errônea de sua linguagem peculiar, gerando confusão e erro. Contudo, seu papel de abrir caminhos é único, essencial, imprescindível. Urano representa toda a amplidão do céu por desvendar.

Número 22 – Aristeu

Sendo 22 um número de multiplicidades, popularidade, agilidade, de grande espiritualidade e consciência do próximo, Aristeu se encaixa como a perfeita correlação do número com o mito. Conhecedor das artes da profecia e da cura, Aristeu é um imortal que protege a caça, cultiva abelhas e azeitonas, além de conduzir rebanhos. A relação de 22 com a terra, e com as viagens por terra, o potencial de cura e visão, tudo isto conecta facilmente o mito grego de Aristeu com o arquétipo do número 22.