Não compre seus problemas

por Emilce Shrividya

Muitas vezes, o Yoga nos ensina através de histórias que nos ajudam a entender nossa mente e como deveríamos agir.

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Hoje vou lhes contar uma história de Nasrudin, que é uma figura originária do folclore turco, usada por instrutores espirituais para ilustrar as excentricidades da mente humana.

Certo dia, Nasrudin foi a um mercado de frutas e vegetais na cidade de Delhi na Índia. Ele viu muitas pessoas comprando pimentas, pois os indianos adoram pimenta e a usam em pequena quantidade na comida. Ele achou que fosse alguma guloseima e comprou dois quilos. Sentou-se embaixo de uma árvore para comê-las. Assim que mastigou a primeira pimenta, a boca começou a arder e a sair água dos olhos e nariz. Ele se assustou, abanou a boca, mas mastigou outra, achando que talvez fosse melhor.

Apesar de sofrer, ele continuou a comer mais e mais pimentas, pois tinha esperança que alguma pimenta pudesse ser melhor que a outra. Enquanto ele as mastigava sofrendo muito, um homem que o observava se aproximou e lhe perguntou o que ele estava fazendo.

Nasrudin lhe respondeu: “Vi muitas pessoas comprando esta guloseima. Comprei também e estou comendo”.  

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O homem lhe explicou:”Escute, isso não é guloseima. São pimentas. Ardem muito e devem ser comidas em pequenas quantidades nos alimentos”.

Nasrudin fez um sinal com a cabeça, mas continuou a comê-las.

O homem ficou muito surpreso e disse: “Agora que já lhe falei o que são, por que não para de comê-las?“

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Nasrudin respondeu: “Pois é… eu as comprei e agora tenho que comer todas elas. Não estou mais comendo pimentas. Estou comendo meu dinheiro”.

Muitos de nós somos como Nasrudin. Compramos nossos problemas e mesmo que os achemos ruins e ardidos como pimenta, continuamos a vivê-los, pois fizemos um investimento. Ou por que empregamos nosso dinheiro ou por que não temos coragem de mudar o que precisa ser mudado.

Ficamos apegados às coisas aos problemas, achando que amanhã se resolverão por mágica. E, às vezes, buscamos mais e mais divertimentos, mais ilusões, viagens, entretenimentos para fingir que estamos felizes. Mas, será que essa fuga nos prazeres nos trazem realmente satisfação e alegria? Ou, depois ficamos tristes, até meio deprimidos, pois tudo passa tão rápido… Sentimos um vazio e, assim,  vamos em busca de mais e mais  ilusões para fugir de nossa insatisfação, de nossos desejos reprimidos e frustrações.

O Yoga nos ensina que quanto mais perseguimos nossos desejos insatisfeitos, mais eles crescem. Sempre vamos querer mais do que possuímos. Nada nos satisfaz, porque as alegrias do mundo são passageiras e temporárias.

Muitas pessoas, ricas ou pobres, estão infelizes e não importa o quão insatisfeitas estão com suas vidas, elas não fazem nada para mudar. Continuam a fazer o que sempre fizeram. Não param para refletir como poderiam terminar com seus problemas.

Em vez disso, ficam se queixando, reclamando de tudo. Culpam suas esposas ou maridos, os filhos, o trabalho, seu chefe, o governo. Culpam o destino e lastimam sua má sorte.  
E pensam:

“Ah , eu não sofreria mais se conseguisse um emprego melhor.”

“Como eu seria feliz se alguém me amasse!”

“Eu me sentiria realizado se fizesse essa longa viagem ao exterior. Não haveria mais sofrimento na minha vida.”

“Eu seria totalmente feliz se não tivesse mais problema financeiro.”

É muito bom realizar nossos sonhos e ideais, como ter bom emprego, boa condição financeira, ter posses e viajar. É uma benção ser amado e feliz no casamento ou nos relacionamentos. Mas, se você não for feliz dentro de você mesmo, não conseguirá fazer o outro feliz e nem será feliz em sua vida amorosa ou profissional. Não sentirá alegria no seu dia a dia.

Tudo que fazemos é em busca da felicidade e de eliminar o sofrimento.  Para alcançar isso, nós estudamos, temos nosso trabalho, ganhamos dinheiro, acumulamos posses, carros, roupas, sapatos, joias e muitos objetos. Nós nos apaixonamos, casamos e temos filhos. Porém, só seremos felizes em nossas vidas, se descobrirmos a felicidade em nosso interior. Felicidade que vem de uma mente calma, pacífica e de um coração agradecido e bondoso.

Contemple as palavras do poeta Maharashtra:

Ó homem, por que você caminha sem destino pelo mundo exterior?                                              
Você foi de um lugar a outro,                                                                                                          
Apanhou flores e frutos e dedicou-se a atividades sem fim,
Mas tudo que ganhou foi exaustão.                                                                                                                       
É tempo agora de voar alto e penetrar os espaços internos infinitos.
O que você busca pode lá ser encontrado, em toda sua plenitude.

Por que as pessoas acham tão difícil voltar-se para o interior?

Por que acham difícil meditar ou relaxar?

Elas querem alegria, mas a buscam no mundo externo. Querem felicidade, mas plantam as sementes do sofrimento continuamente e ficam se  perguntando quando serão felizes.

A verdade é que sem a alegria pura do Ser interior, sem o desenvolvimento de virtudes como entusiasmo, gratidão, bondade, compaixão, aceitação, paciência, não seremos felizes, pois as alegrias mundanas nunca duram. São passageiras e temporárias.

Introspecção

Durante alguns minutos do dia volte-se para dentro, medite um pouco, relaxe e descubra a fonte de Luz do Ser interior. Sinta entusiasmo, serenidade, satisfação e permaneça nesse estado de alegria nas pequenas coisas da vida cotidiana.

Aprenda como meditar. Clique aqui no meu texto como meditar pode ser fácil e pratique!

Namaste! Deus que habita em mim saúda e agradece Deus que habita em você! Fique em paz!