Insegurança para educar leva pais ao extremismo

Da Redação

É comum nos dias de hoje, encontrarmos distorções acentuadas sobre o significado do autoritarismo e da permissividade, quando pensamos na educação familiar.

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Há tempos, as referências apresentadas aos nossos filhos tinham um aspecto constante de infalibilidade, havendo raramente questionamentos sobre a fragilidade desta ou daquela referência apresentada.

Os professores, médicos, advogados, juízes, os líderes religiosos, famosos e intelectuais eram comumente vistos como exemplos completos a serem seguidos em quaisquer circunstâncias. Muitas das vezes, olhamos para as nossas referências como um verdadeiro baú de virtudes, onde tudo era visto como modelo a ser seguido.

Com a globalização e o conseqüente aumento do acesso a informação, podemos observar o questionamento de certos valores, antes considerados perenes, que de certa forma acabou determinando um tom de insegurança na educação e na orientação de nossos jovens.

Muitas vezes esse conflito acaba gerando atitudes que variam normalmente entre dois extremos:

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– De um lado encontramos aqueles pais que tentam impor seus conceitos de forma agressiva, não valorizando o potencial de seus filhos e exercendo uma atitude de aparente domínio, mas que com freqüência causam um quadro de baixa auto-estima e insegurança, acabando por desenvolver nessas crianças um comportamento depressivo ou uma reação opositiva.

– Por outro lado vemos atitudes que refletem insegurança e medo dos próprios pais em não serem aceitos por seus filhos, fazendo com que estes acabem exercendo um papel de domínio sobre a família, gerando desconforto e prejuízo para ambas as partes. É comum nesses casos observarmos um comportamento nesses filhos caracterizado pela inversão no papel da autoridade na família.

É de extrema importância tentarmos exercer um processo educativo baseado na identificação comportamental de nossos filhos, no entendimento do nosso papel como indivíduos.

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Melhor seria, antes de pensarmos no que queremos para nossos filhos, respondermos a seguinte questão: Quem é esse ser humano a quem desejamos educar e ajudar? Quais são as suas características comportamentais, suas aptidões e suas dificuldades?

Só assim poderemos, de verdade, chegar mais perto do melhor método para exercermos nossa missão de educadores. É mais do que sabido que não existem fórmulas mágicas que nos garantam a infalibilidade dos métodos aplicados, mas entendermos que muito podemos aprender com os conhecimentos e as técnicas da medicina comportamental e das terapias cognitivas.

De certa forma, podemos afirmar que existem fatores positivos na quebra das referências infalíveis e completas, pois afinal é importante reconhecermos que todos temos dificuldades, qualidades e defeitos, e que essa revelação não invalida o valor do ser humano e de sua obra. Ao contrário, passamos a construir uma estrutura mais próxima da verdade e da clareza.

No entanto, não podemos de forma alguma abrir mão do nosso papel de pais que, mais do que amigos, temos a obrigação de dispor aos nossos filhos um sistema educacional que os preparem para a vida e os possibilitem a dar o melhor de si. Quando necessário, a ajuda de um profissional, médico ou psicólogo, é sempre bem-vinda.

Entre autoritarismo e permissividade, mais uma vez o equilíbrio está próximo do meio. Se trocarmos a palavra autoritarismo por autoridade e pensarmos em uma partida de futebol, talvez um placar de 3 a 2 com vitória da autoridade seja um número bastante interessante.

Vale aqui lembrarmos de forma diferenciada, as palavras de Che Guevara: "Hay que endurecerse, pero sin perder la ternura jamás."

Fontes: Por Ana Beatriz B. Silva (psiquiatra) e Elson Mota de Moura médico especialista em medicina do comportamento