Fui demitida. E agora?

por Roberto Santos

"Fui demitida do meu trabalho com dois meses de experiência. Caso venham me chamar para uma nova entrevista: o que devo falar, qual motivo da minha demissão? Isso pode me trazer problemas para uma nova vaga?"

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Resposta: Nossas carreiras naturalmente serão povoadas por sucessos e fracassos, uns maiores e marcantes, outros menores e insignificantes, motivos de orgulho ou de frustração e decepção conosco ou com outras pessoas, alguns de nossa responsabilidade e outros alheios à nossa vontade. Um denominador comum que podemos tirar de todas estas situações de sucesso ou fracasso é as lições aprendidas com cada uma delas.

Virar a página é importante sim, mas saber qual página você virou e o que continha nela, é tão importante quanto não se ficar preso ao sentimento de comemoração com os louros da vitória na cabeça ou não se deixar derrubar pela depressão do fracasso. Sua preocupação quanto às implicações para futuros processos seletivos depois de uma demissão em período de experiência, deveria ajustar o foco para entender o que deu errado.

Algumas hipóteses se relacionam a fatores sob seu controle, enquanto que outros, pouco dependem de você — suspensão de um projeto ao qual você se integraria, devido à crise econômica, por exemplo. Essa informação pode servir para sua explicação em futuras entrevistas e servem para aliviar seus sentimentos de falha pessoal. Já outros fatores estavam sob sua influência e reconhecer se, onde e como você errou, será uma lição a ser aprendida para evitar casos semelhantes no futuro.

Muitas vezes, uma inadequação a um cargo com um período tão curto tem a ver com a quebra de expectativas de uma ou ambas as partes — você e a empresa. O processo seletivo deve ser de mão dupla — o candidato seleciona o emprego e a empresa e o selecionador escolhem o candidato. Quando esse processo não é realizado com clareza, e uma ou as duas partes releva aspectos importantes de adequação ao trabalho, ambiente, chefe e cultura organizacional, logo o conflito aperta e o melhor é se interromper logo o contrato do que esticar uma inadequação que só vai piorar nos aspectos práticos e emocionais.

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Outras vezes, candidatos ansiosos por se recolocar, aceitam condições às quais não se mostraram capazes de lidar ou informam que possuem habilidades que, de fato, não têm. Por isso, cabe a você refletir o que aprendeu com essa decepção, virar a página, mas evitar que seu conteúdo impróprio volte à sua frente. Compartilhar sinceramente o que aconteceu e o que aprendeu para selecionadores em novos processos, poderá ser uma forma madura de lidar com a situação.

Boa sorte!