Psicoterapeuta fornece dicas para você desenvolver seu potencial afetivo

 

Por Angelo Medina

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Nesta conversa com o psicoterapeuta Luiz Cuschnir uma constatação: amar realmente dá muito trabalho e exige um exercício diário de comportamentos e atitudes para que as coisas corram bem. Portanto, o amor de qualidade não se sustenta somente com a naturalidade, devaneios e eternas juras de amor. Ele não "anda" sozinho.

Cuschnir que acaba de lançar um estudo romanceado, A Relação Mulher&Homem…, aponta os caminhos para superar as diferenças no relacionamento amoroso, fala sobre a base do amor e das atitudes necessárias para um relacionamento durar. Ele apresenta em dez itens o que os homens rejeitam nas mulheres e vice-versa. Segundo ele, mulheres quando têm um homem com quem se dão bem sexualmente, querem mais, têm muitas expectativas em relação a eles, que podem incomodá-los muito.

Vya Estelar – O amor estaria intrinsecamente ligado à dor ou ao sofrimento?

Luiz Cuschnir – Como psicoterapeuta, mais precisamente lidando com a especialidade do desenvolvimento da relação mulher e homem, pacientes estão constantemente permeando o tema do amor. Questões são trazidas da vida íntima de cada um, com suas dúvidas, necessidades, desejos e insatisfações que podem gerar muita dor, emocional é claro.

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"A fórmula do amor": o potencial afetivo

Vya Estelar – Sem querer buscar uma fórmula, mas qual conjunto de comportamentos ou atitudes seriam necessários para uma casamento ou relacionamento durar?

Luiz Cuschnir – O desenvolvimento do potencial afetivo de cada um, aliado a uma boa comunicação é o começo da história. Ampliar a possibilidade de compartilhar a vida com o outro através do respeito e conscientização de que o cônjuge não é posse, não é propriedade dele são bons caminhos.

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Vya Estelar – O que eles querem e o que elas querem?

Luiz Cuschnir – Homens necessitam de espaço para refletirem, viverem seu mundo interno sem se sentirem obrigados a dividir tudo com a mulher. Mulheres querem se sentir seguras, apoiadas e conseguirem admirar um homem pela sua força emocional e com um desejo de conquista de se desenvolver pessoalmente.

Vya Estelar – Qual é a maior dificuldade que os casais enfrentam nestes tempos modernos e como superá-la?

Luiz Cuschnir – Nos tempos atuais ambos estão solicitados para responder fortemente a exigências atreladas ao econômico e sua conciliação com o afeto e carinho no relacionamento. Como isso gera muito conflito entre eles, a superação está no equilíbrio pessoal de conciliar atividade profissional e o atendimento emocional que o cônjuge necessita naquele determinado momento. Digo isso pois as necessidades vão se transformando ao longo do tempo de relacionamento além de terem variações até diárias.

Vya Estelar – Na prática, daria para definir o que seria um relacionamento ideal e como trilhar este e caminho?

Luiz Cuschnir – O ideal é sempre nem muito céu e nem muito terra. Trilhar um caminho com uma outra pessoa na vida implica em perceber que o ritmo, o tom, a intensidade e todas as nuances das pessoas com quem estamos serão sempre incógnitas. Respeitar que muitas outras experiências individuais ocorreram na vida dele ou dela, como descrevo no meu novo livro Relação Mulher & Homem – uma história de encontros e diferenças. Nas várias personagens, homens e mulheres, que aparecem neste estudo romanceado, mostra claramente isso.

Vya Estelar – Uma das maiores diferenças entre um homem e uma mulher estaria na comunicação, já que um tem uma visão mais masculina e o outro uma visão mais feminina. Como lidar com esta questão?

Luiz Cuschnir – Quando vão visitar um apartamento, para alugar, por exemplo, ele costuma ir direto para a janela e ver a vista e ela procura os detalhes, decoração e etc. São diferenças flagrantes de como cada um vê e o que esperam da vida.

Vya Estelar – A questão do amor: homem tem realmente dificuldade de falar de amor e a mulher é mais aberta, ou isso é lenda?

Luiz Cuschnir – Há alguma dificuldade do falar de amor para o amor. Ele prefere expressá-lo não verbalmente. Muitas vezes até a dedicação que ele tem ao trabalho, visando suprir as necessidades femininas, é uma maneira dele sentir-se declarando amor a ela. Desde muito precocemente ele lida com a questão de que ser homem é enfrentar o mundo sem medo, sem expressar o que sente para não ser visto como fraco.

Vya Estelar – O que homens e mulheres reclamam na hora do sexo?

Luiz Cuschnir – Exigência é o que aparece muito neles e elas muitas vezes reclamam do desinteresse deles. Homens tendem a enjoar do sexo repetitivo. Mulheres quando têm um homem com quem se dão bem, querem mais, tem muitas expectativas em relação a eles, que podem incomodá-los muito. É sempre uma questão de acertarem o passo.

Vya Estelar – Por que as mulheres reclamam que está faltando homem?

Luiz Cuschnir – Homens são mais seletivos e tem muito mais restrições às mulheres do que elas podem imaginar. Muitas vezes estão "pisando na bola" ou "não estão com essa bola toda" e não percebem que não vão ser interessantes para eles.

Vya Estelar – Para o senhor o que é na prática amar alguém?

Luiz Cuschnir – Perguntinha difícil, não? Permanecer interessado em partilhar a vida ou aspectos dela com alguém, é um dos terrenos para estabelecer o amor. Daí vêm as habilidades de cada um para desenvolvê-lo na relação afetiva de modo que satisfaça ambos.

Vya Estelar – Um relacionamento sobrevive sem amor?

Luiz Cuschnir – Sobrevive com outros interesses e podendo ser substituído por outro tipo de sentimentos como amizade.

Vya Estelar – Quando a agressão física (homem bater na mulher por exemplo) entra no relacionamento sinaliza realmente o fim?

Luiz Cuschnir – Há até relacionamentos onde isso, ou o inverso, mulheres que agridem insistentemente o homem de maneiras menos explícitas, e ambos têm uma dependência emocional incrível. Em outras situações, ela aponta a insatisfação de ambos como uma sinalização de que a continuidade da relação é um risco para ambos.

Vya Estelar – A atual novela das 8 Mulheres Apaixonadas (Rede Globo) mostra uma personagem ultra-ciumenta que comete loucuras, "tudo em nome do amor". Onde o autor recomenda a procura de um grupo de auto-ajuda MADA – Mulheres que Amam Demais Anônimas. Este tipo de terapia seria o mais indicado neste caso?

Luiz Cuschnir – Esta não é uma terapia do ponto de vista científico. É sim um relacionamento terapêutico que pode ajudar pessoas. Como você falou, cometer loucuras, ou algo semelhante precisa de atendimento médico-psicológico, muitas vezes individualizado e profundo. Portanto, a necessidade de um processo terapêutico é imprescindível para um desenvolvimento e recuperação de conflitos emocionais desta personagem.

O que eles e elas rejeitam em 10 itens

Homens nas mulheres:

1º) Vulgaridade/futilidade/fofoca
2º) Desequilíbrio
3º) Agressividade
4º) Dependência/independência
5º) Mulheres amigas
6º) Supermães
7º) Manipulação
8º) Frieza
9º) Humilhação
10º) Ambição acima de tudo

Mulheres nos homens:

1º) Machismo
2º) Controle
3º) Autoritarismo
4º) Fraqueza
5º) Imaturidade
6º Prepotência
7º) Falta de ambição
8º) Falta de sinceridade
9º) Falta de diálogo
10º) Falta de atitudes corretas/grosserias

 

Fonte: A Relação Mulher&Homem – Uma História dos Seus Encontros e Diferenças, Luiz Cuschnir Editora Campus