Permita-se um olhar flexível para o novo ano

Veja neste texto como se libertar do passado e se abrir para o novo e ter a si próprio como autorreferência sem a necessidade de se comparar com o outro

Um texto antigo dizia que o valor de uma panela se define por oferecer seu vazio para receber alimentos.

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Em outros termos, através do vazio se produz um banquete.

Costumamos pensar que o prazer ou o sucesso reside no excesso, seja de bens, experiências ou palavras.

Há pessoas que ao romperem um relacionamento amoroso permanecem completamente carregadas de memórias e emoções conectadas ao que acabou e desse modo se desconectam do presente, das novas possibilidades. Sim, somos seres que são controlados em grande medida pelo passado. Mas um problema surge quando a pessoa permanece tão agarrada ao velho que não consegue abrir em si o espaço para o novo.

Temos a tendência de fazer comparações, e podemos cair num jogo perverso de estabelecer um ranking de quem é melhor ou pior do que nós em determinado aspecto. Para que fazemos isso?

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Inútil tecer paralelos com o caso de amor anterior, já que ele se foi e agora apenas podemos escolher entre abraçarmos ou nos afastarmos daquilo que o aqui e agora colocou à nossa frente.

De que vale medirmos nossa riqueza com base nas posses das outras pessoas ao nosso redor?

Sempre haverá alguém mais rico e, a depender de como lidamos com essa descoberta, podemos dar partida a uma competição sem prêmio algum ao final.

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Como se abrir para coisas boas  

Para alguém se abrir para coisas boas, faz-se necessário algum despojamento, uma postura aberta, flexível e curiosa, receptiva ao novo. É o tal vazio da panela. Se aos meus pés estiverem amarradas as bolas de ferro do passado, as chances de mudança para melhor serão diminutas.

Também deveríamos evitar as comparações. Talvez o mais produtivo seja a do indivíduo comparar-se a ele mesmo, numa visão longitudinal, que leve em conta os contextos enfrentados ao longo de seu desenvolvimento. A atitude que ajuda seria a de nos comportamos como um técnico firme, que usa palavras de incentivo, se mostra justo e aponta soluções para problemas que porventura possam surgir.

Em síntese, abra espaço ao novo, e cuide de se incentivar disciplinadamente para chegar mais e mais perto de tudo que lhe faz sentido. Aprender hoje e sempre, isso é o que importa.

É psicoterapeuta na abordagem analítico-comportamental na cidade de São Paulo. Graduada em Psicologia pela PUC-SP em 1981, é Mestre e Doutora em Psicologia Experimental pela IP-USP. Atua como terapeuta e supervisora clínica, é também professora-convidada em cursos de Especialização e Aprimoramento. Publicou dezenas de artigos científicos, e de divulgação científica, além de ser coautora de livros infanto-juvenis.