Astrologia e destino: de que forma o futuro é escrito nas estrelas?

por Niso Vianna Neto

Imagine a sua vida como uma página em branco. Uma história inteira a ser criada, a partir do momento do céu de nascimento. Mas não a partir do nada. Você nasce dentro de um contexto, familiar e cultural, próprio da época em que vive e das circunstâncias que propiciam a sua formação, que o influenciarão em suas escolhas.

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Além disso, traz tendências e inclinações inatas, quer acredite em algum determinismo ou não, como o resultado de aptidões que desenvolveu em vidas pregressas. Suas facilidades e áreas de desafio e dificuldades estão lá, impressas no céu, no momento de seu nascimento. O que um astrólogo faz é decodificar essa linguagem escrita nas estrelas.

De que forma o futuro é escrito nas estrelas? Existe uma predeterminação? E a que ponto? É possível modificar o destino? Ou ele já está pré-traçado quando nascemos?

O que reflete o mapa astral?

O nascimento é uma concepção que traz em si um ensaio sobre o exercício do ser e sua finalidade, de se focar em algum objetivo, de ajuste às necessidades do espírito, que é quem dita as escolhas que são trazidas à superfície da vida, para que sejam observáveis como consequência do comportamento e de suas escolhas. É isso o que reflete um mapa astral: o seu modo de vida, que já traz esquematizado suas características natais, algumas delas em desarmonia, inclinando a tensões; outras, facilitando a fluência de suas qualidades. E o tempo é a linha de percepção em que atravessamos épocas mais propícias ou não para se firmarem, possibilitando os prognósticos.

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Viemos a este mundo com uma expectativa, com um anseio, e com um propósito de nos reajustarmos ao que concluímos que não era o desejado, ou de facilitarmos novas realizações que almejávamos e não concluímos ainda, embora tenhamos necessidade de o fazer. E para isso temos uma nova oportunidade. Uma página novinha em folha para reescrever, com base no aprendizado anterior, como gostaríamos que tivesse sido. Para tanto, encaramos a recriação de várias circunstâncias pretéritas na recriação da nossa existência.

Nossa individualidade é um veículo da consciência que assume forma com o corpo físico e se movimenta nos acontecimentos, aprendendo a fazer melhor e com menos sofrimento, buscando a realização. Com o tempo e evolução consciente, aprende a se orientar de forma mais madura e a fazer escolhas, tornando-se co-autor no rumo de sua vida e seu papel no mundo, em um processo contínuo de integração na finalidade de sua existência. Culmina, um dia, na realização de todo o seu potencial. Essa etapa está por vir em existências futuras, porque a evolução é lenta e gradual. E requer várias, muitas vidas mesmo, para ser atingida.

Voltando às questões iniciais: de que forma o tempo é "escrito nas estrelas"?

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Hermes registrou que "assim como é em cima, é embaixo", sobre a conexão íntima que há entre os signos e seu significado. Assim como a Biologia, através da observação da Natureza, observou os ciclos e as interações no ecossistema, a sabedoria dos antigos, transmitida em círculos fechados, via nos astros interações entre os fenômenos celestes e os acontecimentos terrenos. As constelações do zodíaco marcam um pano de fundo fixo por onde transitam os astros errantes, os planetas. E foi-se observando histórias entre esses movimentos e os ângulos que os planetas formavam entre si com os acontecimentos terrestres.

Além dos planetas visíveis a olho nu, acrescentaram-se à lista Urano, Netuno e Plutão, descobertos a partir do século XVIII com telescópios. São os deuses da mudança, influenciando épocas e gerações por períodos mais prolongados. Assim, vão assinalando tempos em que as consciências individuais vão se modificado a partir de movimentos coletivos. Apenas a título de ilustração, e bastante grosso modo, quando Urano e Plutão estavam em Virgem, na década de 60, vieram as primeiras preocupações com a saúde e condições ambientais do planeta em decorrência da poluição industrial.

Na década de 70, quando transitavam por Libra, que rege relações matrimoniais, incrementou de forma acentuada o número de separações no casamento. Urano, planeta associado à liberdade e independência, em Escorpião, a partir de 1978, acarretou em maior libertinagem e promiscuidade. Plutão, nesse signo que rege a sexualidade, a partir de 1984, está associado ao aparecimento da AIDS. A conjunção Saturno-Urano, em 1988, em Sagitário, signo que rege filosofia e religiosidade, está atrelada ao crescimento da busca por livros de interesse espiritualista, por exemplo.

E conforme esses planetas vão transitando pelo céu, fazendo ângulos significativos com os planetas natais de um mapa individual, vão assinalando épocas em que circunstâncias de vida vão se modificando e marcando fases em nossas vidas. O que fazemos em decorrência disso está fortemente colorido pelos planetas natais em questão, que nos conferem características e qualidades concernentes, mas de forma tão específica em cada caso estudado conforme as peculiaridades de cada mapa e suas singularidades, que nos é possível apontar tempos difíceis e oportunidades e também bastante sobre sua natureza, mas o resultado vai depender de como cada um se prepara para essa condição apontada no tempo. Pois a ninguém cabe dizer como o outro terá de agir, e sim alertar ou refletir sobre o terreno e tendências que se apresentarão. Essa é a arte e o ofício do astrólogo.