O que esperar do seu futuro?

por Roberto Goldkorn

Em 1984 li um livro que me marcou, “O Universo Encantado” de Robert Jastrow. O sujeito é um gênio, fundador do Instituto Goddard da NASA, foi presidente da Comissão de Exploração Lunar da mesma NASA e professor de geologia e astronomia de grandes e poderosas universidades americanas.

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Escrevendo em 1978, (talvez, seu livro fora publicado em 1981 nos EUA), ele profetizou: “Por volta de 1995 – de acordo com as tendências atuais – veremos o computador como uma forma emergente de vida, competindo com o homem”. E disse mais, citando Marvin Minsk do inoxidável Instituto de Pesquisas de Massachusetts (MIT): “Em última análise, uma máquina surgirá com a inteligência de um ser humano… a máquina começará a educar-se a si própria… Em alguns meses, alcançará o nível do gênio… alguns meses depois seu poder será incalculável. Se tivermos sorte, elas poderão resolver conservar-nos como mascotes”, arremata. Como se pode observar, passamos de 1995 e isso ainda não aconteceu e pode ser que nunca venha a acontecer.

O Elon Musk, chefão gênio criativo das Indústrias Tesla, que vai mandar gente comum ao espaço, está fabricando o carro elétrico comum para todos.  Ele aposta que em pouco tempo viveremos de uma espécie de bolsa família universal, por quê? Porque os robôs farão quase todo trabalho pesado, enfadonho e repetitivo: bilhões de pessoas ficariam sem emprego, a sociedade seria imensamente rica por causa da alta produtividade dos robôs que nunca fariam greves e não pediriam licença médica.

Parênteses:

Recentemente, um grupo de mulheres pertencentes a um movimento de trabalhadores sem- terra, invadiu uma fazenda-laboratório do governo e destruiu mudas de árvores resistentes a seca e outras que poderiam tornar a vida melhor. Anos de pesquisa e desenvolvimento foram perdidos. Fecha parênteses.

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O que essas profecias modernas não incluem em suas equações é a assimetria social existente. Quando um professor americano ou um alto executivo inglês cercado de sofisticação, tecnologia avançada e uma cultura própria, que o embala nos sábados à noite, elabora uma teoria do futuro, não inclui as massas famintas da Eritreia, ou os milhões de desocupados crônicos da Índia e do Paquistão. Isso faz toda a diferença. Muitos de nós estamos surfando na crista de onda do século XXI, mas muitos mais estão ainda nadando para chegar no século XVIII – sem luz elétrica, sem água encanada, sem saneamento básico e sem um mísero celular para chamar de seu.
Como podemos projetar um futuro que nunca incluirá essas grandes massas da Idade do Bronze? Como reagirão os sem-tecnologia às máquinas inteligentes aos super-robôs? Para que lhes serviriam? Será que eles assistirão passivamente essa parte do mundo chegando nas estrelas enquanto eles ainda não chegaram nas três refeições ao dia?

Vejo essas futurologias com alegria e apreensão, mas resignado. Não sou nostálgico, sei que o mundo que conheci quando nasci em 1950 está acabado. Isso não é bom, mas também não é ruim, apenas é. Mas, todos esses exercícios de imaginação, baseados apenas nos avanços tecnológicos e na direção que provavelmente tomarão, precisam levar em conta outras tantas variáveis que nenhum modelo virtual pode ainda prever com exatidão. Somos cheios de surpresas, mas a natureza é muito mais. Quando se olha para frente, como os que citei e tantos outros, esquece-se de olhar para os lados e para o alto.

Principalmente para o alto, porque os futurólogos não contemplam em suas teses o fator espiritual. Não podemos esquecer que embora a tecnologia tenha moldado muito do nosso presente, o que somos hoje se deve a alguns homens “espirituais” que reescreveram o script da humanidade. Essa fagulha divina, esse algo imponderável que alguns chamam de espírito, de deus, ou qualquer outra designação sectária, pode estar quietinha só esperando a hora de novamente se manifestar e mudar tudo.

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Meu computador apesar de super, hiper, máster, blaster bombástico se comprado com seus ancestrais dos anos 70 ainda não compete comigo, mas é meu escravo mais ou menos obediente.